É muito comum nesses debates sobre treinador, sequência, demitir ou não, alguém vir com a carta do “mas vai esperar perder o ano pra demitir?”. E aí eu fico pensando se a gente não precisa repensar um pouco o tamanho de “um ano”. Será que “um ano” é tanto assim?
Vou usar o exemplo do Flamengo por ser o campeão de tudo. Imagine que o Flamengo caia nas oitavas da Libertadores, nas quartas da Copa do Brasil e fique em 4º no Brasileirão. “Perdeu o ano”. E daí? Quantos anos melhores que esse o Flamengo teve no século? Qual o problema?
De modo que, se e quando há confiança no projeto, “perder o ano” (um ano) deve fazer parte desse projeto. Ainda mais um ano deprimente como esse, sem torcida no estádio, sem nada. “Perder um ano” já é normal. Perder ESSE ano, então, honestamente...
Se a gente estiver falando de uma não-classificação à próxima Libertadores ou de um rebaixamento no caso de um time mais fraco, aí é outra história. Mas achar que a perspectiva de UM ano sem título deve interromper um projeto complexo é um tremendo exagero.
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Pra quem esperava o Flamengo da liberdade de movimentação e do protagonismo das ações individuais dos jogadores, a escolha de Sampaoli é uma quebra de expectativa.
É um técnico que, assim como Domenec, Sousa e VP, coloca suas ideias acima de características individuais.
Veja: não é que ele faça o mesmo jogo dos citados. É só que, assim como eles (e, a bem da verdade, a maioria dos técnicos de ponta), o time se adapta à ideia e não o contrário. Não tem problema. Mas é que no Flamengo isso tem sido problemático quando não existe uma sintonia.
Jorge Jesus fez um trabalho obviamente espetacular no Flamengo. O time jogou uma bola que há 20 anos não se via no Brasil. Porém, o mito sebastianista de que um dia ele vai voltar pra resgatar esse período glorioso é utópico mesmo que de fato ele aceite retornar.
A saudade não é do Jorge Jesus. A saudade é do espanto que ele causou. E por isso é impossível de se repetir: olhando em retrospectiva, a campanha do Flamengo na Libertadores de 2022 é muito mais impressionante que a de 2019.
Mas uma encerrou 38 anos de jejum. A outra foi banal.
Aquela comunhão não vai existir de novo daquela forma. É preciso pensar em construir uma história diferente. Eventualmente com o próprio Jorge Jesus. Ou com outro técnico. Mas ouso dizer que ninguém vai despertar a sensação que aquele time de 2019 despertou. Contexto importa.
Glória aos “perdedores”, “fracassados”, “derrotados”… que são convictos daquilo que fazem.
Viva Fernando Diniz. O futebol brasileiro precisava, precisa e ainda vai precisar muito dele.
O título demorou, mas veio da maneira mais arrebatadora possível. Viva! Merecedor demais.
Fernando Diniz acerta e erra. Mas Fernando Diniz é a resistência ao “não dá”. Ao “não pode”. Ao “não tem como”. Ao “meu elenco é ruim”. Ao “não tenho reforço”. Ao “tem muito jogo”. Foi lá, não poupou, enfiou 3 no Cristal e 4 no Flamengo.
De vez em quando a mediocridade perde.
O futebol dos influencers que precisam de berros sem sentido contra o trabalho dos outros pra ganhar likes nunca vai entender o Diniz.
O futebol da tolerância zero ao erro, visto e comentado por pessoas que devem acertar todo dia, jamais vai entender o que ele desperta.
Último título, 2003. Última vez entre as cinco primeiras, 2011. A Gaviões já tentou de tudo nos últimos 12 anos pra sair da fila. Esse ano vem pra delirar. O enredo é 100% utópico. Imagina um mundo de harmonia entre as crenças.
📸 UOL
🙏 COMO SERÁ O ENREDO
C de frente: o mundo atual e a intolerância religiosa
1º setor: A paz de Deus no raiar de um novo dia
2º setor: cristãos e indígenas, xiitas e sunitas, Cristo e Oxalá: a paz entre as crenças
Duas vezes 4º lugar nos últimos 4 anos. O título da Tom Maior anda batendo na trave e a escola agora aposta ao mesmo tempo na África e na maternidade e feminilidade, temas caros à sua comunidade, pra chegar lá.
📸 G1
🤰🏿COMO SERÁ O ENREDO
C de frente: Saudação à Odu, a primeira mãe, a criadora do mundo segundo os iorubás
1º setor: a criação do mundo
2º setor: as iyamis, as mães-pássaro
3º setor: yabás, orixás femininas do candomblé
4º setor: Nossa Senhora e as santas pretas do catolicismo
Depois de 17 anos a Rosas de Ouro voltará a cantar um enredo de matriz afrobrasileira. É um caminho para se reconectar com suas origens na Vila Brasilândia e para abordar um tema atual, como foi com os rituais de cura em 2022.
📸 SRzd
✊🏿 COMO SERÁ CONTADO O ENREDO?
1º setor: as várias Áfricas que aportaram no Brasil
2º setor: a chegada dos negros escravizados e o Quilombo de Palmares
3º setor: a contribuição do povo preto nas artes, na cultura, esporte e política