Não me parece suficiente para dizer que acaba com a ideia de subdiagnóstico.
Vou responder aqui pois não cabe em um tweet.
Estamos contando mortes demais por COVID-19?
Num gráfico assim pode parecer que sim, mas sempre acho melhor ter cautela antes de concluir.
O registro civil tem atrasos importantes que chegam a meses em alguns estados. Em outros não é confiável. Idealmente ARPEN e DATASUS seriam iguais, como no RJ abaixo. Vários tem problemas de subcontagem na ARPEN, BH é o pior lugar, ver figura.
Fonte: princeton.edu/~fujiwara/pape…
Se o número de casos tem atraso, o excesso (casos 2020 - 2019) tem o erro exacerbado por isso.
Exemplo, se 2019 tem 100000 óbitos, 2020 tem 110000, mas tem 5% atrasado o excesso cai de 10 mil para 4,5 mil. Se tínhamos 6 mil COVID-19 a relação vai de 0,6 para 1,33.
Uma evidência de que o atraso é importante é visível analisando a relação Óbitos COVID-19/Excesso por mês, quanto mais o tempo passa menor o efeito do atraso.
Graficamente fica claro que demora.
Outra evidência de que o atraso é algo importante pode ser vista em uma análise de 3 semanas atras.
Julho tinha uma relação de 3,5 que já caiu para 2,1. Talvez em mais 3 ou 4 meses esteja próxima ou abaixo de 1, como outros países.
Não tenho certeza de que o atraso justifica tudo, prefiro linguagem mais cautelosa, precisamos de mais tempo para concluir com certeza.
Expressões como "acaba com a ideia" usando uma análise interina é concluir mais do que o dado permite.
Eu ainda tenho dúvidas e não certezas.
Usei como fontes o registro civil para excessos e o brasil.io para óbitos. Como os atrasos são diferentes entre bases de dados, isso pode gerar ainda mais ruído nas análises e diferenças quando comparado a análises de outras pessoas.
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Ao menos em SP a piora da situação da covid-19 esta ficando bastante clara. Aumento consistente nas internações chegando ao maior numero de *novas* internações desde Outubro.
Os números sao muito menores que nos piores momentos de 20 e 21, mas o que importa é a direção.
Nesta intensidade de aumento, mais de 30% em 2 semanas, o impacto pode se tornar importante.
Ano passado quando esta tendência foi identificada muitos chamaram de fake news, durou duas semanas para ficar claro o problema.
E antes que a discussão seja “agora é mais leve” estes números sao novas *internações*, não casos. Caso leve não interna.
Depois de 2 semanas temos dados da Omicron que sao menos especulativos e ja da para dizer alguma coisa.
Um pouco sobre a minha interpretacao do que importa ou nao.
A variante B.1.1.529 ou Omicron foi encontrada na africa e esta se tornando predominante por la. Ja foi identificada em varios outros paises.
O que importa: 1. Infecta / Transmite mais? 2. Mais grave / interna / morre mais? 3. "Escapa" da imunidade anterior (vacina ou natural)?
Como quantificar o impacto da COVID-19 em mortes? Vários dados tem sido utilizados, mas em demografia a expectativa de vida é um dos mais utilizados.
Estudo recente publicado no international journal of epidemiology fez uma análise em 29 países (academic.oup.com/ije/advance-ar…)
Como esperado, o impacto foi muito grande e foi muito variado entre os países.
Na ilustração abaixo a expectativa de vida ao nascer (esquerda) e aos 60 anos de idade (direita), para mulheres e homens.
Em muitos paises voltamos a expectativa de vida de antes de 2015.
Mais interessante é a mudança em 2020 quando comparada a média 2015 a 2019.
O ganho médio era de 0,2 a 0,3 por ano.
Países com bom controle da pandemia (topo da figura) mantiveram a tendência.
Os da parte inferior chegaram a perder quase 2 anos de expectativa de vida (EUA).
O padrão de aumento da mortalidade para COVID no leste europeu com a chegada do outono tem sido bastante preocupante.
O aumento é consistente em vários países da região e continua aumentando em quase todos eles.
Em alguns a mortalidade ja se compara aos piores momentos dos picos anteriores, enquanto que em outros ainda é um aumento mais comedido.
Com certeza um fator de destaque da região é que a taxa de vacinação da maioria é relativamente baixa, apesar de passar de 60% em alguns paises.
Hoje ficou com imensa vergonha do vigilância epidemiológica do estado de são paulo.
Minha paciente de 83 anos com um TEP relacionado a vacina da AZ. documentado. 1. Quase impossível notificar. Péssimo serviço. 2. O CVE acha que tem que dar a 2a dose.
É muita falta de experiência clínica expor novamente a paciente a algo que pode ter levado a um evento potencialmente fatal por incerteza do vínculo epidemiológico completo.
O PRIMEIRO PRINCÍPIO DA MEDICINA é “não faça o mal”.
Uma dose, uma paciente, por que é tão difícil?
Que puder por favor ajude a divulgar e compartilhar, quem sabe pressão social da um pouco de bom senso a esses malucos.
É óbvio que a única alternativa da paciente é ficar com vacinação incompleta aos 83 anos, ou alguém tomaria novamente algo que pode matar? @jdoriajr