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Sep 16, 2020 10 tweets 2 min read Read on X
Por que é tão importante combater o estigma social em torno do HIV?

Por Matheus Manfre

Assistente Social da #EquipeMaravilha
Sempre que nos deparamos com posicionamentos moralistas nos perguntamos: “mas porque?”, “em que órbita vive essa pessoa?”, “Ela vive em que século?”. E, no mesmo momento que nos questionamos, nos lembramos de um grande inimigo, o ESTIGMA SOCIAL...
Estigma significa uma marca em alguém ou em um grupo. Essas são encaradas de forma negativas, e frequentemente discriminadas. Em alguns casos não respeitando o princípio da dignidade da pessoa humana e consequentemente negando direitos humanos, que é intrínseco a todos.
Mas, porque tanto estigma em torno ao HIV? Porque as pessoas que VIVEM com HIV são tão estigmatizadas e discriminadas? Historicamente, nos primeiros programas de prevenção, associaram o HIV com os chamados “maus” comportamentos (sexo fora do casamento e uso de substâncias
psicoativas injetáveis) e sem contar a grande mortalidade nas primeiras décadas.

Os efeitos do estigma constroem uma barreira para que as pessoas que VIVEM com HIV possam VIVER também socialmente, dificultando a busca por apoio e serviços de assistência, consequentemente
prejudicando também a prevenção.

Associar o HIV com o “mau” comportamento e com a morte, contribui para que as pessoas não se testem regularmente, ou seja, o estigma atinge aqueles que conhecem sua sorologia e aqueles que não conhecem.

Nós desafiamos o estigma!
É urgente ações que contribuam para o rompimento do estigma, para isso é necessário desenvolver aspectos positivos em relação ao HIV (sem romantizar), mas é necessário ensinar e aprender que o HIV afeta a todos, independente de gênero, orientação sexual,
classe social, etnia, idade e crença religiosa, e enfatizando que existe tratamento, e quando acessado/ofertado com qualidade, as pessoas podem VIVER!

Precisamos também naturalizar os comportamentos sexuais em toda sua diversidade e desmistificar que o sexo “normal”, é o sexo
heterossexual. Sexo sem tabus é necessário e promover a educação sexual e abordagens de prevenção plural, considerando diferentes grupos, é urgente!

Por fim, para vivenciarmos uma nova sociedade, mais livre e com muito menos estigma, não podemos deixar de responsabilizar
os agentes de políticas públicas, que tem a responsabilidade e o dever de elaborar, executar e monitorar ações e também encorajar/incentivar grupos e organizações de apoio a pessoas e famílias que VIVEM com HIV.

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Mar 28
Minha opinião sobre o Profissão Repórter sobre HIV e sexo químico.

Acabei de assistir!


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Primeiramente quero dizer que fiquei emocionado de ver TANTA gente importante e querida participando.
O Dr. Fábio Mesquita
O Dr. Bernardo Maia
Os ativistas David e Lucas Raniel
As ONGS Multiverso e Barong com Pierre e Fabi
Os funcionários do CRT e Emílio Ribas

Falaram de PrEP, PrEP sob demanda, Indetectável = intransmissível, transmissão vertical, o novo comprimido único, prevenção combinada!
Sério, eu quase chorei nessa parte.

Um programa de TV aberta falando de tudo isso: foi maravilhoso!

Já em relação ao sexo químico reconheço que faltou representatividade de outros públicos além do LGBT.
O sexo químico é conhecido internacionalmente como uma prática entre homens gays cis.
O nome originalmente foi criado pra esse grupo, mas a prática certamente envolve outras populações.

Sei de fontes confiáveis que nossa ONG queria levar o pessoal da reportagem para um baile funk na periferia, onde também há prática de sexo químico, mas houve um impedimento no dia devido ao transporte.
Teria sido fantástico, mas não rolou.

Também faltou mais representatividade feminina, já que mulheres são parcela importante do público vulnerável ao HIV e IST’s.

Isso reforçaria a ideia de que HIV é assunto de todos, apesar de sim: ainda somos populações vulneráveis e nos infectamos proporcionalmente mais (10% população gay e 0,7% população geral), a conhecida epidemia concentrada.
Isso é fato e não devemos relativizar.

