O Flamengo volta a perder depois de uma boa sequência de vitórias. O Ceará reencontra o caminho da vitória após uma sequência de duas derrotas. Se o jogo parecia controlado pelo Fla no 1T, a bola parada do Ceará foi quem se fez efetiva no 2T. Vamos trocar uma ideia sobre o jogo.
Domènec manteve o 4-2-3-1, mas novamente com modificações no meio-campo, sobretudo na linha de meias. Com Arrascaeta poupado e BH e Pedro Rocha ainda machucados, a opção foi por passar É. Ribeiro para o centro, deixando o lado esquerdo com Vitinho e o direito com Michael.
Guto Ferreira monta o Ceará também na sua estrutura base, o 4-2-3-1, com Cléber como atacante-pivô, Vina como meia central e Leandro Carvalho e Fernando Sobral pelos lados.
O jogo começa em ritmo muito baixo. O Ceará variava seu estilo de marcação e ora fazia pressão alta, ora baixava as linhas e se defendia com duas linhas de 4. Apesar da boa marcação do Ceará, o Fla conseguiu criar chances, mas Gabigol perdeu as 2 duas melhores.
Com pontas de velocidade pelos dois lados, a dinâmica ao atacar pelo corredor direito se modificou um pouco em relação a jogos anteriores. Isla é um lateral de muita amplitude e, portanto, Michael precisaria centralizar um pouco mais e jogar mais por dentro.
Só que Michael não centralizava da mesma forma que ER7 quando joga nesse setor, buscando criar o jogo por dentro. Michael fica na amplitude, colado no lateral B. Pacheco, e só quando Isla se aproximava, Michael corria para o centro. Assim, arrastava a marcação do lateral.
Já o Ceará não tinha a menor vergonha de sair no chutão. Atraia a marcação alta do Fla e fazia o lançamento buscando o pivô de Cléber, tentando aproveitar uma defesa supostamente desprotegida. Só que o Fla controlava isso, vencendo todos os duelos aéreos e recuperando a 2ª bola.
Com o ritmo mais lento e a rotação mais baixa, o jogo pareceu arrastado. O Fla controlava bem as ações, mas nenhum dos times conseguia criar muitas oportunidades. Aliás, o Ceará não conseguiu criar uma única oportunidade de gol no 1T.
E em uma partida de ritmo mais baixo e de poucas oportunidades, a bola parada pode definir o resultado. E foi o que aconteceu. Dois lances de bola parada, o sistema de marcação do Fla falha e o Ceará abre 2 gols de vantagem.
E num campeonato brasileiro de pouquíssimas viradas, o time que abre o placar se vê em ótimo posição. Apenas 6 vezes nesse BR 2020 o time vencedor conseguiu virar o placar. Só 6 das 95 partidas tiveram viradas. A partir dessa estatística, a chance de virada é de apenas 6%.
Para dificultar ainda mais, o Fla por característica se desorganiza demais quando fica em desvantagem no placar. O time perde o controle da partida, perde referências de posicionamento, ataca de forma desorganizada e a recomposição defensiva volta a falhar. Fora o desgaste físico
Pro Ceará foi um prato cheio. Guto passa a se defender em bloco baixo que é uma de suas especialidades. As linhas defensivas permaneceram extremamente organizadas e os espaços para o contra-ataque apareciam com certa facilidade.
E temos que ressaltar aqui a dupla de zaga cearense nesse trabalho defensivo. Luiz Otávio e Tiago Pagnussat negaram todos os espaços, ganharam a maioria dos duelos físicos e fecharam muito bem a zona central, dificultando muito as chegadas do Flamengo.
Domè tenta colocar o time pra frente com algumas substituições, mas que surtem pouco efeito. Primeiro Pedro entra na vaga de Michael e o Fla passa pro 4-4-2. Depois, Lincoln entra no lugar de Vitinho e o time passa a ter 3 centroavantes em campo.
O Fla muda então a estrutura e passa a jogar num 4-3-3 com os 3 atacantes jogando por dentro. É. Ribeiro passa pra trinca de meio junto à Arão e Diego e os corredores ficam a cargo das subidas dos laterais. Mas de nada adianta, pois o Ceará continuou negando os espaços até o fim.
Excelente resultado para o Ceará que vence um dos postulantes ao título. Guto passa o recado de que não será fácil tirar pontos do Vozão dentro de seus domínios e que se não é nenhum primor ofensivo, o Ceará tem seu ponto forte no forte sistema defensivo.
Para Domènec ficam duas lições principais. A primeira de que precisa melhorar nas bolas paradas defensivas. E a segunda de que sofrer um gol e sair atrás no placar não deveria ser sinônimo de desequilíbrio emocional e desorganização tática.
