A misoginia é o preconceito mais característico do bolsolavismo
[thread por @apyus]
Era o segundo dia dos pais com o país sob o comando do governo Bolsonaro. No Twitter, a conta oficial do Planalto celebrou a data com uma breve mensagem que, como apontou a jornalista Carla Vilhena, resultava de uma porção de decisões questionáveis.
Porque pregava contra o isolamento social numa crise sanitária com mais de cem mil conterrâneos mortos. Porque mais uma vez ignorava o laicismo do Estado brasileiro. E principalmente por se tratar de uma descabida provocação às mães.
O Brasil é um país em que praticamente metade das famílias é chefiada por mulheres, uma fatia que chega à maioria junto à população negra. blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/m…
No mercado de trabalho, contudo, no que se tornam chefes, as brasileiras chegam a ganhar um terço do que os homens recebem exercendo a mesma função. www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/0…
E esse nem é o dado mais alarmante. Praticamente todas já sofreram algum tipo de assédio no transporte público ou privado. g1.globo.com/sp/sao-paulo/n…
E a taxa dos homicídios motivados pelo fato de a vítima ser mulher assusta até mesmo a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos. oglobo.globo.com/sociedade/comi…
É inútil esperar que a situação melhore com o país aos cuidados de um ex-deputado federal descrito por uma das ex-mulheres como “um pouco machista e um pouco autoritário”. oantagonista.com/brasil/ele-e-u…
Alguém que, mesmo forjando uma nova versão “paz & amor” de si, ainda insiste que trazer filhas ao mundo seria um sinal de fraqueza do homem. oantagonista.com/brasil/tres-fr…
Que, ao participar de um evento voltado a “homens destemidos, corajosos e honrados“, tentava convencer o mundo do que, resta evidente, não é. oglobo.globo.com/brasil/bolsona…
E que vive a ser retratado por bajuladores com músculos de uma definição inexistente pois, como se sabe, o suposto histórico de atleta só tem conseguido produzir flexões de pescoço. www1.folha.uol.com.br/colunas/antoni…
Por isso, não é de se estranhar quando o presidente da República se elege por um partido que burlou a cota de candidaturas femininas sob a justificativa de que política “não é muito da mulher“. www1.folha.uol.com.br/poder/2019/02/…
Quando nomeia para a Educação um ministro que já havia dado declarações minimizando um caso de feminicídio. extra.globo.com/noticias/novo-…
...mas não tarda a prestar solidariedade à família de um apoiador que se suicidou logo após agredir a namorada ao ponto de a jovem se internar num hospital por 12 dias. veja.abril.com.br/politica/quem-…
Ou quando lega ao mundo alguém como Eduardo Bolsonaro.
O Zero Três já chamou de porca uma deputada que se descobriu infectada pelo novo coronavírus... epoca.globo.com/guilherme-amad…
...e deu uma “banana” na Câmara Federal a deputadas que defendiam uma jornalista atingida por linchamentos virtuais. Protagonizou o gesto à frente de uma bancada feminina que ali validava a misoginia do ato. politica.estadao.com.br/noticias/geral…
A imagem até lembra o escudo humano formado em 2017 pelas esposas dos policiais capixabas. Mas mais ainda o uso que Bolsonaro faz da amizade de Hélio Lopes... www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017…
...que aceitou blindar o amigo “da pecha de racista” em troca do sobrenome que fez dele o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro. istoe.com.br/a-sombra-de-ja…
Sim, há mulheres comandando ministérios no governo Bolsonaro. Mais especificamente, duas.
Tereza Cristina, uma indicação dos ruralistas à pasta da Agricultura, e Damares Alves, até porque daria uma confusão dos diabos colocar um homem à frente do Ministério da Mulher. g1.globo.com/politica/notic…
Mesmo assim, a ministra já provocou uma polêmica para lá de desnecessária ao defender que mulheres deveriam ser identificadas pela cor rosa... oglobo.globo.com/sociedade/meni…
Mas nem tanto assim. Ao final do primeiro ano de mandato, dentre os 22 ministros, Damares só não fora menos prestigiada na agenda presidencial do que o presidente do Banco Central. g1.globo.com/politica/notic…
O mais triste, contudo, é constatar como a misoginia se tornou agenda de governo. Em 2019, na véspera do Dia Internacional da Mulher, Bolsonaro ironizou o fato de o Banco do Brasil tornar obrigatório um curso contra assédio moral e sexual. oglobo.globo.com/sociedade/bols…
Ao término do primeiro ano de mandato, o Governo Federal não havia repassado um único centavo ao principal programa de combate à violência contra a mulher. brasil.estadao.com.br/noticias/geral…
Em paralelo, atacava a Lei Maria da Penha enquanto defendia o porte de arma como uma alternativa mais eficaz... oantagonista.com/brasil/algumas…
...mesmo sendo de pleno conhecimento o risco de a medida ampliar o total de feminicídios. uol.com.br/universa/notic…
Na Organização das Nações Unidas, o Brasil vetou um projeto que garantia acesso universal à educação sexual como forma de prevenir violência contra garotas. noticias.uol.com.br/colunas/jamil-…
E criou empecilhos na aprovação de um texto proposto por países africanos contra a mutilação genital feminina. brasil.elpais.com/brasil/2020-07…
Quando a ONU votou o relatório do Conselho de Direitos Humanos sobre discriminação contra mulheres, o governo Bolsonaro simplesmente se absteve. www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/…
Agora, durante a pandemia, o presidente vetou integralmente um projeto que priorizava o pagamento de auxílio emergencial a mulheres que chefiam famílias. O que remete a “homenagem” do dia dos pais. g1.globo.com/politica/notic…
Ou a 2017, quando Ives Gandra Filho, ainda cotado para uma vaga no STF, causou polêmica por um artigo publicado 5 anos antes. epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia…
O texto versava sobre direito natural, uma teoria que serve de base tanto ao pensamento conservador como à Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Em dado momento, sem contestar, o autor comenta que “o princípio da autoridade na família está ordenado de tal forma que os filhos obedeçam aos pais e a mulher ao marido”.
