Li o tal texto do Pablo Ortellado acusando Caetano de Stalinismo e isso é risível, não apenas pelo fato em si, uma vez que Caetano nunca defendeu Stalin, como pelo fato de ser...o Caetano, a figura mais não-stalinista do mundo. Isso diz muito sobre Pablo do que sobre Caê (1/5).
Sem querer ser monotemático, mas a gente precisa falar sobre isso: Caetano desembarcou do Liberalismo e falou dos problemas do Liberalismo. Hoje, falar dos crimes do Liberalismo vale à acusação de "stalinista" para qualquer um no Brasil (2/5).
Sintomático, intelectuais liberais acusando o golpe e atacando qualquer um que aponte o quanto a violência liberal não é normal -- e falamos de colonialismo e racismo (3/5).
Ironicamente, se formos pensar nos principais defeitos de Stalin (a paranoia, o denuncismo, o punitivismo), logo somos obrigados a concluir que a coisa mais parecida com isso no Brasil são os liberais (assumidos ou não) que se calam ou apoiam o Lawfare e encarceramento (4/5).
Ou mesmo que reagem a partir do anticomunismo para atacar seus adversários, perversamente, contra coisas que eles próprios liberais fazem: no Brasil, o encarceramento, nos EUA chegando a ponto de campos de concentração para imigrantes (5/5).
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A valorização do real face ao dólar tem duas explicações: o dólar, em si, está perdendo valor em relação às principais e à maioria das moedas, enquanto o real ganha valor porque a taxa de juros está bem alta, atraindo capital financeiro para o nosso mercado de títulos (1/7).
O real ganhou valor também em relação ao euro, mas é menos do que ele ganha valor em relação ao dólar. Comparem os gráficos abaixo e entendam. O euro, inclusive, ainda está mais caro do que há 1 ano, mas não o dólar (2/7).
Como o dólar ainda tem uma posição de dominância no mercado internacional, ainda que em queda, isso produz um efeito de queda na inflação no Brasil: nossas exportações encarecem, enquanto as importações barateiam (3/7).
Trump estava decidido a terminar com a guerra na Ucrânia, mas antes ele tinha de fechar um acordo com seu setor armamentista e petroquímico. Não era fácil, mas piorou com a queda do preço do barril de petróleo causada trapalhada do tarifaço. Agora, ele deixa a guerra rolar (1/7).
A queda do preço do barril veio junto de uma queda do valor do dólar. Trata-se de um evento anômico que ilude: se Trump se vê obrigado a saciar a fome dos minotauros do petróleo, e supõe que lhe sobra espaço de manobra no momento, ele esquece que há tensão sobre os juros (2/7).
Ou seja, em um cenário em que o preço do petróleo desabou como "uma queda do disjuntor", se ele procurar deixar o petróleo subir por meio de conflitos, ele terá a tempestade perfeita que ele não teve sobre seu mercado de títulos - já tensionado (3/7).
Há muitas questões sobre Leão XIV, a primeira delas é que ele representa uma maioria pastoralista formada sob o papado de Francisco, mas também é uma busca de evitar um cisma - que seria liderada pelo campo conservador da Igreja dos EUA (1/5).
Essa coalizão "bergoliana" é grande e complexa, envolvendo grandes instituições da Igreja, que já tiveram suas questões inclusive entre elas: Francisco era jesuíta, Leão XIV foi prior-geral dos agostinianos - organizações que nem sempre andaram juntas, pelo contrário (2/5).
Leão XIV será um pouco menos progressista do que Francisco, mas poderá consolidar muito do que foi feito e suscitado nos últimos 12 anos. E é um meio de neutralizar setores conservadores perigosos, seja pela tomada do poder ou pelo cisma (3/5).
Trump tentou usar seu ministro da Fazenda, Scott Bessent, para abrir conversas com os chineses. Não deu. Ele mesmo teve de falar, já que o telefonema de Xi não veio, mesmo depois dele ter recuado várias vezes. Houve muita pressão interna também (1/5).
O assim chamado sistema do dólar não consiste apenas nos EUA. Ele envolve os países que ficam na outra ponta, possuem títulos da dívida americana e exportam para Washington [muitas vezes sediando fábricas americanas] (2/5).
É como o teatro: se o melhor ator do mundo não tiver público, a peça que ele encena simplesmente não existe. Trump blefou, mas a China mostrou capacidade de leitura de conjuntura e unidade para resposta. Trump não tem isso, nem na política, nem na economia (3/5).
Testemunhamos um choque no comércio global. A China se voltará para o mercado interno e para os outros países, isolando os EUA, coisa que ela já tem feito lenta e gradualmente nos últimos tempos. O médio e longo prazo favorecem Pequim (1/7).
A Europa não vai junto dos EUA, o que é um problema enorme para Washington. Musk sabia bem disso, por isso propôs uma não tarifação europeia - inclusive pelo bem dos próprios negócios dele, mas também do seu setor (2/7).
O problema interno dos EUA não são a China, nem o comércio global, mas como a acumulação de capital da sua elite está entrando em choque com a estabilidade e o crescimento (3/7).
Muitas contas oficiais da China reproduziram hoje este discurso de Reagan de 1987, um libelo antiprotecionista. Parece loucura, mas não é. Obviamente, Reagan está muito distante de Pequim, mas não nesse assunto em particular, por razões milenares, inclusive (1/13).
Um certa leitura vulgar aponta que há uma disputa restrita a liberalismo/livre comércio versus protecionismo - onde, talvez, a posição da esquerda deve ser a segunda. Obviamente, não é isso. Livre comércio e protecionismo são métodos diferentes e não verdades fechadas (2/13).
Com raízes mais antigas, e até imediatamente pré-capitalistas, um protecionismo sistêmico era a forma que a França sob Colbert, o poderoso controlador-geral de Luís XIV, se organizava economicamente. Isso não é "de esquerda", convenhamos (3/13).