Mas pessoal: fazer televisão não é simples. Nem trabalho de uma pessoa só.
Posso garantir que as pessoas que deram entrevistas, profissionais e voluntários, trabalham arduamente nessa causa e fizeram seu melhor!

O copo para mim está metade cheio. Bem cheio, aliás.
Estou nessa causa há 9 anos e sei o quanto é difícil ter espaço pra falar dessas pautas, principalmente em momentos de tanto conservadorismo.

Talvez um programa apenas sobre HIV e outro sobre sexo químico fosse o ideal.
Pra dar mais profundidade para as pautas.

Criticar é fácil e geralmente as piores críticas vêm de quem não faz nada pela causa.
Quem está nas trincheiras sabe o quanto é difícil construir algo.

Perfeito? Não foi.
Nunca será.
Estamos há 40 anos falando disso, se fosse simples já tava resolvido.
Mas trouxe um destaque, um olhar e sim deve ter tocado no coração de muita gente.

O estigma deve ser combatido diariamente, não é um programa de televisão passando meia noite depois do BBB que vai mudar isso.
É responsabilidade coletiva.
Faça sua parte também antes de só apontar falhas dos outros.

A causa do HIV é de todos.
Vencer a Aids é tarefa de todos.
E se não houver união e críticas construtivas, esse caminho se torna muito mais difícil.

É minha opinião.

Parabéns aos repórteres e a todos envolvidos. Sigamos avançando.

Vinícius. ❤️‍🩹

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Mar 26
🚨 Sobre o ‘vírus comedor de ânus do Japão’

Mais uma vez a mídia mais desinforma, que informa.
Beira o mau caráter.

Alguns esclarecimentos: Image
- Não é vírus. É uma bactéria nossa velha conhecida: Streptocococcys pyogenes, causa comum de infecções de garganta, de pele e febre reumática.

- Não ‘come’ ânus. Ela pode colonizar (estar presente) em orifícios, como ânus, boca, narinas e genitais.

- Não é transmitida pelo sexo, mas sim por contato por gotículas (tosse), superfícies contaminadas e secreção nasal.

- Essa forma grave é chamada síndrome do choque tóxico, causada por cepas mais virulentas (agressivas) que produzem toxinas e geram
•Febre
•Pressão baixa
•Disfunção de órgãos
•Manchas no corpo + Descamação

Provavelmente são essas cepas produtoras de toxinas que estado circulando no Japão.

- O tratamento é com antibióticos, principalmente da classe das penicilinas.
Ainda não temos vacina.

- Prevenção é higiene pessoal, saneamento básico e etiqueta da tosse.

Em breve o fio completo.

Vinicius Borges
Médico infectologista
Cremesp 202.114
RQE 76.676
Muitas pessoas já são portadoras assintomáticas dessa bactéria, ou seja, têm ela no corpo mas nunca sentiram nada.
Provavelmente cepas menos agressivas.

Não é IST!

Tem nada a ver com beijo grego essa bactéria.
Ela está na pele, nas secreções e nos orifícios citados, então se você tem contato com alguém doente, pode se infectar. Mas nem todo mundo vai adoecer.

No Japão, entretanto, estão observando muita gente adoecendo, por isso a preocupação. Ainda não se sabe porque estão vendo casos tão agressivos.

Mas ainda não foi nada dito sobre transmissão por anilingus (beijo grego). Não tem nada a ver com sexo anal.

Em breve falarei mais.
Só fiz esse post hoje porque muita gente tá apavorada e uma parte da mídia não faz nada direito.
Felizmente temos jornalistas sérios que vão desmistificar isso.

Vinicius Borges
Médico infectologista
Cremesp 202.114
RQE 76.676

#doutormaravilha #wonderdoctor #saudelgbt #infectologia #infectologista #choquetoxico #virusjapao #infectologia #infectologista
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Feb 7
O ideal seria todes utilizarem preservativo no sexo oral, que pode sim transmitir HIV, hepatites e IST’s. Mas convenhamos: isso não acontece. Por isso, pensando no mundo real, juntei dicas importantes para diminuir os riscos dessa prática. Fiz com muito carinho. Compartilhe.

