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"É com a cabeça enterrada no esterco que as sociedades moribundas soltam o seu canto do cisne". (Aimé Césaire) Professor. Pai do Pedro.
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Jan 31 21 tweets 8 min read
Um fio sobre crimes do colonialismo - ou quando a Legião Estrangeira decapitou crianças...

Por conta de um projeto, passei a ler alguma coisa sobre a história da Legião Estrangeira Francesa. E tem umas histórias assombrosas. Não deve surpreender as pessoas o fato de que a Legião Estrangeira era a tropa avançada do colonialismo francês. Você já viu isso em desenhos e filmes. Os valentes legionários contra beduínos, tuaregues e demais nativos, sempre retratados como selvagens.

dailymotion.com/video/x57d984
Jan 30 6 tweets 1 min read
Tô aqui pensando nesse lance da organização política defender a abstinência de álcool e drogas como plataforma para a militância.

Engraçado que pra mim, militância era outra parada. Que envolvia inclusive o bar como espaço de composição política. "Ah, mas isso não faz revolução".

Então, verdade. Mas abstinência também não. E eu nem acho que o bar (ou, de forma mais ampla, álcool e outras drogas) é um espaço privilegiado de militância, não.

Mas é um espaço de sociabilidade.
Jan 3 15 tweets 6 min read
Tem uma forma simplória de explicar isso, mas que a rigor, está correta: diferente da Europa, a China nunca precisou colonizar nenhum país para se desenvolver.

A China, nas dinastias Ming e Qing, nunca apostou no colonialismo para superar seus impasses internos. Não quer dizer que ambas as dinastias não tenham apostado na ideia de subjugar os outros. Entre os séculos XIV e XIX, a China expandiu o chamado "sistema Cefeng", ou sistema tributário.

Nele, os países do mundo pagariam tributo a corte imperial (kowtow) para os chineses.
Jan 2 5 tweets 2 min read
Não surpreende, mas é sintomático que nem a @folha e nem o @Estadao esperaram o cadáver político do Jair esfriar pra já meterem manchetes com conteúdo "saudades do meu ex". O primeiro é engraçado porque junta, na mesma frase que Lula fala aos seus e defende a democracia.

Como exercício de interpretação, alguém diria que o outro lado, ao falar com seus, defenderia a democracia?

Porque né... não ocorreu nada assim nos últimos 4 anos. 🤷
Dec 14, 2022 23 tweets 9 min read
Um dos motivos que torna o jogo de França x Marrocos tão potente é a história entre eles.

Entre 1907 a 1956 a França ocupou militarmente o país africano. Foram quase 50 anos de domínio colonial - direto e indireto. Alguns deles, marcados por crimes contra a humanidade. Image O mais famoso desses crimes talvez tenha sido na Guerra do Rif (1921-1926), onde rebeldes da região de Rif enfrentaram primeiro os espanhóis e depois os franceses. O uso sistemático de tanques, bombardeios e armas químicas pelos europeus marcou o conflito.

Mas isso tem história. Image
Dec 12, 2022 6 tweets 2 min read
Ainda sobre Marrocos, fico com a citação de um colega da época do doutorado...

(ASSUMPÇÃO, Jorge Euzébio. "África: uma história a ser reescrita". IN: MACEDO, José Rivair (org.). Desvendando a História da África. Coleção Diversidades. Porto Alegre: Ed. UFRGS , 2008). Image Em 2019 ainda assisti um palestra do professor Rivair, organizador do livro, medievalista de primeira linha e que se tornou um dos maiores africanistas da última década.

Boa parte da fala dele foi sobre o comércio transsaariano no chamado "medievo".
Dec 5, 2022 8 tweets 2 min read
Eu tenho uma outra hipótese, bem menos "objetiva".

A real é que a conversão do futebol em mercadoria esvaziou algumas narrativas míticas. Uma delas é a ideia de amor pelo futebol. Amor pelo futebol, vejam bem, é real. Tá lá na infância e vai crescendo, se bem alimentado.

