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Sep 12, 2020 13 tweets 8 min read Read on X
Sou fã incondicional da música dos anos 80 - década em que o brega virou tendência, os sintetizadores ocuparam o lugar das guitarras e a bateria era de mentirinha.

Mas faço essa thread aleatória para falar de 1991, um marco absoluto da história do rock, em 10 pontos 📀🎸🎵:
1) Primeiro, o lado dramático: 1991 viu o último grande álbum de 1 gigante do rock clássico, Queen.

As maiores bandas dos anos 70 não sobreviveram à "década perdida".

Com Innuendo, Queen conseguiu 1 disco acima da média para a época.

E Freddie morreria em novembro daquele ano.
2) 1991 também foi o canto do cisne para o rock progressivo. Genesis, que passou por várias mutações depois da saída de Peter Gabriel, lança seu último disco c/Phil Collins.

Com sólida carreira solo entre o pop e o jazz, o baterista-vocalista tinha ficado maior que a banda.
3) 1991 foi o ano em que o metal virou mainstream.

O Metallica ganhou o grande público com seu "Black Album" - o disco de uma banda de heavy metal mais vendido da história.

Nothing Else Matters virou um clássico do rock orquestrado.

E a cascavel libertária conquistou o 🌎.
4) Menções honrosas do pop-metal vão para "Winds of Change" (Scorpions), "More Than Words" (Extreme) e "To Be With You" (Mr. Big).

As 2 primeiras foram lançadas em 90, mas arrebentaram em 91. O hino romântico do Mr. Big fechou o ano.

Winds é o símbolo do fim da Guerra Fria.
5) 1991 foi o ano em que o rock voltou às raízes. O grunge foi, para a nova década, o que o punk significou para o fim dos anos 70.

Nirvana, c/seu Nevermind, tornou-se a banda mais importante dos anos 90.

O rock sofisticado e sintético dava lugar à sonoridade crua de 🥁🎸🗣️
6) 1991 também consolidou a hegemonia das bandas grunge de Seattle no mercado fonográfico.

Ao lado de "Come As You Are" e "Smells Like Teen Spirit", temos clássicos como "Man in the Box" (Alice in Chains), "Rusty Cage" (Soundgarden) e "Alive", "Even Flow" e "Jeremy" (Pearl Jam).
7) E o que seria do rock alternativo se não fosse o disco mais famoso do Red Hot Chili Peppers, Blood Sugar Sex Magik?

Apesar de ser o 5º álbum da banda californiana, foi o que a colocou no mainstream.

"Give It Away" e "Under The Bridge" seguem como 2 de suas músicas + tocadas.
8) Outro que firmou o rock alternativo no mainstream foi Out of Time, do REM. "Losing My Religion" e "Shiny Happy People" são clássicos.

A essa altura, é impossível não falar da importância da MTV na música da década. Os clipes se tornavam tão essenciais quanto a própria música.
9) Falando em MTV, o canal inaugurou um subgênero musical com o lançamento da série Unplugged.

As 1as experiências foram em 1989, mas só em 1991, c/Paul McCartney, que acústicos se popularizaram.

No ano seguinte, Eric Clapton lançaria o acústico definitivo da história do rock.
10) Não posso deixar de mencionar 3 discos que me marcaram. Aos 8 anos, estava começando me encantar por música.

Roxette e Simply Red animavam as baladinhas juvenis (e as trilhas de novelas da Globo).

Dangerous, com "Black or White", fez de Michael Jackson o maior do mundo.
11) Cometi 2 pecados e preciso me retratar: 1991 foi o ano de Achtung Baby, que é geralmente considerado o melhor do U2 (não é o meu favorito) e Use Your Illusion I e II, do Guns 'N' Roses. Ambas as bandas arrebentaram na década anterior, mas seguiram firmes na era da MTV.
Esqueci mais alguma coisa? Dos álbuns que mencionei, quais são seus favoritos?

Em breve, farei thread semelhante sobre 1991 no 🇧🇷. Não tivemos grunge e o rock nacional deu lugar ao sertanejo, como já lamentaram @LuluSantos e @lobaoeletrico.

E as novelas seguiram ditando a moda.

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Apr 8
Muita gente negando que o titio @elonmusk seja de extrema direita. "Ele só está defendendo a liberdade de expressão!", dizem.

Não é sobre liberdade, mas sobre ideologia. Nesse campo, Musk vem jogando pela direita de maneira cada vez mais aberta. Vamos falar disso em 10 exemplos?
O mito da liberdade de expressão já foi elegantemente derrubado por esse fio do @XadrezVerbal e outros tantos que comentaram sobre as inconsistências do dono do antigo Twitter.