Sexo oral é sexo, não é preliminar. Portanto tem sim riscos para HIV e IST’s. O ideal seria todes utilizarmos preservativo. Mas como isso não acontece, seguem dicas pra diminuir os riscos:

1 - Teste-se regularmente para HIV, sífilis e hepatites.
No Brasil as testagens podem ser feitas pelo SUS nas UBS, SAE’e e CTA’s. A frequência vai variar de acordo com a frequência da sua exposição, mas pelo menos 1 a 2x por ano é indicado para pessoas com vida sexualmente ativa.

Se você vive com HIV e está indetectável ha 6 meses não trasmite o vírus por via sexual, mesmo com ejaculação.
2 - Teste-se para gonorreia e clamídia na orofaringe (garganta). O CDC estadunidense já recomenda exames de PCR para gonorreia e clamídia para todos homens que fazem sexo com homens (HSH), a cada 3-6 meses e para mulheres jovens <24 anos após troca de parceiros (??). Como se mulher tivesse que ter um parceiro só.

3 - Tome vacinas contra HPV, Hepatite A, Hepatite B e Meningite C.

O HPV é altamente transmitido por sexo oral e está e relacionado à câncer de garganta.
A Hepatite A é transmitida pelo sexo oral no ânus (beijo grego), com risco de hepatite fulminante (perder o fígado).
A Hepatite B possui transmissão sexual 60 a 100X mais eficiente que o HIV.

E a nossa garganta pode ser reservatório de bactérias causadores de meningite (Neisseria sp.). Estudos ja demonstraram um risco 10x maior de meningite meningocócica em homens gays e o CDC passou a recomendar a vacina ACWY.
4 - Evite que ejaculem na sua boca. O esperma contém grande número de particulares virais de HIV e bactérias, portanto o risco aumenta exponencialmente. Se ejacularem, cuspa ou engula, já que geralmente a maior chance de transmissão é enquanto o líquido está na cavidade oral e após ser ingerido será inativado pelo suco gástrico.

5 - Para sexo com pessoas com vagina evite sexo oral durante período menstrual ou corrimento não fisiológico (fora do habitual).

O sangue menstrual aumenta o risco de transmissão de HIV e hepatites, e o corrimento pode representar infecções por gonorreia, clamídia ou tricomoníase.

6 - Escove os dentes ou passe fio dental apenas 2h antes ou 2h após o sexo oral.

Pesquisadores da Universidade da Geórgia concluíram que o ato de escovar ou passar fio dental abre ferimentos, micro fissuras e ocasiona sangramentos que são portas de entrada para HIV e IST’s. Principalmente se feito de maneira vigorosa. Alimentos duros que podem machucar as gengivas também.
Para manter um bom hálito prefira uma bala refrescante ou um enxaguante bucal sem álcool.
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Nov 6, 2023
Questão de saúde pública!

Recebo diariamente dezenas de dúvidas sobre o HPV e portanto compilei as principais informações que você deveria saber.

Fiz com muito carinho.

Compartilhe ❤️‍🩹

Vinicius Borges
Médico infectologista
Cremesp 202.114
RQE 76.676

#doutormaravilha #wonderdoctor #hiv #aids #hpv #vacinahpv #saudelgbt #infectologia #infectologista #prephiv
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Jun 17, 2023
Tão dizendo que a nova temporada de #BlackMirror tá incrível né?

Tô aqui criando estabilidade mental pra me desestabilizar tudo depois de cada episódio

🤯
Amei o primeiro episódio

Angustiante mas teve um final massa
O episódio 2 de #BlackMirror traz uma reflexão importante sobre espetacularização da dor e do sofrimento.

Tô engasgado aqui

E acontece DEMAIS
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Jun 14, 2023
Risco de se infectar após transar com alguém com HIV em tratamento e indetectável há 6 meses:

1) Gozou dentro do ânus ou vagina: ZERO
2) Gozou na boca: ZERO
3) Sangrou durante o sexo: ZERO
4) Tinha tomado vacina ou tava gripado: ZERO
5) Tava com outra IST: ZERO

Lancet, 2019
Uma pessoa em tratamento antirretroviral para o HIV, que faz controles regulares (pelo menos duas cargas virais ao ano) e mantém carga viral abaixo de 50 (nos estudos o limite foi 200) há pelo menos 6 meses, não transmite o vírus por nenhuma via sexual.

Mesmo se ejacular.
Mesmo… twitter.com/i/web/status/1…
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