@louverture1984 ótimas questões, Fernando. Quando terminar uma obrigação que tenho agora tento contribuir com o debate.
@louverture1984 cheguei. Então, @louverture1984, primeiro a questão da guerra. Se a gente for considerar desde o começo da guerra de resistência nacional anticolonial, estamos falando de um país que tem quase 100 anos de guerra ou estado de guerra de forma interrupta. Eu desconheço +
@louverture1984 qualquer estudo sociólogo que tenta entender e explicar isso em toda profundidade: como a guerra molda a dinâmica institucional da Coreia. E note, estamos falando de um país que teve todas as suas cidades destruídas pelos EUA e 30% da população exterminada. Outros países +
@louverture1984 como URSS, China ou Vietnã, mesmo sendo também devastados, conseguiram certa segurança geopolítica em algum momento e um clima de relativa paz para focar no seu desenvolvimento interno. Não é o caso da Coreia. É importante lembrar que o país tem, até hoje cerca de +
@louverture1984 40 mil soldados dos EUA e armas atômicas cercando o país. Existe, objetivamente, uma "mentalidade de bunker" na vida nacional. E essa situação tem muita razão de ser. A Coreia, ao contrário da China e Vietnã, não se integrou as cadeias globais do capitalismo, ação que +
@louverture1984 reduziu e muito, nos anos 80, 90 e 2000, a pressão militar e diplomática sobre esses países. E nesse ponto, de novo, não conheço um único estudo que busque refletir qual o impacto de 100 anos seguidos de guerra ou estado de guerra em um país. Se conhecer e me indicar, agradeço.
@louverture1984 Essa situação de guerra permanente se combina com uma modernização feita a toque de caixa também pelo prisma da guerra. É importante notar que países como o Japão tiveram décadas para realizar sua modernização. A Coreia, ao final da II Guerra, era essencialmente uma sociedade +
@louverture1984 "tradicional" (se quiser chamar de feudal, pode também) sobredeterminada pelo colonialismo japão. A Revolução Coreana foi, também, o nascimento da economia, política, direito e instituições modernas no país. Mas isso acontece, de novo, pelo prisma da guerra.
@louverture1984 Quais as consequências de uma transição de uma sociedade tradicional colonizada para a modernidade cercada por uma guerra, numa transição ultrarrápida, de menos de 10 anos? Eu, de novo, nunca vi um estudo que tentasse pensar isso. Nesse ponto, novamente, aceito recomendações.
@louverture1984 a forte presença familiar, a permanência de um tradicionalismo agudo, as noções de uma cultura militar muito fortes são pensadas nesse contexto, talvez único, e que é sobredeterminado por fugir de uma política de "grande potência" da URSS e ameaça dos EUA.
@louverture1984 Me incomoda, e muito é pouco, o acentuado traço tradicionalista na Coreia e essa visão muito próxima do que entendemos como religioso em torno de Kim Il-sung, mas é importante perceber que a Coreia nunca teve segurança geopolítica para qualquer movimento renovador de fôlego +
@louverture1984 basta lembrar que as mudanças na China quase provocaram uma "mudança de regime" no país ou a crise de Cuba nos anos 1990. Então, mesmo tenho incômodos parecidos com os seus (se pá, eu devo ter mais), eu preciso ver se com possibilidades de renovação, como isso se processa.
@louverture1984 aliado a isso, Kim Jong-Un representa sim uma mudança de linha, ainda que leve, na política da Coreia. Um foco menos militar, com maior destaque para padrões de consumo e níveis de vida e redução do papel das Forças Armadas em várias funções civis e áreas econômicas.
@louverture1984 O professor Paulo Visentini chama esse processo de "modernização sem mudança". Acho um nome interessante para o que acontece. Quanto as formulações de Exército primeiro e as críticas ao exército e não o povo como protagonista, nesse ponto, acho que existe uma confusão sua.
@louverture1984 Um erro de interpretação sobre como os coreanos percebem as Forças Armadas, a relação forças armadas + povo e o próprio enraizamento das forças armadas. Em geral, te diria o seguinte. A Coreia é um dos países mais cercados do mundo que convive com um bloqueio brutal e passa por +
@louverture1984 100 anos seguidos de guerra ou situação de guerra. Minha defesa do país não é tratá-lo como modelo de socialismo perfeito e nada próximo disso. Mas defender o país, sua soberania, combater as demonizações para que numa situação de paz, eles possam pensar seu caminho.
