Por exemplo, quantos casos novos de COVID-19 (por 100.000 pessoas) a gente teve nos últimos 14 dias?
Quantos testes deram positivo nos últimos 14 dias? Tem teste o suficiente para fazer essa contagem?
As escolas precisam implementar as 5 estratégias ali dispostas. Alguma está garantida? Há programas de secretarias da educação e MEC para garantir sua aplicação?
E não é nada, não é nada, essas coisas custam caro.... Nesse texto há inclusive uma precificação: 1,8 milhão de dólares por distrito escolar. No Brasil, isso seria o equivalente a mais ou menos 9,5 milhões de reais para pouco mais que dezenas de escolas.
Então, reabrir escolas têm um custo. Isso, claro, se a gente quiser fazer com segurança. E vejam, nisso daí precisamos calcular também que, ou fazemos rodízio, ou simplesmente vamos ter que contratar mais professores - afinal, as turmas terão que ser reduzidas.
O @fefezao , que é ex-professor da rede pública, já deu a morta: vai ter muita coisa sendo feita "pra inglês ver", autoritarismo tosco com as máscaras (aluno que tirar a máscara vai ser suspenso e coisa do gênero), mas pouca coisa estrutural de fato.
As escolas vão trocar bebedouros, se tanto, mas reformas mais amplas, visando arejar e aumentar a circulação de ar, devem ficar em segundo plano.
Quando eu dava aula na rede pública, lembro que todo o segundo andar da escola tinha uma infiltração insalubre nas paredes...
Comunidades escolares mais organizadas ou estruturadas vão se mobilizar para comprar os equipamentos necessários, com muito custo. Outras, possivelmente, não vão ter a mesma condição. O Estado vai dar de ombros dizendo que já estourou seu orçamento...
Nesse ponto, é importante salientar: o Estado não deve vir com nenhuma proposta concreta e vai querer somente planilhas de alunos ativos. Como eu sei disso? Porque minha universidade fez isso durante a pandemia para saber quem podia ter estudar online.
50% dos alunos responderam
E isso que universidade mobiliza muito mais grana que escola - muito mais mesmo.
Então, sou muito cético sobre a possibilidade do Estado investir qualquer coisa para que esses protocolos de segurança sejam cumpridos.
A única coisa que vai mobilizar o Estado vai ser tirar o seu da reta. Como já vêm fazendo... (aliás, se sou obrigado a retornar sem vacina e contraio a doença, lamento, mas processo a União na mesma hora).
Mas tem que abrir o cofre e ter responsabilidade na gestão do dinheiro para garantir a segurança de alunos, professores, funcionários e comunidade escolar.
Ou de outra forma, é tudo falcatruagem mesmo.
PS: Contratualistas do mundo, me ajudem aí com uma dúvida. Se o Estado não pode garantir a segurança de meu filho e família numa pandemia, ele pode exigir o retorno presencial às aulas?
Só o que me falta acabar virando ancap desse jeito...🥴
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Dormi mal ontem por causa do horror do que houve ontem em Gaza, do massacre de civis que buscavam alimentos.
Parece que segundo os monopolizadores da memória do holocausto, não se pode fazer comparações com o nazismo.
Beleza. Vou lembrar do que houve na Índia, em 1919.
Nesse ano, os ingleses praticamente sepultaram todas as conversas com os líderes indianos para um plano de independência. E, tão logo a 1ª GM acabou, os ingleses promulgaram o Rowlatt Act, uma lei que permitia que o governo colonial britânico prendesse qualquer pessoa...
...suspeita de participar de qualquer atividade contrária ao governo colonial. E mais: elas sequer teriam acesso aos processos. Kafka é fichinha.
Na região do Punjab, ao longo dos meses de março e abril, uma série de protestos contra a lei deixaram os governadores e chefes...
É preciso que se diga uma coisa sobre negacionismo do holocausto.
Um dos maiores nomes críticos a esse negacionismo foi um historiador francês e judeu chamado Pierre Vidal-Naqet.
Vidal-Naqet escreveu, em 1987, um livro chamado "Os assassinos da memória", onde desfere duras críticas a acadêmicos e a imprensa por darem palco aos chamados intelectuais negacionistas.
Baseada numa falsa ideia de "arena pública", muita gente acabou abrindo espaço para negacionistas preferirem as maiores mentiras sobre a Shoah. E, em alguns casos, com o aval de intelectuais renomados (como Noam Chomsky, p. ex.).
Por ocasião do conflito, tenho tentado retomar leituras sobre movimentos israelenses e palestinos que lutaram contra o sionismo ao longo do século XX.
Um dos mais interessantes foi o Matzpen:
Durante a Guerra dos Seis Dias, o Matzpen se aliou com grupos palestinos para denunciar a guerra e exigir a "des-sionização" de Israel. A defesa era da criação de um Estado único e secular para árabes e israelenses.
Na verdade, nos anos 1960 e 1970, uma parcela significativa da esquerda israelense era anti-sionista. A Guerra dos Seis Dias foi determinante nesse sentido, mas os "rachas" entre a esquerda (inclusive os comunistas) era anterior.
Em 1967, as cortes israelenses criaram dois sistemas jurídicos distintos. A jurisprudência dos territórios ocupados é coordenada por tribunais militares.
Ontem eu postei um mapa que o Irgun divulgava sobre o projeto de Erez Israel, na década de 1930 - e que manteve-se fiel a ele em 1940.
Fui acusado de antissemitismo por isso. Mas antes de dar processo a rodo, vou dar aula de história.
A história do Irgun remete ao sionismo revisionista de Ze'ev Jabotinsky. Na formação do sionismo político israelense após 1917, Jabotisnky liderou um grupo de sionistas que contestava o pragmatismo de líderes como Ben Gurion.
Para eles, a Palestina deveria ser conquistada...
...militarmente. E isso implicava (nos anos 1930, ao menos) num governo militarista e autoritário. Jabotinsky era um grande admirador do fascismo italiano e de Benito Mussolini.
Mas para além da conquista da Palestina, Jabotinsky defendia a criação da "Grande Israel".
7 livros que fundamentaram as minhas concepções sobre a questão Palestina:
1) "A questão da Palestina", de Edward Said. Um livro inescapável. A partir da história da colonização israelense na Palestina durante os anos do mandato britânico, o autor mostra como a identidade palestina se construiu num "não-direito" à terra.
2) "The Palestine Nakba", de Nur Masalha. Infelizmente, sem tradução, mas um livro poderoso que retoma a importância de entender um projeto de História decolonial por meio da memória dos palestinos sobre a Nakba, a "catástrofe", ocorrida em 1948.