Mas né, foi encapsulado pela ideia da profissionalização da bola. O amador, tal como existia no passado, não existe mais. Entrou em campo o profissional, que tem do futebol uma profissão.
Nov 29, 2022 22 tweets 4 min read
Estou em alguns grupos de Whatsapp com colegas historiadores. Muitos desolados com a quantidade de notícias sobre pichações de suásticas em escolas - combinadas com o terrível atentado em Aracruz.

Muita gente boa já falou aqui, mas vou dar um pitaco também: O nazismo é uma ideologia odienta. Ponto. Nada, absolutamente nada, que o nazismo apregoa, merece ser tratado com razoabilidade, ou dúvida, correndo o risco de simplesmente relativizarmos um dos maiores horrores da história.

Mas por que jovens se interessam por isso?
Nov 28, 2022 6 tweets 1 min read
Tá rolando uns lances bizarríssimos na China e tem muita gente já dizendo que a história de Urumqi e os movimentos anti-lockdown são estratégia da direita.

As famosas guerras híbridas. E pode ser isso mesmo. Mas tem um adendo que eu sempre faço, que não diz respeito especificamente à China.

É um alerta pra socialistas.

Sempre que o capital se multiplica em uma determinada sociedade, ele força ao máximo, por todos os meios possíveis, a transformação das relações sociais.
Nov 26, 2022 11 tweets 2 min read
É preciso dizer: ninguém odeia o Neymar só porque ele votou no Bolsonaro.

Pega essa seleção, tem 26 malucos. Chuto que uns 75% votaram no Jair. Vou cancelar? Nada.

A camiseta é maior do que essa gente. Pessoal quer o hexa, quer 7 jogos, ceva às 10 da matina. Foda-se. Mas Neymar, ah, Neymar contrariou a CBF e foi expressar apoio direto à Jair Bolsonaro. Numa "super live". Que só foi interrompida porque Roberto Jefferson jogou granadas em policiais federais.

Vocês lembram disso?

Porque a imprensa esportiva faz questão de esquecer.
Nov 25, 2022 5 tweets 1 min read
Essa fala do Tite, de que Neymar ainda joga a Copa, me dá a entender que com essa lesão, não joga mais a primeira fase.

Se for isso, pra seleção, é uma perda, mas muito menor do que foi em 2014 (ou do que seria em 2018). Se pegar o jogo de hoje, perde porque Neymar tem sempre marcação especial. Mesmo quando não tá num grande dia, como hoje, puxa marcadores e alivia a pressão sobre os demais.
Nov 16, 2022 9 tweets 4 min read
Essa notícia é muito interessante, mas mesmo vendo na imprensa internacional, é incrível como o papel do colonialismo praticamente não aparece nessa história toda. É uma espécie de sujeito ausente quando se fala de África, ou de Ásia. Nessa história, cabe ressaltar que no Benin, antiga colônia francesa de Daomé, o aborto era uma prática de regulamentação social. Era normalizado e havia tratamento adequado para as mulheres, de acordo com determinadas normas comunitárias.

Aí vieram os franceses.
Nov 14, 2022 12 tweets 4 min read
Acabamos de ver a versão mais recente de "Nada de novo no Front" aqui em casa.

Como fã de carteirinha do livro, acho que o filme me decepcionou demais. Apesar da atuação assombrosa do jovem Felix Kammerer, o filme peca num didatismo que o romance, de quase 100 anos atrás, não tem.

Sim, são mídias diferentes. E essa é a primeira adaptação do cinema alemão ao livro do Remarque, mas ainda assim.

Algumas broncas: Image
Nov 11, 2022 9 tweets 3 min read
No dia 01/06/2021, o Brasil atingiu a marca de 2.346 mortos de Covid. Eram totalizados mais de 465 mil mortos.

