Conto nesta edição da @RevistaEpoca a articulação que o Planalto fez para tentar livrar a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr, do impeachment -- e como isso causou um racha no bolsonarismo catarinense. epoca.globo.com/brasil/a-artic…
Para entender a situação do Moisés, é preciso relembrar como ele foi eleito. Essa é a história recente dele (e bastante curiosa): Aos 50 anos, ele curtia a aposentadoria de coronel do Corpo de Bombeiros em Tubarão, um município de 100 mil habitantes no sul de Santa Catarina +
Os passatempos do Moisés eram pesca, mergulho e principalmente produção de cerveja artesanal. Ele estava sem maiores pretensões e decidiu se mudar para Florianópolis no começo de 2018 para acompanhar a filha no cursinho pré-vestibular para medicina. Vida normal.
Assim que Moisés se mudou para Floripa, ele recebeu a visita de um amigo, Lucas Esmeraldino, então vereador em Tubarão pelo PSDB. Ele vinha defendendo o Escola Sem Partido na Câmara Municipal da cidade - o que despertou a simpatia de Eduardo Bolsonaro.
O Esmeraldino veio com uma proposta. Tinha acabado de voltar de Brasília com o diretório estadual do PSL debaixo do braço e queria a ajuda de Moisés para montar a legenda em SC. Moisés era tbm advogado e mestre em direito, mas nunca tinha participado da política.
Esmeraldino queria se candidatar a senador e precisava da ajuda do amigo: "Vai, me ajuda por 4 meses até a eleição e depois você toca a sua vida de novo, quando eu for pra Brasília". Moisés hesitou, mas aceitou ser tesoureiro do PSL-SC.
No último dia para registro das candidaturas, Esmeraldino viu o plano de coligação naufragar. Como não tinha aliados para lançar candidaturas conjuntas, ele se viu obrigado a completar a ata com nomes do próprio PSL. Moisés SOBROU para ser inscrito como candidato a governador.
"Eu não entendi bem o que você falou. Candidato ao QUÊ?", respondeu a esposa quando Moisés contou para ela que iria concorrer ao governo do estado. Parecia maluquice. Meses depois, Comandante Moisés foi eleito com a maior votação da história para o cargo, com 71% dos votos de SC.
Carlos Moisés é um dos maiores símbolos do que foi a eleição de 2018, vocês se lembram bem. Esmeraldino farejou que havia algo grande surgindo, mas ninguém esperava pelo que houve. O bombeiro aposentado nunca tinha sido político e agora precisava assumir o principal cargo de SC.
Sem aliados na política, Moisés formou seu secretariado com colegas do batalhão do Corpo de Bombeiros. Aí está a gênese dos problemas que o derrubaram, segundo políticos locais: a falta de traquejo político. Agora, está prestes a ser impedido - a 1ª vez no Brasil desde 1957.
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Viram isso?
Pablo Marçal é um fenômeno de popularidade digital. Tem 11 milhões de seguidores no Instagram e uma comunidade muito leal. Mas vocês sabem como ele consegue turbinar a audiência nas redes sociais? Prometendo dinheiro aos fãs e criando uma horda de contas anônimas👇
Marçal vem incentivando os fãs a criarem perfis p/ compartilhar conteúdo dele, sob o argumento de que vão ficar ricos. A estratégia gerou uma constelação de perfis que costumam repercutir conteúdo que nem mesmo Marçal veicula em sua conta oficial. instagram.com/reel/C7XYcVhJI…
Ele diz no vídeo: "Se você é simpatizante e está postando, você pode entrar no Discord e fazer dinheiro, porque eu estou pagando, e também posso pagar para você não parar (de postar)". Em outro: "Deve ter aí uns 300 alunos meus ficando ricos só pondo a minha imagem".
Isso aqui é um escândalo!
A PM prendeu, em maio de 2020 na periferia de Bauru (SP), um homem que portava cocaína e R$ 80 em espécie. Acabou condenado pela vara criminal da cidade a uma pena de 7 anos, 11 meses e 8 dias de prisão por tráfico de drogas. Mas vejam só os detalhes 👇
Os depoimentos dos autores do flagrante traziam como única descrição física do rapaz sua cor de pele: "indivíduo negro". A quantidade de droga apreendida: 1,53 grama. Um grama e meio!! Tráfico de drogas. Quase 8 anos de prisão.
Por que esse caso é importante?
Porque ele pauta um julgamento sobre perfilamento racial no STF e pode mudar os rumos de como prisões em flagrante baseadas na cor da pele ocorrem no Brasil.
Exemplos como esse se contam aos milhares pelo país. Vou relatar outro:
Os últimos 4 anos me obrigaram a ler mais política do que qualquer outro momento da minha vida. O fascínio pela nova direita, autoritarismo, neofacismo e guerra cultural influenciaram meu trabalho como repórter e minhas leituras.
Aqui estão minhas dicas sobre as melhores delas 📚
Menos Marx, mais Mises: o liberalismo e a nova direita no Brasil.
Camila Rocha fez um dos mais importantes trabalhos sobre a gênese do bolsonarismo (que ela prefere chamar pelo termo mais amplo de "nova direita"). Foi o melhor livro que li sobre o assunto. todavialivros.com.br/livros/menos-m…
O livro é baseado em sua tese de doutorado segundo a qual a a formação de uma nova direita no Brasil é um amálgama ultraliberal-conservador cuja origem remonta à organização de contra-públicos digitais durante o auge do lulismo, entre 2006 e 2010.
O Telegram da extrema-direita colapsou após as eleições. Os gigantes do bolsonarismo tiveram uma queda brusca no compartilhamento após operarem campanhas de desinformação no período eleitoral. Além da queda brusca na circulação de links, houve um negócio curioso 👇
Os pesquisadores @leofn3, @letcesar e @do_paulo
contabilizaram 30.516 links únicos publicados pelo Terra Brasil Notícias e identificaram um padrão: o site opera apagões em massa do conteúdo que publica. Cerca de 50% desses links, 15.202, foram excluídos após circularem.
Leonardo: "Se metade do conteúdo desaparece, é claramente um site devotado para a desinformação. O conteúdo é postado, causa a desinformação e depois eles vão deletando. São altamente danosos".
Sobre o YouTube: por meio do sistema de recomendação de vídeos, a plataforma insufla a radicalização dos usuários, aproximando pessoas com interesses em ideias conservadoras a conteúdos ainda mais extremistas, de acordo com estudo de Rebecca Lewis (Stanford), de 2018.
A hipótese deles é que o Telegram funcione como um propulsor para a circulação de canais bolsonaristas do YouTube, plataforma que remunera produtores de conteúdo de acordo com o volume de acessos de cada página: entre US$ 0,25 e US$ 4,50 para cada mil visualizações.
Sai o voto impresso, entra o golpe de Estado. Com a aproximação das eleições, grupos de extrema-direita no Telegram passam por uma radicalização acelerada no discurso de ruptura democrática, e agora centram os esforços na mobilização para o 7 de Setembro. oglobo.globo.com/blogs/sonar-a-…
A conclusão consta no relatório "Democracia digital: análise dos ecossistemas de desinformação no Telegram durante o processo eleitoral brasileiro de 2022". Com apoio do @internetlabbr, o levantamento foi produzido por pesquisadores de UFBA e UFSC, lançado nesta 4ª-feira.
Numa análise de 6,4 milhões de mensagens em 156 grupos e 479 canais de Telegram no longo de 2022, os pesquisadores identificaram uma disparada, a partir de fevereiro, na quantidade de mensagens conspiratórias e chamados para desobediência civil.