#SegundaOnda, existe? esta acontecendo? Vai ser pior que a primeira?
Não existe uma definição objetiva para #SegundaOnda, mas é algo que pode ser definido visualmente.
De forma simplista, #SegundaOnda seria um aumento de casos após um controle inicial da epidemia.
O conceito de ondas vem da pandemia da Russia em 1889-92.
01/1890: primeira onda, durou 3 semanas
05/1891: segunda onda, durou 8 semanas e foi mais letal.
01/1892: terceira onda, durou 8 semanas, também mais letal.
1893: quarta onda.
Cada população tem um surto separado, como analisando o Brasil, um primeiro pico no norte e um segundo pico no sul. Mesmo padrão visto nos EUA.
Pode acontecer em dois grupos na mesa cidade se interação restrita entre os grupos.
3. Mutação do virus:
Não parece ser importante na COVID-19 no momento, mas se houver mutação o vírus pode voltar a infectar casos prévios.
4. Imunidade temporária:
Se a imunidade é temporária o vírus pode reinfectar após algum tempo (1 ano, por exemplo). Ainda não parece algo importante na COVID-19, mas como a duração é incerta pode ser um problema nos próximos meses ou anos.
5. Sazonalidade:
O transmissão do vírus pode ser mais intensa em uma epoca do ano (inverno, por exemplo). Passado o inverno a transmissão desacelera, mas pode acelerar no próximo inverno.
Apesar de incerta, algumas coisas indicam sazonalidade da COVID-19:
1. Primeira onda no inverno europeu. 2. Distribuição de maior intensidade no Brasil respeitando sazonalidade (norte sul) 3. Picos na Africa do Sul e India idem 4. Segunda onda na Australia e HK idem.
A sazonalidade pode ser causada por ao menos dois aspectos diferentes:
I. Comportamento humano:
ficar em locais mais fechados, menos ventilados e mais aglomerados no frio (ou calor excessivo de verão nos EUA ou oriente médio).
Este estudo foi publicado em maio e considera muitas incertezas, seguem as projeções e o que aconteceu
1. A transmissão do SARS-CoV-2 ocorre mesmo fora do pico sazonal.
>> Confirmado em várias regiões do mundo.
2. O impacto da sazonalidade deve ser diferente em cada região (queda de 40% em NY mas 20% na Fl)
>> Provável visto sul dos EUA tiveram segunda onda fora da sazonalidade muito maiores que no norte dos EUA.
3. Se a imunidade não form permanente COVID-19 terá picos anuais, bianuais ou menos frequentes no futuro.
>> a confirmar.
4. Se o componente sazonal for mais intenso a primeira onda será mais leve e as outras mais intensas.
>> A confirmar.
Aqui eu extendo para sugerir que primeira onda no pico sazonal fica mais aguda que quando o inicio é fora do pico sazonal (Manaus vs. SP, por exemplo).
5. Dependendo do grau de imunidade cruzada o novo reaparecimento pode demorar 3 anos ou mais.
>> incerto, a confirmar no longo prazo
Como o artigo original é bem complicado, este texto da nature apresenta muito dos achados de forma mais simples:
Concluindo, ainda não da para ter certeza sobre próximas ondas e impacto de sazonalidade, mas é provável que:
1. Exista sazonalidade; 2. Que seu impacto dependa da região (maior no S que N do BR, por exemplo; 3. Primeira onda intensa associa-se a segunda onda menos intensa;
4. Que as reaberturas levem a aumentos graduais e não explosivos no número de casos. 5. Que a imunidade não será definitiva. 6. Que ocorram novas ondas recorrentes ou que o virus se torne endemico (sazonal ou não).
Talvez a pergunta mais importante nem seja se vamos ter #SegundaOnda, mas se estamos preparados para a evolução da pandemia.
“Rather than say, ‘A second wave,’ why don’t we say, ‘Are we prepared for the challenge of the fall and the winter?’ Anthony Fauci
O que e como faremos quando/se voltar a ficar intenso? Qual o plano?
Ao menos em SP a piora da situação da covid-19 esta ficando bastante clara. Aumento consistente nas internações chegando ao maior numero de *novas* internações desde Outubro.
Os números sao muito menores que nos piores momentos de 20 e 21, mas o que importa é a direção.
Nesta intensidade de aumento, mais de 30% em 2 semanas, o impacto pode se tornar importante.
Ano passado quando esta tendência foi identificada muitos chamaram de fake news, durou duas semanas para ficar claro o problema.
E antes que a discussão seja “agora é mais leve” estes números sao novas *internações*, não casos. Caso leve não interna.
Depois de 2 semanas temos dados da Omicron que sao menos especulativos e ja da para dizer alguma coisa.
Um pouco sobre a minha interpretacao do que importa ou nao.
A variante B.1.1.529 ou Omicron foi encontrada na africa e esta se tornando predominante por la. Ja foi identificada em varios outros paises.
O que importa: 1. Infecta / Transmite mais? 2. Mais grave / interna / morre mais? 3. "Escapa" da imunidade anterior (vacina ou natural)?
Como quantificar o impacto da COVID-19 em mortes? Vários dados tem sido utilizados, mas em demografia a expectativa de vida é um dos mais utilizados.
Estudo recente publicado no international journal of epidemiology fez uma análise em 29 países (academic.oup.com/ije/advance-ar…)
Como esperado, o impacto foi muito grande e foi muito variado entre os países.
Na ilustração abaixo a expectativa de vida ao nascer (esquerda) e aos 60 anos de idade (direita), para mulheres e homens.
Em muitos paises voltamos a expectativa de vida de antes de 2015.
Mais interessante é a mudança em 2020 quando comparada a média 2015 a 2019.
O ganho médio era de 0,2 a 0,3 por ano.
Países com bom controle da pandemia (topo da figura) mantiveram a tendência.
Os da parte inferior chegaram a perder quase 2 anos de expectativa de vida (EUA).
O padrão de aumento da mortalidade para COVID no leste europeu com a chegada do outono tem sido bastante preocupante.
O aumento é consistente em vários países da região e continua aumentando em quase todos eles.
Em alguns a mortalidade ja se compara aos piores momentos dos picos anteriores, enquanto que em outros ainda é um aumento mais comedido.
Com certeza um fator de destaque da região é que a taxa de vacinação da maioria é relativamente baixa, apesar de passar de 60% em alguns paises.
Hoje ficou com imensa vergonha do vigilância epidemiológica do estado de são paulo.
Minha paciente de 83 anos com um TEP relacionado a vacina da AZ. documentado. 1. Quase impossível notificar. Péssimo serviço. 2. O CVE acha que tem que dar a 2a dose.
É muita falta de experiência clínica expor novamente a paciente a algo que pode ter levado a um evento potencialmente fatal por incerteza do vínculo epidemiológico completo.
O PRIMEIRO PRINCÍPIO DA MEDICINA é “não faça o mal”.
Uma dose, uma paciente, por que é tão difícil?
Que puder por favor ajude a divulgar e compartilhar, quem sabe pressão social da um pouco de bom senso a esses malucos.
É óbvio que a única alternativa da paciente é ficar com vacinação incompleta aos 83 anos, ou alguém tomaria novamente algo que pode matar? @jdoriajr