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Todo mundo sabe que Léo Ortiz falhou no gol do Atlético na final da Copa do Brasil. Ele próprio sabe disso. Mas o que talvez você não saiba é que foi graças a leitura de jogo dele que o Flamengo abriu o placar. E eu posso te provar. Segue o fio...
O jogo começa e a estratégia defensiva do Atlético é muito clara: marcação individual. Cada um pega o seu. A única exceção era Hulk, que se dividia lá na frente entre os dois zagueiros pra que o time ficasse com pelo menos um jogador na sobra na linha de defesa.
Só que o Flamengo entendeu rápido quais eram os caminhos pra atacar. Como Hulk oferecia pouca pressão, Ortiz segurava a bola até forçar alguém a saltar nele. Pisa e espera. Uma hora alguém vai fazer o salto. E quando isso acontecia, alguém ficava livre.
É verdade que o Flamengo não fez um bom jogo contra o Palmeiras e que o time sofreu mais do que deveria. Mas é verdade também que Tite teve muito mérito na mexida tática que fez no intervalo, fazendo o time se defender melhor. Segue o fio que eu explico.
Além de não conseguir sustentar a posse de bola e tirar o ímpeto do Palmeiras, o Flamengo marcou mal demais na 1ª etapa.
O Palmeiras conseguia progredir com facilidade em campo e sempre tinha alguém livre no meio pra receber o passe e se aproximar da área.
Seu time tá precisando de um lateral-direito? Daqueles que tem boa capacidade de construção e muita força física pra atacar e pra defender? Então Kluiverth Aguilar do Lommel da Bélgica é o cara que seu time tá procurando. Quer conhecer mais esse jogador? Então segue o fio.
Aguilar é um lateral peruano de apenas 21 anos que teve tanto destaque no início da carreira pelo Alianza Lima que foi contratado pelo Grupo City quando tinha 16 anos de idade. Aliás, essa foi a mesma idade que ele estreou no time profissional.
Figurinha carimbada nas seleções de base peruana, Aguilar tem como uma de suas principais características a calma pra sair jogando. Mesmo quando é pressionado, não se afoba. Sabe usar bem o corpo e girar em cima da marcação. Evita se livrar da bola.
Os caras que decidiram o clássico entre Flamengo e Botafogo, foram os mesmos caras que quase fizeram o time perder o jogo. Luiz Henrique e Savarino fizeram os gols da vitória, mas também foram a principal fragilidade defensiva do time. O Fla que não aproveitou. Segue o fio.
Durante todo o 1º tempo e o início do 2º, sobretudo enquanto o jogo estava 0x0, Luiz Henrique e Savarino foram protagonistas na principal fragilidade defensiva do time. No 4-2-4 do Artur Jorge, os pontas são os caras que dão suporte aos laterais na hora de defender.
O problema é que tanto Luiz Henrique, quanto Savarino, deram muito espaço. Ayrton Lucas e Varela apareciam livres o tempo inteiro fazendo a ultrapassagem.
O Flamengo caiu bastante de produção do 1º para o 2º tempo na vitória contra o Palestino. O volume ofensivo diminui drasticamente. E tem uma explicação tática e um ajuste feito pelo técnico do time chileno que ajuda a explicar isso. Se liga na análise...
O voluma de chances que o Flamengo criou na 1ª etapa foi bem grande. Foram várias chances claras de gol que, se devidamente convertidas, poderiam ter dado mais tranquilidade ao jogo. E a maioria dessas chances surgiu pelo mesmo lado, o esquerdo.
Toda vez que Cebolinha recebia aberto, o lateral-dir (3. Rojas) saltava na marcação. Como o zagueiro (4. Antonio Ceza) não acompanhava esse salto, a janela entre o lateral e o zagueiro ficava muito grande. E a cobertura dessa janela foi muito mal feita.
O Flamengo não fez um bom jogo contra o Millonarios e muitos torcedores estão frustrados com o empate na estreia da Libertadores 2024. Mas o que levou o Flamengo a ter tanta dificuldade? O problema foi coletivo ou individual? A altitude influenciou? Segue o fio.
Antes de mais nada é importante ressaltar que nenhuma análise dessa partida é válida sem a gente levar em consideração o fator altitude. E não falo só pelo aspecto físico, mas principalmente na forma como a altitude afeta o peso e a velocidade da bola.
Muitos jogadores tiveram dificuldade. Passes mais fortes que o comum, domínios que a bola escapole do controle e tapas na frente com força excessiva aconteceram de forma recorrente na partida. Cebolinha, Igor Jesus e Matías Viña foram os que mais sentiram.