@louverture1984 Note, por exemplo, que nesse meu texto no blog da Boitempo eu não falo em momento nenhum que a Coreia é um exemplo de socialismo ou nada próximo disso, mas combato o discurso imperialista e suas simplificações num prisma internacionalista
Já começou a circular a ideia de Gabriel Galípolo "traidor" do Governo Lula. Falei no começo deste ano, que cedo ou tarde, esta mentira iria ganhar força. Quando o escolhido por Lula e Haddad assumiu a presidência do BC e seguiu aumentando os juros,
A mentira oficial era que os aumentos foram deixados "contratados" por Campos Neto, que foi uma "armadilha" do ex-presidente do BC e que não era possível dar "cavalo de pau" na política do Banco Central. Essa mentira, evidentemente, não pode durar todo 2025.
Chegando na metade do ano, é necessário agora divulgar uma nova mentira. Nas páginas do Brasil 247 já é possível ler textos falando de Gabriel Galípolo "traindo" o Governo Lula. Nos próximos meses, essa mentira vai crescer e vai tornar-se narrativa oficial.
O Governo Lula, dia 15 de abril, lançou uma MP (Medida Provisória) que paga um BÔNUS para trabalhadores do INSS que conseguirem cortar uma aposentadoria, BPC e outros benefícios de pobres.
É a MESMA MEDIDA adotada por Michel Temer.
Explico.
Como podemos ver no Artigo 2 da MP, a prioridade é reavaliações e revisões de benefícios. Ou seja, CORTES. Os cínicos e mentirosos, vão falar que isso é medida para reduzir filas. Quando o número de cortes estiver gigante, vão mentir falando que é apenas "corte em fraudes".
Segue o valor para o trabalhador que participar desse programa. A ordem é cortar. A eficiência é cortar. O Novo Teto de Gastos precisa de cortes. O que vocês acham que vai acontecer?
Na sexta-feira aconteceu o debate entre Maria Lúcia Fattorelli e Paulo Kliass, conduzido por Mauro Lopes. O debate ajudou a deixar mais claro alguns problemas da abordagem teórica de Fattorelli e da Auditoria Cidadã da Dívida. Destaco alguns pontos.
Como destaca corretamente Fred Krepe em vídeo recente, Fattorelli demonstrou não entender a diferença entre dívida interna e externa. Ela chegou a dizer que os títulos da dívida interna também estão nas mãos de estrangeiros, o que não MUDA NADA na dinâmica objetiva da questão.
Recomendo bastante o vídeo de Krepe. Reforço, também, que comparar a situação brasileira com o Equador e Grécia, dois países sem moeda própria, só mostra a incompreensão da diferença entre dívida interna e externa.
A notícia de que a parcela da população preta e parda com ensino superior quintuplicou nos últimos 22 anos é ótima. Mérito das lutas populares dos movimentos negros e dos Governos Petistas que abraçaram essas pautas. Dito isso, alguns questionamentos importantes.
- Reduziu as desigualdades sociorraciais?
- Mudou o papel da população negra na divisão social do trabalho?
- A desigualdade de renda, riqueza e propriedade foi alterada?
- Isso garantiu mobilidade social expressiva para população negra?
As respostas, infelizmente, são não, não, não e não. Esse dado importante, se bem lido, deveria ajudar a enterrar o mito liberal de que educação sozinha promove igualdade e mobilização social e corrige "injustiças históricas".
Tem resultado zero a tendência de apontar em figuras como Nikolas Ferreira, Marcos Feliciano, Carlos Bolsonaro e afins uma suposta homossexualidade encubada. Assim como a ideia de que Bolsonaro é corno. Para além de problemas éticos políticos,
sendo bastante questionável (para dizer o mínimo) adotar essa linha discursiva, uma questão adicional é o resultado disso. Funciona? Por exemplo, faz mais de 10 anos que gente progressista faz isso com Marcos Feliciano. Ele perdeu voto, força política, influência, base de apoio?
A resposta é não. E não se trata de um "politicamente correto". É só não achar bonito uma performance que só agrada já convertidos e serve para gozo próprio e não tem efeito político nenhum. Isso me parece sintoma de impotência política. Sem tática para combater o adversário,
Após a extrema-direita começar a defender, de forma cínica e hipócrita, direitos sociais como o BPC, o abono salarial e o Fundeb — os mesmos que historicamente atacaram e desmontaram —, a esquerda neoliberal, que inicialmente tentou justificar o pacote de cortes
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com falsas promessas, agora recua, acuada. No começo, venderam o pacote como se fosse um avanço, inventando que incluía taxação de ricos, isenção de imposto de renda e o fim de supersalários, enquanto ocultavam os ataques ao BPC, ao abono salarial e aos direitos da maioria.
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Essa postura não foi apenas desonesta, mas também serviu para desmobilizar a classe trabalhadora e enfraquecer a resistência coletiva. Inclusive, se recusaram a assinar o Manifesto contra o pacote e a apoiar iniciativas que realmente enfrentassem