📝 Cientista político (prof @FGV_EAESP)
🗣️ Política externa/movimentos de extrema direita (coord @oedbrasil)
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🤫 Opiniões pessoais
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Apr 8 • 21 tweets • 7 min read
Muita gente negando que o titio @elonmusk seja de extrema direita. "Ele só está defendendo a liberdade de expressão!", dizem.
Não é sobre liberdade, mas sobre ideologia. Nesse campo, Musk vem jogando pela direita de maneira cada vez mais aberta. Vamos falar disso em 10 exemplos?
O mito da liberdade de expressão já foi elegantemente derrubado por esse fio do @XadrezVerbal e outros tantos que comentaram sobre as inconsistências do dono do antigo Twitter.
Acabei de ouvir o discurso de Lula na ONU. Li mais cedo, meio correndo, mas agora posso comentá-lo com calma.
A impressão geral é uma só: foi um ótimo discurso, de estadista. Há muito tempo um presidente brasileiro não se posicionava tão claramente diante dos problemas globais.
1. E, vejam, não estou falando somente das falas constrangedoras (e muitas vezes mentirosas) de Bolsonaro.
Temer, e sobretudo Dilma, fizeram discursos acanhados, voltados para questões domésticas, sem oferecer uma leitura sofisticada da ordem global - e das posições brasileiras.
Apr 18, 2023 • 24 tweets • 5 min read
Sobre as recentes polêmicas de Lula a respeito da guerra na Ucrânia, vou tentar organizar um pouco a bagunça.
Um resumo do fio a seguir: o Brasil acerta nas ações, erra no discurso e, com a visita de Lavrov, se coloca (involuntariamente) numa posição complicada.
Venha comigo 👇🏼
1. Política externa sempre foi uma força de Lula como presidente: sua reputação está muito ligada à imagem que construiu em seus anos de governo.
Mas 20 anos atrás, o Brasil e o mundo eram muito diferentes. Eram desafios de outra ordem, que não exigiam que o país tomasse lados.
Feb 4, 2023 • 8 tweets • 2 min read
DESABAFOS DA VIDA DIGITAL-ACADÊMICA
Quando decidi entrar pro Twitter e produzir conteúdo por aqui, em 2018, temia o julgamento de colegas acadêmicos.
Muitos acham a divulgação científica uma atividade menor, incompatível com o rigor metodológico e a complexidade dos fenômenos.
Não é verdade, claro, mas acho que explica pq parte da comunidade científica não se engaja na comunicação mais ampla com a sociedade.
Há outros fatores. Na universidade, são poucos os incentivos para atividades além de ensino e pesquisa. Zero remuneração e pouco reconhecimento.
Feb 3, 2023 • 7 tweets • 8 min read
Gosto muito do @gabeiracombr, mas seu artigo revela enorme desconhecimento do que vem sendo produzido no Brasil sobre a extrema direita.
São pelo menos 4 anos de muita gente boa fazendo pesquisa, reflexão, produção acadêmica e divulgação científica. Nisso incluo o @oedbrasil.
Só para deixar registrado, já que muita gente reagiu ao tweet original. Esses são livros de pesquisadores do @oedbrasil: @odiloncaldeira@leandropgon@JpZuquete@michel_gherman
Feb 2, 2023 • 12 tweets • 5 min read
Muita gente não entendeu a proposta de Lula de criar um órgão para promover a paz entre Rússia e Ucrânia.
"A ONU já existe!", "isso nunca vai funcionar!", disseram os críticos quando a iniciativa foi aventada, na visita do chanceler Olaf Scholz.
O que Lula quer com essa ideia? 1. Lula entende que tem 4 anos para deixar um grande legado ao país. Ou legados, quem sabe.
O caminho + seguro é o da política externa. Diante de um país dividido, a diplomacia presidencial torna-se instrumento poderoso de legitimidade.
E o melhor: depende pouco do Congresso.
Jan 22, 2023 • 15 tweets • 7 min read
Correram o mundo fotos chocantes da situação do povo ianomâmi, no norte da Amazônia.
Crianças e adultos subnutridos e desenganados, vítimas do descaso das autoridades.
A tragédia ianomâmi já estava anunciada. No fio, tentarei explicar esse quadro de sofrimento inconcebível: 1. A explicação mais óbvia para a crise sanitária e humanitária dos ianomâmi remete a 3 elementos do governo Bolsonaro:
- A expansão/legitimação do garimpo predatório;
- A militarização das políticas públicas (inclusive sanitária);
- A total ausência de políticas indigenistas;
Dec 4, 2022 • 13 tweets • 5 min read
Lula já decidiu quem será o próximo chanceler: Mauro Vieira. É um grande diplomata, experiente, mas traz a sensação da reprise de um filme insosso.
