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COVAXIN™ uma das promissoras vacinas indianas - 🧶

Texto: Amanda Gonzalez (facebook: amanda.gonzalez.5264)

Revisão: Mellanie F. Dutra (@mellziland) Jorge Alberto Araujo (@JorgeAraujo)
Referência da imagem: Inventiva (inventiva.co.in/trends/tamanna…).
Este mês, mais uma vacina contra o novo coronavírus iniciou seus testes em humanos: trata-se da COVAXIN™, nome comercial da vacina BBV152, produzida pela empresa Bharat Biotech em conjunto com o Conselho Indiano de Pesquisas Médicas (Indian Council of Medical Research – ICMR).
100% desenvolvida e produzida por instituições indianas, a COVAXIN™ recebeu aprovação da Controladoria-Geral de Drogas da Índia dia 29 de junho para recrutar voluntários e realizar suas fases clínicas I e II.
Porém, a possível data de conclusão dos testes causou polêmica. Segundo o diretor geral do ICMR, a intenção seria disponibilizar a vacina para a população até dia 15 de agosto deste ano [1, 2].
A BBV152 é uma vacina que contém o SARS-CoV-2 inativado, ou seja, possui partículas virais inteiras (sem atividade, como se estivessem “mortas”) que poderão estimular o sistema imune dos indivíduos sem causar infecção.
O vírus originário foi isolado de um paciente pelo Instituto Nacional de Virologia, órgão integrante do ICMR localizado na cidade de Pune, oeste da Índia [3]. As vacinas inativadas já são comercializadas há anos, sendo a vacina contra a raiva uma das mais conhecidas [4].
Contudo, isso não é garantia da total falta de efeitos adversos, visto que reações aos componentes da vacina podem acontecer, além de erros no processo de inativação (é importante que ele seja bem controlado para que não restem vírus “vivos”).
Mesmo assim, considera-se que uma vacina de vírus morto é, por princípio, menos propensa a causar danos do que uma vacina de vírus atenuado, mas também menos imunogênica (e, portanto, protetiva).
Já a vacina da gripe, por exemplo, leva o vírus Influenza inativo/morto, porém na forma de fragmentos purificados, aumentando sua segurança. Mais detalhes sobre a inativação viral e a formulação da BBV152 ainda não foram divulgados,
mas sabe-se que o método de inativação mais amplamente utilizado consiste em colocar o vírus em contato com algum reagente químico, geralmente formaldeído, formalina ou beta-propiolactona [5].
Segundo veículos de informação, testes pré-clínicos em animais mostraram que a COVAXIN™ é potencialmente segura [6], porém não houve divulgação científica desses resultados por parte dos pesquisadores.
Estes primeiros ensaios permitiram a aprovação dos testes em humanos. Inicialmente, 375 voluntários saudáveis com idade entre 18 e 55 anos irão compor a fase I de testagem, sendo divididos em 4 grupos: 3 irão receber uma das formulações da vacina (BBV152A, BBV152B ou BBV152C)
e o quarto receberá uma vacina placebo (controle). As diferenças entre as formulações não estão descritas no registro dos ensaios. Acerca do placebo, estava prevista a aplicação de uma vacina já licenciada contra o Vírus da Encefalite Japonesa (JENVAC®),
contudo o registro do teste clínico foi alterado dia 21/07 para apenas “Placebo”. O esquema de aplicação foi estabelecido em duas doses, sendo a segunda aplicada 14 dias após a primeira. A fase I foi estabelecida como “adaptativa”,
ou seja, ela tende a ser mais flexível e exploratória em seus protocolos, visando principalmente definir se a BBV152 é segura e qual sua melhor formulação [7, 8]. As primeiras doses foram aplicadas em 3 voluntários no último dia 17 [9].
A fase II incluirá mais participantes (750) e permitirá a participação de crianças (maiores de 12 anos) e de idosos (até 65 anos). A realização dos estudos de fase II será mais rígida metodologicamente,
sendo randomizada (os participantes serão escolhidos aleatoriamente para compor os grupos vacina/controle) e duplo-cega (quem recebe não sabe qual tratamento está recebendo, assim como quem aplica não sabe qual está aplicando – isso evita o famoso “efeito placebo”).
Essa fase irá esclarecer melhor se a COVAXIN™ induz uma resposta imune específica contra o vírus causador da COVID-19, além de seguir explorando a segurança (ocorrência de efeitos adversos) [7, 8].
A polêmica em torno do dia 15 de agosto partiu de uma carta enviada pela direção do ICMR para os 12 locais da Índia onde os testes clínicos serão realizados (isso define a testagem como multicêntrica – são voluntários de diversos lugares).
Nela, o diretor-geral Balram Bhargava orienta os pesquisadores a agilizar a realização dos ensaios, de forma que a vacina “seja lançada para uso em saúde pública no mais tardar dia 15 de agosto de 2020, após a conclusão de todos os testes clínicos”.
A justificativa, é claro, parte da necessidade de conter a pandemia do novo coronavírus, que tem assolado de forma importante a população indiana nas últimas semanas [1, 10].
Prazo tão curto, mesmo que com boas intenções, é irreal em termos de testagem clínica de uma nova vacina. As dificuldades começam na impossibilidade de todos os 12 locais de aplicação começarem a testar ao mesmo tempo:
metade deles ainda nem obteve a aprovação de seus comitês de ética institucionais. Também é importante ter em mente que um esquema de duas doses (uma no dia zero e outra no dia 14) demora tempo,
principalmente porque os efeitos adversos mais importantes devem ser avaliados durante 7 dias após a aplicação (14+7 = 21 dias para definir se a vacina é minimamente segura). Devemos lembrar que trata-se de um número grande de participantes, 1125,
o que demandará algum tempo de avaliação tanto dos critérios de inclusão/exclusão quanto da geração (ou não) da resposta imune [7]. E, caso gere uma boa resposta,
é preciso tempo para descobrir se ela será duradoura o suficiente. Isso sem contar que a vacina ainda deve passar pela fase III, mais complexa e demorada do que as demais.
Além da Bharat Biotech, outras 6 companhias farmacêuticas indianas estão trabalhando no desenvolvimento de vacinas contra o SARS-CoV-2 [9]. A vacina desenvolvida pela empresa Zydus Cadila, chamada ZyCoV-D, também iniciou os testes em humanos em meados de julho.
Trata-se de uma vacina de plasmídeo de DNA que visa codificar proteínas do coronavírus dentro das nossas células, a fim de “treinar” nosso sistema imune contra ele. A aprovação foi obtida após os testes pré-clínicos em animais, que alegadamente
(resultados não foram publicados ainda) induziram de forma segura a formação de anticorpos neutralizantes contra o vírus [11].
Ela será testada inicialmente em 1000 voluntários e, segundo declaração do presidente da companhia, Pankaj Patel, é possível que esteja disponível para a população nos primeiros meses de 2021 [12].
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