1/4 Quem já leu sobre design de estudos científicos deve saber que randomizar (aleatorizar) quem vai receber a intervenção é bastante importante. Com base nisso, João colocou uma venda e pegou 5 ratos para dar o tratamento e deixou os outros 5 na gaiola. Aleatório, certo? Não!
2/4 É possível que os ratos mais fáceis de pegar, por alguém que está vendado, sejam justamente ratos mais velhos, ou mais fracos, ou doentes ou qualquer coisa desse tipo. No final das contas, a intervenção poderia passar a impressão de estar fazendo mal ou ñ ter efeito, quando
3/4 na verdade se tratou de viés de seleção. Um outro problema é permitir que as pessoas escolham se irão participar ou não do tratamento. Pode ocorrer de apenas pessoas em estado de vida ou morte queiram se arriscar com o tratamento novo, pessoas que já iriam morrer. No entanto,
4/4 os dados podem passar a impressão que o tratamento é ruim, já que morreu mais gente no grupo que recebeu o tratamento do que no grupo de controle. Enfim, a mensagem é que é importante tomar cuidado com viés de seleção e, se possível, randomizar o tratamento 😉
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
1/17 Prontos p/ mais um fio de #causalidade, #vieses e #guerra? Hoje vou contar p/ vocês a história de John Kragh, um cirurgião do exército americano, q ficou conhecido como “O cara do Torniquete”. P/ quem ñ conhece, o torniquete é um dispositivo qualquer utilizado para conter
2/17 hemorragias. Imagine q você teve um corte fundo no antebraço, e está sangrando muito! Um exemplo de torniquete seria amarrar algo acima do cotovelo para conter o fluxo sanguíneo e impedir q você morra por causa da hemorragia. Como esse tipo de episódio ñ é comum no nosso
3/17 dia a dia, ñ é comum vermos torniquetes sendo utilizados. Uma outra razão é q torniquetes ñ são recomendados, só é p/ utilizar em última instância! P q? Pela facilidade com q outros danos possam ocorrer, como necrose e perda do membro. Outras práticas são preferíveis. Certo
1/10 Já ouviu falar de viés de sobrevivência? Se já ouviu, muito provavelmente conheceu o conceito acompanhado da imagem abaixo. Durante a 2a Guerra Mundial, um estatístico chamado Abraham Wald recomendou reforço nas áreas com menos marcas de tiro nas aeronaves q retornavam do
2/10 combate. Talvez vc teria recomendado diferente. Isto é, reforçar as partes q estavam danificadas por muitos tiros. Qual o pulo do gato aqui? Se nenhuma aeronave retornava com tiros em uma região, é porque tiros naquela região tinham maior chance de abater a aeronave. Observe
3/10 q na imagem ñ há marcas de tiro onde o piloto fica ou nos motores. Adivinha, por ex, o q acontece se você destruir a cabine do piloto?😅 P/ quem gosta de DAGs, esse caso seria apresentado como na figura abaixo. Como apenas as aeronaves q retornavam eram analisadas, é como
1/8 Carl Sagan disse que "Não quero acreditar, quero saber", e estou junto a ele nesse desejo. No entanto, é fácil perceber como esse raciocínio pode passar uma ideia bem diferente para quem ñ tem treinamento científico. A ciência é um exercício de acreditar, seja nos resultados
2/8 dos estudos de outros autores, em pressupostos não verificáveis, ou mesmo na ausência de vieses de nossa parte. Não é uma crença cega, sem fundamento ou movida por emoções, isso sem chance de dúvidas não é (ou ao menos a ciência bem feita não é), mas depende de crença. Quem
3/8 é cientista sabe do que estou falando, mas com certeza para alguns pareceu nebuloso o que disse acima. Portanto, vamos a um exemplo. Imagine que você coletou alguns dados e fez algumas análises de estatística descritiva para checar algumas coisas. Você percebe que esses dados
1/11 Após escrever esse tweet, peguei-me pensando sobre muitas pessoas de fora da academia ñ saberem o q significa crença dentro da ciência. Isso me lembrou inclusive de um episódio do #SciCast (@PortalDeviante) que gravei há alguns meses onde brincávamos q iríamos falar sobre
2/11 crença, e o uso de um teorema matemático q usa crença para validar a hipótese de Jesus ter ressuscitado. Estou falando do Teorema de Bayes. Se quiser saber mais, recomendo ouvir o episódio! Ficou super legal. Se acha q estou brincando sobre a palavra deviante.com.br/podcasts/scica…
3/11 crença, trago aqui um print da página da Wikipédia. E digo mais, vai além disso! Em várias metodologias científicas nós utilizamos de pressupostos. Alguns pressupostos podem ser checados, de modo a identificar violações. Outros, NÃO. Ou seja, vai na base da fé. Por exemplo,
1/4 O cidadão liga para a assistência técnica de seu carro e conta a seguinte história pitoresca: Sempre que vou tomar sorvete de creme na sorveteria, meu carro tem dificuldade de ligar quando vou embora. O curioso é que se eu escolho qualquer outro sabor, o carro funciona normal
2/4 Já tentei vários sabores e o carro funciona normal, mas se eu escolho o bendito creme... Tenho dificuldade em fazer o carro ligar. O carro não gosta de sorvete de creme? 🤣 Quem me segue já está cansado da velha máxima, né? "Correlação não implica em causalidade". Após
3/4 investigação, os técnicos descobriram que havia uma peça superaquecendo. O sorvete de creme é o que mais saía, tinha um fluxo diferente. Imediatamente se recebia o sorvete após pagar, e a peça ainda estava quente. Os outros sabores demoravam mais para sair e era o tempo
É possível que tenhamos hoje o anúncio de uma das maiores evidências já obtidas por cientistas sobre vida em outro planeta. O curioso é que, se de fato for comprovado, esteve pertinho de nós o tempo inteiro. É no planeta que passa mais pertinho de nós, inclusive.