Gandra Filho findou perdendo a vaga do STF para Alexandre de Moraes.
Gandra “pai”, seis dias após Bolsonaro se decidir por uma intervenção militar no STF, participou de uma live sobre a “aplicação pontual do 142“, o artigo da Constituição deturpado por dez entre dez golpistas. congressoemfoco.uol.com.br/governo/bolson…
Quando o Planalto aproveita o dia dos pais para celebrar os “chefes de família”, está menos cometendo uma escolha infeliz de palavras, e mais referenciando a leitura seletiva que os reacionários fazem do direito natural.
Ou seja, à ideia de que a mulher deve obediência ao marido, mesmo que metade das famílias finde aqui chefiada por mulheres.
Por aqui, de uma lista gigante de transtornos, o povo brasileiro está sendo convocado a pagar R$ 15 milhões pela misoginia vomitada por Bolsonaro. oantagonista.com/brasil/mpf-cob…
Mas, se o Governo Federal se ausenta, o jornalismo marca presença. Não por acaso, mulheres estavam na autoria de boa parte das perguntas que fizeram Bolsonaro fugir de coletivas. brpolitico.com.br/noticias/da-ve…
Não por acaso, os linchamentos virtuais tocados por milicianos digitais se focam nas jornalistas que cobrem a política nacional. De forma que o trabalho delas tem se destacado mesmo numa das páginas mais infelizes de nossa história. revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mu…
Patrícia Campos Melo, que virou alvo de ataques abjetos vindo até do presidente da República, lançou um livro sobre o que batizou no título de Máquina do Ódio. www1.folha.uol.com.br/colunas/monica…
Ainda que tenha encontrado na atual gestão um ambiente amigável, o fenômeno não é novo, nem exclusivo do Brasil. Mas “dar nome ao que acontece é o primeiro passo para combater o problema“.
As aspas foram pronunciadas pela cantora Anitta em Eleitas, série que explica o que é violência política de gênero. E, em respeito ao lugar de fala delas, essa coluna se encerra com um convite para que tal conteúdo seja prestigiado no YouTube.
Aos apoiadores de Bolsonaro interessa apenas a destruição de inimigos
[thread @apyus]
‘Brasileiro vota em corrupto, mas não vota em candidato apático‘. A licença poética reside na menção à apatia, aqui explorada para evitar o palavrão proferido na reta final do primeiro turno da eleição presidencial de 2018.
Lançado por um futuro ex-amigo que costumava admirar a força com que Aaron Sorkin desenvolvia dilemas éticos em obras para a TV e cinema, o argumento tentava me convencer de que Jair Bolsonaro seria imbatível na disputa.
Por que Jair Bolsonaro não sofreu impeachment — ainda
[thread atualizada por @apyus]
Há quem se diga contra o impeachment de Jair Bolsonaro alegando não haver voto suficiente para o processo prosperar.
Mas não havia voto suficiente para o impeachment de Dilma Rousseff quando, em 2 de dezembro de 2015, Eduardo Cunha aceitou um dos pedidos protocolados contra a presidente da República. g1.globo.com/politica/notic…
Um grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo
[thread atualizada por @apyus]
O Código Penal brasileiro foi promulgado em 3 de outubro de 1941. Assinado por Getúlio Vargas, o texto permitia no artigo 393 a execução de pena mesmo para condenados em primeira instância. planalto.gov.br/ccivil_03/decr….
Em 1973, contudo, a lei iria atingir Sérgio Paranhos Fleury, delegado que liderava a repressão do DOPS no período mais sangrento da ditadura militar, e que estava prestes a ser julgado por envolvimento com esquadrões da morte. memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-…
Como o lavajatismo interferiu nas eleições de 2014 e 2018
[thread atualizada por @apyus]
Em 2004, o número 26 da revista do Centro de Estudos Judiciários trouxe, na página 56, um breve artigo assinado por Sergio Fernando Moro, um juiz federal de Curitiba que completaria 32 anos naquele quarto bimestre. conjur.com.br/dl/artigo-moro…
Intitulado “Considerações sobre a operação Mani Pulite“, o texto defendia as delações premiadas, as prisões pré-julgamento, e o ativismo de uma jovem geração de juízes italianos que “atacava” desde os anos oitenta.
Até então, a expressão só havia aparecido no Twitter cinco anos antes, quando a jornalista Miriam Leitão cobrou em coluna que o governo Dilma fosse o mais correto possível no pagamento das pedaladas fiscais.
A Saúde no governo de Jair Bolsonaro
[thread atualizada por @apyus]
Antes de substituir Luiz Henrique Mandetta como ministro da Saúde, e de ser substituído por Eduardo Pazuello, Nelson Teich atuou como consultor informal da campanha presidencial de Jair Bolsonaro. g1.globo.com/politica/notic…
É de se concluir, portanto, que tenha acompanhado a formulação de algumas propostas do candidato, como o credenciamento universal de médicos, a carreira de Estado para a categoria, ou a promessa genérica de fazer “muito mais” com os mesmos recursos. g1.globo.com/politica/eleic…