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A homofobia é indiscutivelmente uma justa preocupação do nosso tempo.

Mas quais são as maiores ameaças à comunidade LGBT no mundo?

E onde há mais tolerância?

Qual modelo político e econômico melhor integra as minorias sexuais?

Segue a thread:
Há 195 países no mundo. Apenas 31 permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, segundo o Pew Research Center. Míseros 15%.

1,15 bilhão de pessoas vivem em países que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo: 19% da população mundial.

pewforum.org/fact-sheet/gay…
Desses, mais da metade estão na Europa: são 19 no total. Outros 8 estão nas Américas, 2 estão na Oceania, e apenas 1 na África (África do Sul) e 1 na Ásia (Taiwan).

Todos os países listados são democracias.
Dos 31 países:

30 têm o cristianismo como principal religião (18 de maioria católica, 12 de maioria protestante). Apenas 1 é de maioria budista: Taiwan.

26 são considerados detentores de um IDH "muito alto".

25 são classificados como "economias de alta renda".
Da lista, nenhum país possui facilidade abaixo da média para fazer negócios, segundo o Banco Mundial. E apenas 4 possuem facilidade média. Outros 27 possuem facilidade alta (4) ou muito alta (23) para fazer negócios.

doingbusiness.org/en/rankings
Em resumo, os países que aceitam casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2020 são majoritariamente democracias de economia capitalista, ocidentais, de maioria cristã, seculares, com alto desenvolvimento humano e alta renda.
Na contramão, 68 países membros da ONU criminalizam relacionamentos LGBTs, segundo a International Lesbian and Gay Association - mais que o dobro dos países que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Mais de 1/3 dos países membros da ONU criminalizam a prática LGBT.
Nenhum deles está na Europa. Apenas 9 estão na América e 6 na Oceania. A vasta maioria está na África (32) e na Ásia (21).

2,02 bilhões de pessoas moram nesse momento em países onde a homossexualidade é crime, quase o dobro da população dos países que permitem o casamento LGBT.
74% das pessoas proibidas de manterem relações homossexuais moram em países de maioria islâmica. Há 1,5 bilhão de pessoas neste grupo.

Parte importante dessa população vive em teocracias. É o caso dos habitantes de Irã, Afeganistão, Arábia Saudita, Iêmen, Sudão e Mauritânia.
Dos que perseguem homossexuais, 15 países são considerados detentores de um IDH "médio" e 22 possuem um IDH "baixo".

Quase 2/3 dos países onde a homossexualidade é crime não possuem "alto" (ou "muito alto") desenvolvimento humano.
Esses países, em geral, também não possuem alta facilidade para fazer negócios.

25 possuem facilidade "média". Outros 24 possuem "baixa" facilidade.

Dos 68 países que proíbem a prática LGBT, apenas 4 possuem facilidade muito alta para fazer negócios.

doingbusiness.org/en/rankings
Além disso, 16 países são governados por regimes híbridos e 27 são regimes autoritários. Ou seja, quase 2/3 dos países que proíbem a prática LGBT não são democracias.

Quanto mais alto o nível de democracia num país, mais direitos para a população LGBT.
Em resumo, os países que perseguem homossexuais em 2020 são majoritariamente regimes não-democráticos de economia fechada, não-ocidentais, de maioria islâmica, com baixo desenvolvimento humano e renda média baixa.
Na Europa, o continente mais liberal para a comunidade LGBT, um fator chama atenção: há uma clara divisão entre os países do leste com os demais em relação à aceitação dos relacionamentos LGBT, uma nítida herança cultural homofóbica no extinto bloco socialista.
Dos 15 países que eram parte da URSS, 14 possuem índices baixíssimos de aceitação à união entre homossexuais (93%).

Dos que pertencem à Europa, estão entre os piores do continente.
Na República da Chechênia, uma pequena república de maioria muçulmana, parte da Federação da Rússia, há nesse momento os únicos campos de concentração em atividade na Europa: construídos para aprisionar LGBTs.

bbc.com/portuguese/int…
Ramzan Kadyrov, presidente da Chechênia, ironiza as acusações:

"Isso não faz sentido. Nós não temos esse tipo de pessoa aqui. Não temos homossexuais. Se houver, leve-os para o Canadá. Leve-os para longe de nós, para não tê-los em casa."

washingtonpost.com/news/worldview…
No mês passado, a HBO lançou o documentário “Bem-vindo à Chechênia: por dentro da guerra mortal da república russa contra os gays”.

Há denúncias de “tortura, desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais" contra LGBTs na região.

A homofobia na região é generalizada.

A maioria dos russos (63% da população) acredita que os gays estão conspirando para “destruir” os valores do país. Além disso, 1 em cada 5 russos gostariam de "eliminar" gays e lésbicas da sociedade.

nbcnews.com/feature/nbc-ou…
Ter nascido no período soviético é um agravante para a homofobia.

O perfil entre 45 e 59 anos é o mais homofóbico do país. O perfil entre 18 e 24 anos, nascidos após a dissolução da URSS, é o mais tolerante.

nbcnews.com/feature/nbc-ou…
Muitos ativistas políticos do Ocidente - expostos a um ambiente de profunda liberdade de expressão e de manifestação, autorizados legalmente a constituir organizações, partidos, marcas e eventos para a comunidade LGBT…
… com acesso a uma legislação que não apenas não aprisiona homossexuais, como frequentemente permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo; em países onde não há oposição legal à produção de filmes, livros e músicas de temática LGBT, propulsores do orgulho gay...
... onde crimes de homofobia são denunciados em cortes independentes, com ampla cobertura da imprensa; com espaço em redes sociais para defender seus pontos de vista e apoio das principais marcas das mais diversas indústrias, inseridas numa cultura publicitária gay-friendly…
... vivem em bolhas ideológicas que aprisionam e distorcem a realidade, não raramente abraçando grupos políticos explicitamente homofóbicos supostamente em defesa da própria comunidade LGBT, e rejeitando as instituições que permitiram uma revolução sexual no último século.
Mas os melhores instrumentos para condenar a homofobia e integrar as minorias sexuais permanecem aqueles dos países que permitiram a ascensão de artistas como Cher, Beyoncé, Elton John e RuPaul: a democracia, a liberdade de expressão, o Estado de direito e a economia de mercado.
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