Também foi o dia em que a Ibovespa atingiu a alta histórica de mais de 128.000 pontos.

Esse é o "mercado". Aliás, esse aumento da bolsa foi justamente porque o PIB tinha crescido no primeiro trimestre, dando a impressão de que se voltaria ao patamar da economia pré-pandemia.

No trimestre seguinte, o PIB volta a cair.
Oct 17, 2022 7 tweets 2 min read
Toda eleição é a mesma coisa.

Se não é Nicarágua, é Venezuela, é Cuba...

E, ao mesmo tempo, ninguém pede para Bolsonaro se posicionar contra a ditadura militar no seu país, ditadura que ele apóia e luta para reconstituir. E mesmo que se diga que isso é coisa do passado, de novo, ninguém fala pra Bolsonaro se posicionar contra a Hungria, ou contra a Arábia Saudita (países que ele ostenta seus vínculos políticos inclusive).

Nada. Silêncio profundo. É praticamente normalizado pela imprensa.
Oct 17, 2022 16 tweets 4 min read
Achei ruim o debate sobre educação. Lula não foi bem, mas aponta para um diagnóstico: conversar com estados e capitais para pensar em plano nacional de educação. Precisamos de mais, mas é alguma coisa.

E Bolsonaro? Bosta. Lula tá certo em botar prefeitos e governadores para conversar. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases, a educação básica é responsabilidade desses poderes. Eles que deveriam avaliar a concretude da educação pública brasileira.

Mas e Bolsonaro? Bosta. E eu explico:
Oct 6, 2022 16 tweets 3 min read
Tem um lance que me pega nesse papo de "ai, vale tudo para destruir o fascismo?" que é justamente a memória histórica da primeira grande derrota do fascismo em escala global: a Segunda Guerra Mundial. A gente foi ensinado, por meio de uma pervasiva forma de consciência histórica, a entender essa guerra como uma fábula moral. Os bons x os maus. Essa razão se sobrepôs às disputas políticas em jogo. E aí parece a guerra se deu porque um dos lados era moralmente superior.
Oct 5, 2022 6 tweets 1 min read
"Vale tudo pra derrotar o fascismo?"

Sim.

Próxima. Lembrando: para derrotar o fascismo nas suas primeiras manifestações, foi necessária uma guerra mundial que matou milhões de pessoas.

A escala de brutalidade e violência nessa luta não tem igual. Muita gente sofreu e sofre muito pelos horrores cometidos.
Oct 4, 2022 4 tweets 1 min read
Assim, talvez o Guilherme não lembre, mas eu lembro da campanha de 2002.

Em comparação com 2022, o Lula de 2002 parecia um velho bolchevique! 🤪 Pra quem duvida, basta olhar o programa de governo de 2002 e comparar:

www1.folha.uol.com.br/folha/especial…
Oct 4, 2022 5 tweets 1 min read
Minha ponderação: não há garantia de que os votos do primeiro turno se mantém. Embora seja o mais lógico e, consequentemente o mais provável, os votos podem virar. Em 2018, diante da surra que tomamos no primeiro turno, essa foi a bandeira da esquerda, o "vira voto".

Não acho que Bolsonaro vai propor tomar café com bolo com quem votou no PT. Mas seu discurso indica que vai se aproximar de quem votou nele em 2018 e caiu fora.
Aug 28, 2022 13 tweets 5 min read
Vou pegar o gancho da @safbf e do @CaioAlmendra , porque ando pensando muito nisso.

Esse é um país que promoveu diversos genocídios decorrentes da fome. Quais os mecanismos que tornam esses horrores invisíveis, mesmo quando acontece na cara das pessoas? Tipo, entre 1979 e 1983 tivemos uma das maiores secas do Nordeste, cinco anos de estiagem no chamado polígono das secas, afetando várias regiões.

Pesquisadores da época falaram em 1 milhão de mortos pela fome.