Gostaria de termos uma chanceler mulher (diplomata ou não). Mais que desejo pessoal, é a necessária adaptação ao momento histórico.
Dentre os grandes países (latino)americanos, o Brasil é o único que nunca teve uma mulher à frente da chancelaria.
Isso faz diferença, tanto em termos de representatividade quanto de visão de mundo e substância. Uma política externa feminina tem grandes chances de ser feminista.
Nov 29, 2022 • 14 tweets • 6 min read
São assustadores e incalculáveis os estragos políticos que a extrema direita vem causando no Brasil.
O bolsonarismo tem reproduzido, nos mínimos detalhes, o script de Trump de destruir as instituições e o processo eleitoral.
Tenho artigo novo sobre isso: tinyurl.com/mufvbu38
Já venho pensando há algum tempo sobre a americanização da política brasileira.
Sim: nosso debate público tem ficado cada vez mais parecido com o norte-americano - nos temas, na dinâmica e na linguagem.
Escrevi a respeito na Folha. É uma versão resumida do textão aí de cima.
Nov 8, 2022 • 9 tweets • 2 min read
Hoje os alunos pediram para comentar sobre a fraude das urnas. Confessei que não tenho conhecimento técnico para avaliar esses relatórios anônimos que apareceram, mas que, do ponto de vista político, uma fraude dessa magnitude seria muito improvável. por algumas razões:
1) A base do regime democrático é a confiança das pessoas no processo eleitoral. Se há fraudes recorrentes, ainda que pontuais, ou indícios de fraude em massa, ninguém terá razão para seguir bancando a democracia. No caso do Brasil, não há nenhuma dessas coisas. Ainda assim...
Nov 3, 2022 • 22 tweets • 4 min read
Em seu discurso de vitória, @LulaOficial enfatizou o resgate da credibilidade brasileira no exterior.
A frase foi emblemática: "Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta".
O que esperar das relações internacionais do governo Lula? Trago algumas ideias aqui 👇
1. A vitória de Lula foi, em muitos sentidos, o triunfo da democracia. Uma espécie de resgate da Nova República a partir de uma frente ampla e plural. Esse é o Brasil que o mundo conhecia e admirava nos últimos 30 anos: um país diverso, ativo e comprometido com o desenvolvimento.
Nov 2, 2022 • 4 tweets • 1 min read
A única pessoa que me abordou no dia da votação, em função de um adesivo do Lula no meu peito, foi um senhor judeu ortodoxo. Passeando com seu cachorro, ele parou e apontou pra mim com raiva: "vergonha!!".
Eu não sabia como reagir, mas decidi responder:
"Se o sr acha normal votar num governo que se apropriou de lemas como Deutschland Über Alles e Arbeit Macht Frei, o problema é você, não eu".
Ele bufou e saiu andando. Fiquei atônito: como as pessoas não percebem (ou não se importam) com essa camada simbólica do bolsonarismo?
Nov 1, 2022 • 16 tweets • 3 min read
Pessoal, uma avaliação rápida do que está acontecendo desde domingo:
1. A vitória apertada de Lula é reflexo da crescente polarização política no Brasil, mas também da radicalização que o país vem enfrentando nos últimos anos.
Ao contrário das eleições de 1989 e 2014, que também tiveram margens estreitas no 2o turno, a disputa de 22 não girou em torno de propostas, mas de valores e identidades. Isso explica o debate público de baixo nível que tivemos, sem espaço pra discussões racionais e propositivas.
Oct 21, 2022 • 7 tweets • 5 min read
🚨INFORMAÇÃO URGENTE🚨
O ditador Daniel Ortega, que vem prendendo padres católicos na Nicarágua, tem como um de seus aliados o pastor evangélico Ralph Drollinger da Capitol Ministries.
Sabe quem são os amigos desse ministério, financiado por Mike Pence? A senadora @DamaresAlves
Então toda vez que um bolsonarista vier dizer que "o amigo de Lula" está perseguindo católicos na Nicarágua, explique que ele está fazendo isso com a conivência de grupos evangélicos que aparentemente não ligam para o sofrimento dos católicos se isso ajudar seu projeto de poder.
