Por muito tempo acreditamos que o acesso à informação seria uma coisa extremamente boa para o discurso político. Como o fanatismo político do passado era em parte resultado da ignorância das populações, qto mais informações as pessoas tivessem, mais inteligentes seriam
Qto mais fonte de informações as pessoas tivessem, mais complexas se tornariam nossas ideias e discussões, acreditávamos. Qual o quê? Qdo as pessoas buscam informação política, elas não buscam a verdade, o esclarecimento mútuo, cooperação para compreender a complexidade do mundo
Não, na verdade, elas estão buscando reforçar suas próprias coleções de estereótipos, em que já acreditam, reforços para as suas crenças, justificativas para as suas angústias existencial. Nada a ver com verdade, conhecimento, esclarecimento
Por isso, a abundância de informação e de fontes de informação online, em vez de superar o fanatismo do passado criou novos fanáticos. A informação não é água que jogaríamos no fogo do dogmatismo, mas é pólvora que a gente lança gostosamente nas chamas do fanatismo
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Já coletamos os dados do cancelamento de Ludmilla. Por que tão cedo? Porque a única questão agora é saber quando Ludmilla vai capitular, apagar o post em que se justifica e refuta as acusações e pedir desculpas de joelhos. Lilia Schwarcz aguentou um dia, Porchat, uma semana.
O fato é que ninguém aguenta mais de uma semana de processo e torturas da Santa Inquisição Identitária. Não importa quão sabido, gente boa, inteligente e celebridade você seja. A pressão dos patrocinadores e do público, os cancelamentos de contratos, o declínio dos convites
Não tem esse que aguente, num mundo em que as certificações identitárias são um capital social importante, ser tratado como um pária racista, ___fóbico, misógino, etc. e banido do convívio com os santos. E não importa se as acusações são verdadeiras ou falsas.
Lendo os comentários do corredor polonês das vestais morais à explicação de Ludmilla, frequentado por guerreiros da virtude da dimensão de uma Flávia Oliveira ou Erika Hilton, noto que se compartilham algumas crenças fundamentais e indiscutíveis: +
1) Um plano q dura uma fração de segundo num doc politicamente corretíssimo tem o condão de "incentivar", "reforçar" e "difundir" racismo religioso e violência contra templos de religiões de matrizes africanas. A indiscutível estimativa de dano desse plano é uma coisa espantosa
2) Por essa razão, Ludmilla se torna imediata e inequivocamente responsabilizável pela violência que sofrem as religiões de matrizes africanas nas favelas do Brasil. Essa fração de segundos foi um ato político que anula todo o resto do doc e condena Ludmilla inexoravelmente.
Racismo é um tipo de preconceito social que, supondo que os humanos se dividem em raça, como outros bichos, considera que pelo menos uma delas é composta por humanos inferiores. Me parece banal, não? Acho que esta é mais ou menos a compreensão comum de racismo. E bem sensata.
Os identitários e os complacentes q os cercam tomaram há alguns anos a decisão de que, não, racismo não era mais isso. E criaram um conceito alternativo com 2 objetivos: dar uma excludente de ilicitude para membros de certos grupos e atribuir o monopólio do racismo a outro grupo
Há alguns dia pedi que me desse um fundamento racional para o dogma segundo o qual é impossível a qualquer outro grupo, exceto os brancos, ser racista e agir com racismo. Em suma, pedi que conceito de racismo é esse em que só um tipo de humano pode praticar e o outro, sofrer.
Uma colega foi acusada de transfobia e racismo pq "errou os pronomes" de uma aluna trans que estava vendo pela 1ª vez, pq não tinha aparecido até ontem. Acusada, julgada pelo coletivo, condenada e já punida (humilhada, xingada, manifestação, demissão solicitada) em menos de 24 h
A justiça-trans é o processo judicial mais célere e simplificado do mundo. Quem acusa ao mesmo tempo julga, condena, expede a sentença e se encarrega da punição. Na verdade, a acusação = condenação pois uma pessoa trans ñ se engana nunca e devido processo é coisa de cis colonial
O lugar mais insalubre para se trabalhar hoje, por razões de envenenamento ideológico, são as universidades. Ao menor interesse contrariado, à menor reivindicação de hierarquia pedagógica, à mera indicação de bibliografia pode corresponder uma acusação de crime identitário.
Analisando aqui o que me dizem os apoiadores da investida do governo e do STF contra Google e Telegram, fico desconcertado com algumas constatações. 1) Muita, mas muita gente mesmo, está adotando um conceito de fake news/desinformação completamente insustentável. +
Opiniões, mesmo erradas ou desagradáveis, não são FN. FNsão falsos relatos de fatos, geralmente com propósito de atacar a imagem e a reputação dos envolvidos. "O PL autoriza a censura à versículos bíblicos" é FN. "O PL traz sérias ameaças à liberdade de expressão" (Google), não.
2) "Ah, coitadinho do Google" ou "A disparidade de forças entre as plataformas e o outro lado do lobby é imensa" não são argumentos válidos. Leis não são para proteger ou regulamentar coitadinhos. Ou poderosos. Todo mundo merece ser protegido, todo mundo tem obrigações.
E cisca, e simboliza, e "pela primeira vez na história desse país", e homenageia, e vai... Tudo bem, ainda é mais espuma que qualquer coisa, mas, vem cá, esse governo vai levar a sério a transformação digital da governança, da prestação de serviços públicos e da democracia? +
Sim, pq país avançava a passos largos até o governo Dilma I em democracia e governo digitais, em governo aberto e em transparência digital. De lá pra cá só retrocesso. Com Temer, ainda teve o projeto de Governo Digital (que no governo Bozo foi parar na Economia). +
Com Bozo houve apagão até do governo e da democracia propriamente ditos, quanto mais da transformação digital do governo e da democracia. O descompasso com o mundo ficou enorme. Esperava-se que o governo Lula enfrentasse isso como o fez com outras áreas prioritárias. Mas não.