1. Ainda em 2020, Musk fez um tweet jocoso sobre o golpe que destituiu Evo Morales na Bolívia. "Vamos dar golpe em quem a gente quiser! Lidem com isso", disse o dono da Tesla. O posicionamento foi entendido como legitimação de intervenção estrangeira por recursos (no caso, lítio) Image
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Sep 20, 2023
Acabei de ouvir o discurso de Lula na ONU. Li mais cedo, meio correndo, mas agora posso comentá-lo com calma.

A impressão geral é uma só: foi um ótimo discurso, de estadista. Há muito tempo um presidente brasileiro não se posicionava tão claramente diante dos problemas globais.
1. E, vejam, não estou falando somente das falas constrangedoras (e muitas vezes mentirosas) de Bolsonaro.

Temer, e sobretudo Dilma, fizeram discursos acanhados, voltados para questões domésticas, sem oferecer uma leitura sofisticada da ordem global - e das posições brasileiras.
2. O discurso de Lula se organizou em 4 eixos. O primeiro, e mais importante, foi um diagnóstico dos problemas do mundo a partir da dimensão da desigualdade.

Na visão do 🇧🇷, a raiz de muitos conflitos e tragédias está na disparidade de renda e oportunidades. E faz sentido.
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Apr 18, 2023
Sobre as recentes polêmicas de Lula a respeito da guerra na Ucrânia, vou tentar organizar um pouco a bagunça.

Um resumo do fio a seguir: o Brasil acerta nas ações, erra no discurso e, com a visita de Lavrov, se coloca (involuntariamente) numa posição complicada.

Venha comigo 👇🏼
1. Política externa sempre foi uma força de Lula como presidente: sua reputação está muito ligada à imagem que construiu em seus anos de governo.

Mas 20 anos atrás, o Brasil e o mundo eram muito diferentes. Eram desafios de outra ordem, que não exigiam que o país tomasse lados.
2. A visão brasileira era clara: a hegemonia americana era insustentável e o futuro era multipolar. O grande ativo brasileiro era saber transitar bem entre ricos e pobres, grandes e pequenos.

Nossa posição irritava, mas não antagonizava os EUA. As relações foram boas, no geral.
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Feb 4, 2023
DESABAFOS DA VIDA DIGITAL-ACADÊMICA

Quando decidi entrar pro Twitter e produzir conteúdo por aqui, em 2018, temia o julgamento de colegas acadêmicos.

Muitos acham a divulgação científica uma atividade menor, incompatível com o rigor metodológico e a complexidade dos fenômenos.
Não é verdade, claro, mas acho que explica pq parte da comunidade científica não se engaja na comunicação mais ampla com a sociedade.

Há outros fatores. Na universidade, são poucos os incentivos para atividades além de ensino e pesquisa. Zero remuneração e pouco reconhecimento.
Dar entrevistas, escrever artigos para jornal, postar nas redes sociais, oferecer cursos de extensão: tudo isso demanda uma quantidade de tempo e esforço que quase sempre vem em prejuízo da pesquisa (ou da qualidade de vida).

E entra no rodapé do Currículo Lattes, se entrar.
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Feb 3, 2023
Gosto muito do @gabeiracombr, mas seu artigo revela enorme desconhecimento do que vem sendo produzido no Brasil sobre a extrema direita.

São pelo menos 4 anos de muita gente boa fazendo pesquisa, reflexão, produção acadêmica e divulgação científica. Nisso incluo o @oedbrasil.
Só para deixar registrado, já que muita gente reagiu ao tweet original. Esses são livros de pesquisadores do @oedbrasil: @odiloncaldeira @leandropgon @JpZuquete @michel_gherman
Só a @EstherSolanoG organizou três livros sobre o assunto, com participação de outros pesquisadores do Observatório:
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Feb 2, 2023
Muita gente não entendeu a proposta de Lula de criar um órgão para promover a paz entre Rússia e Ucrânia.

"A ONU já existe!", "isso nunca vai funcionar!", disseram os críticos quando a iniciativa foi aventada, na visita do chanceler Olaf Scholz.

O que Lula quer com essa ideia?
1. Lula entende que tem 4 anos para deixar um grande legado ao país. Ou legados, quem sabe.

O caminho + seguro é o da política externa. Diante de um país dividido, a diplomacia presidencial torna-se instrumento poderoso de legitimidade.

E o melhor: depende pouco do Congresso.
2. Ao assumir em 2003, Lula tinha minoria legislativa e governabilidade frágil. Naquele ano, visitou 30 países. Era tão querido dentro quanto fora do 🇧🇷.

Bolsonaro fez coisa parecida. Em 2019, sem maioria, fez uma agenda externa focada na guerra cultural de Trump e Netanyahu.
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