Oct 20, 2022 • 4 tweets • 1 min read
A controversa decisão do TSE sobre a Jovem Pan é reflexo da enorme dificuldade que autoridades eleitorais enfrentam no combate à desinformação em massa. Em 18, as fake news vinham do Whatsapp e da boca de políticos. Em 22, elas são "normalizadas" por uma emissora de rádio e TV.
Esse é o dilema da eleição: numa disputa pautada por mentiras, sua reprodução por canais de concessão pública causa danos irreversíveis ao quadro eleitoral. E não há retratação a posteriori que resolva o problema. O ecossistema digital se encarregará de impulsionar as falsidades.
Oct 3, 2022 • 8 tweets • 2 min read
Algumas impressões sobre os resultados de hoje:
1. Institutos de pesquisa terão que ser reinventar. A divergência dos resultados, sobretudo estaduais, mostram uma dificuldade enorme de capturar a preferência do eleitor. Talvez o Censo ajude a corrigir parte das inconsistências.
2. O bolsonarismo é muito mais forte do que se imaginou. Sua capilaridade local e sua resiliência asseguraram a candidatos associados a Bolsonaro uma vitória tranquila, por vezes maiuscula. Das Assembleias ao Senado, teremos legislaturas ainda mais conservadoras que em 2018.
Sep 21, 2022 • 9 tweets • 2 min read
Hoje me perguntaram se as eleições deste ano serão um plebiscito sobre a democracia.
Parei, pensei e dei uma resposta meio contraintuitiva: não se trata de uma disputa entre democracia e ditadura (ou fascismo), mas entre dois conceitos diferentes e antagônicos de democracia.
Ninguém tem dúvida de que Bolsonaro representa valores autoritários. Mas ele foi capaz de convencer seus eleitores de que há, em seu discurso, uma ideia de democracia.
E tem: uma democracia majoritarista, em que o governo deve representar única e exclusivamente a maioria.
Aug 8, 2022 • 33 tweets • 14 min read
Vamos falar sobre a movimentação golpista de Bolsonaro?
Ninguém mais duvida que ele quer dar um "autogolpe" diante da possibilidade real de derrota nas eleições.
A 1 mês do "dia D" autoritário, a pergunta não é se Bolsonaro tentará um golpe, mas se ele conseguirá algo com isso. 1) Dentre os céticos ao sucesso de um golpe, existem 3 explicações dominantes:
- B não quer golpe, mas criar condições pra não ser preso após as eleições;
- B não conseguirá dar golpe, pois não tem apoio das FFAA;
- B não conseguirá dar golpe por falta de apoio internacional;
Jun 27, 2022 • 31 tweets • 12 min read
1/Vocês sabem como Bolsonaro lida com a morte alheia, sobretudo de quem despreza.
Após o assassinato brutal de Dom e Bruno, ele não só colocou a culpa nas vítimas como fez uma motociata em Manaus. Quando Genivaldo foi morto pela PRF, Bolsonaro o chamou de marginal.
Segue 👇🧵
2/Antes disso, no auge da Covid e diante de reiteradas declarações do presidente debochando dos mortos pela pandemia, eu e 2 amigos, @debfrombrazil e @davidmagalhaes, começamos a nos perguntar: por que Bolsonaro segue falando esses absurdos? A crueldade compensa na política?
May 5, 2022 • 25 tweets • 10 min read
Depois de muita pressão do governo, o TSE "desconvidou" a União Europeia para participar das eleições brasileiras deste ano.
Muita gente ficou sem entender o que isso significa. Vem cá que eu te explico: 1) Sempre bom frisar que a realização de eleições é prerrogativa do Poder Judiciário - mais especificamente, dos tribunais eleitorais (Lei 4.737/1965).
O governo, que é parte interessada nas eleições, não deveria interferir no processo eleitoral.
Muito menos as Forças Armadas.
Mar 1, 2022 • 10 tweets • 5 min read
Levantei um ponto agora há pouco na @GloboNews e gostaria de compartilhar aqui.
Independentemente das motivações geopolíticas da Rússia, não há nenhum argumento factível para a agressão contra a Ucrânia à luz do Direito Internacional.
Vamos ver o que diz a Carta da ONU 👇
1)Ela é taxativa, em seu Art.2(4), que países não podem agredir outros. O Art.51 prevê uso da força em situações específicas: legítima defesa individual (agressão a um país) ou coletiva (agressão a uma aliança militar). De resto, meios militares devem ser autorizados pelo CSNU👇