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Sep 14, 2020 17 tweets 6 min read Read on X
O Flamengo volta a perder depois de uma boa sequência de vitórias. O Ceará reencontra o caminho da vitória após uma sequência de duas derrotas. Se o jogo parecia controlado pelo Fla no 1T, a bola parada do Ceará foi quem se fez efetiva no 2T. Vamos trocar uma ideia sobre o jogo.
Domènec manteve o 4-2-3-1, mas novamente com modificações no meio-campo, sobretudo na linha de meias. Com Arrascaeta poupado e BH e Pedro Rocha ainda machucados, a opção foi por passar É. Ribeiro para o centro, deixando o lado esquerdo com Vitinho e o direito com Michael.
Guto Ferreira monta o Ceará também na sua estrutura base, o 4-2-3-1, com Cléber como atacante-pivô, Vina como meia central e Leandro Carvalho e Fernando Sobral pelos lados.
O jogo começa em ritmo muito baixo. O Ceará variava seu estilo de marcação e ora fazia pressão alta, ora baixava as linhas e se defendia com duas linhas de 4. Apesar da boa marcação do Ceará, o Fla conseguiu criar chances, mas Gabigol perdeu as 2 duas melhores.
Com pontas de velocidade pelos dois lados, a dinâmica ao atacar pelo corredor direito se modificou um pouco em relação a jogos anteriores. Isla é um lateral de muita amplitude e, portanto, Michael precisaria centralizar um pouco mais e jogar mais por dentro.
Só que Michael não centralizava da mesma forma que ER7 quando joga nesse setor, buscando criar o jogo por dentro. Michael fica na amplitude, colado no lateral B. Pacheco, e só quando Isla se aproximava, Michael corria para o centro. Assim, arrastava a marcação do lateral.
Já o Ceará não tinha a menor vergonha de sair no chutão. Atraia a marcação alta do Fla e fazia o lançamento buscando o pivô de Cléber, tentando aproveitar uma defesa supostamente desprotegida. Só que o Fla controlava isso, vencendo todos os duelos aéreos e recuperando a 2ª bola.
Com o ritmo mais lento e a rotação mais baixa, o jogo pareceu arrastado. O Fla controlava bem as ações, mas nenhum dos times conseguia criar muitas oportunidades. Aliás, o Ceará não conseguiu criar uma única oportunidade de gol no 1T.
E em uma partida de ritmo mais baixo e de poucas oportunidades, a bola parada pode definir o resultado. E foi o que aconteceu. Dois lances de bola parada, o sistema de marcação do Fla falha e o Ceará abre 2 gols de vantagem.
E num campeonato brasileiro de pouquíssimas viradas, o time que abre o placar se vê em ótimo posição. Apenas 6 vezes nesse BR 2020 o time vencedor conseguiu virar o placar. Só 6 das 95 partidas tiveram viradas. A partir dessa estatística, a chance de virada é de apenas 6%.
Para dificultar ainda mais, o Fla por característica se desorganiza demais quando fica em desvantagem no placar. O time perde o controle da partida, perde referências de posicionamento, ataca de forma desorganizada e a recomposição defensiva volta a falhar. Fora o desgaste físico
Pro Ceará foi um prato cheio. Guto passa a se defender em bloco baixo que é uma de suas especialidades. As linhas defensivas permaneceram extremamente organizadas e os espaços para o contra-ataque apareciam com certa facilidade.
E temos que ressaltar aqui a dupla de zaga cearense nesse trabalho defensivo. Luiz Otávio e Tiago Pagnussat negaram todos os espaços, ganharam a maioria dos duelos físicos e fecharam muito bem a zona central, dificultando muito as chegadas do Flamengo.
Domè tenta colocar o time pra frente com algumas substituições, mas que surtem pouco efeito. Primeiro Pedro entra na vaga de Michael e o Fla passa pro 4-4-2. Depois, Lincoln entra no lugar de Vitinho e o time passa a ter 3 centroavantes em campo.
O Fla muda então a estrutura e passa a jogar num 4-3-3 com os 3 atacantes jogando por dentro. É. Ribeiro passa pra trinca de meio junto à Arão e Diego e os corredores ficam a cargo das subidas dos laterais. Mas de nada adianta, pois o Ceará continuou negando os espaços até o fim.
Excelente resultado para o Ceará que vence um dos postulantes ao título. Guto passa o recado de que não será fácil tirar pontos do Vozão dentro de seus domínios e que se não é nenhum primor ofensivo, o Ceará tem seu ponto forte no forte sistema defensivo.
Para Domènec ficam duas lições principais. A primeira de que precisa melhorar nas bolas paradas defensivas. E a segunda de que sofrer um gol e sair atrás no placar não deveria ser sinônimo de desequilíbrio emocional e desorganização tática.

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