Saiu uma nova biografia de Joseph McCarthy, um charlatão famoso nos anos 1950 por liderar o combate a supostos comunistas infiltrados no governo americano. McCarthy nunca achou um só comunista, mas esse era um detalhe irrelevante. As semelhanças com Bolsonaro são fascinantes 🧵👇
McCarthy tinha uma carreira política de pouco destaque até se empolgar durante uma palestra e alegar que tinha uma lista de comunistas infiltrados no governo. A mentira rendeu visibilidade nacional e, a partir de então, a caça aos vermelhos virou a grande bandeira do senador.
A estratégia do macartismo era lançar acusações falsas sobre centenas de pessoas. Se alguém apontava para o absurdo das punições e a falta de rigor das investigações, McCarthy se protegia c/ um truque barato:dizia q o descontente estava incomodado pq trabalhava para os soviéticos
Acusações escandalosas eram feitas de forma oportuna, seguindo calendários e procedimentos metódicos que lhe permitiram dominar o debate público por anos. Para isso, ele também incentivava seus seguidores a atacarem jornalistas que o criticassem.
McCarthy dizia que o sistema educacional e as Forças Armadas estavam infestados de comunistas. Ninguém sabia de onde ele tirava essas informações, mas ela confirmava o que muitos já imaginavam, e as pessoas adoravam seu estilo tosco e o caos que ele produzia na política nacional.
McCarthy ficou tão poderoso que começou a acusar gente claramente anti-comunista de na verdade ser comunista, só para testar os limites. Um exemplo cabal é o do então Ministro da Defesa George Marshall, criador do plano que foi fundamental para combater o comunismo na Europa.
Depois de um tempo, ninguém acreditava naquelas histórias, mas as coisas ficavam por isso mesmo. O show de McCarthy só acabou quando a população cansou da palhaçada e quando os outros senadores passaram a ignorar o que ele dizia, retirando-se do plenário quando ele discursava.
McCarthy fez um estrago enorme. Destruiu carreiras de centenas de artistas, políticos e burocratas. Foi um dos grandes responsáveis por fazer com que os EUA perdesse anos em uma paranoia anti-comunista que paradoxalmente só conseguiu enfraquecer o país perante a União Soviética.
Com uma apuração exaustiva e histórias inéditas, a nova biografia foi escrita pelo jornalista @LarryTye. Além dos méritos da pesquisa, o livro é lançado em um momento particularmente útil para pensarmos em como reagir aos descalabros de um mitômano. amazon.com.br/Demagogue-Life…
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1️⃣ As eleições na Bolívia no último domingo foram um verdadeiro terremoto político: após quase 20 anos de domínio do MAS sob Evo Morales e Luis Arce, os três primeiros colocados no 1º turno vieram da direita: Paz Pereira (32,1%), Tuto Quiroga (26,9%) e Doria Medina (19,9%). 🧵
2️⃣ O principal candidato da esquerda, Andrónico Rodríguez, teve apenas 8,1%. Logo após a divulgação dos resultados, tanto ele quanto Medina reconheceram a derrota — um sinal importante de amadurecimento político e respeito às instituições democráticas.
3️⃣ O contraste é evidente: nos EUA em 2020 e no Brasil em 2022, Trump e Bolsonaro não só rejeitaram o resultado, como mobilizaram apoiadores contra a legitimidade dos vencedores. Na Bolívia, Rodríguez afirmou: “Aceitamos com respeito esta decisão democrática.”
1️⃣ Nem irrelevante, nem salvador: o BRICS em tempos de Trump
A visão binária sobre o grupo ignora que ele tem alguma utilidade, mas com claros limites — e que o Brasil precisa apostar no multi-alinhamento. 🧵👇
2️⃣ O retorno de Trump à Casa Branca teve efeito inesperado: dar novo fôlego ao BRICS. Sua retórica errática, tarifas punitivas e ameaças contra o bloco reforçaram a necessidade de diversificar parcerias e reduzir a dependência de Washington.
3️⃣ Até na Índia, que estreitava laços com os EUA há décadas, as tarifas-surpresa de Trump reforçaram a percepção de risco de depender demais de um aliado volátil, levando Nova Délhi a valorizar mais o multi-alinhamento como seguro geopolítico.
1⃣ The real casualty of sanctioning Brazil’s Chief Justice Alexandre de Moraes under the Magnitsky Act isn’t him—it’s the Magnitsky Act itself. A tool designed to those involved in gross human rights violations is being weaponized for political theater. 🧵
2⃣ I disagree with several of Moraes’s rulings. But applying the Magnitsky Act to a judge in a democratic country because the US president disagrees with his rulings undermines the entire purpose of it—and hands authoritarian regimes a reason to dismiss it as politicized.
3⃣ Some Trump and Bolsonaro supporters will cheer this move. But the personal impact on Moraes—who is used to death threats and court battles—is likely to be minimal. The damage to U.S.–Brazil relations, however, is immeasurable.
1⃣Instalou-se um elemento de incerteza excessiva na relação bilateral com Washington, que obriga o Brasil a acelerar o processo de diversificação de parceiros para reduzir sua exposição aos EUA – não apenas no âmbito comercial e financeiro, mas também no tecnológico e militar 🧵
2⃣Mesmo que um acordo seja fechado antes de 1º de agosto, o Brasil precisa se preparar para o pior: tarifas, sanções e até rompimento diplomático. Tentar preservar laços com os EUA e diversificar parceiros são estratégias que devem caminhar, portanto, juntas.
3⃣A tarifa de 50% equivale, na prática, a um bloqueio ao mercado americano para produtos brasileiros – especialmente os de maior valor agregado. Em 2024, os EUA absorveram 12% das exportações do Brasil.
1⃣One week from now, Trump’s 50% tariffs on Brazil are set to take effect—marking the deepest crisis in decades in the relationship between the Western Hemisphere’s two largest nations. A few thoughts: 🧵
2⃣Past trade talks Trump and other countries offer limited guidance this time. The rationale behind the Brazil tariffs not only economic, but also political—making this a different kind of standoff altogether.
3⃣Trump’s tariffs are a textbook case of autocracy promotion: he’s punishing Brazil for prosecuting a former strongman who tried to cling to power illegally.
1⃣ Trump acaba de anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, acusando o Brasil de perseguir seu aliado Jair Bolsonaro. A medida eleva drasticamente a tarifa planejada de 10% e marca a primeira ameaça direta a Brasília desde sua volta ao poder. 👇🧵
2⃣Era uma questão de quando, não de se isso ia acontecer. O Brasil sabia que poderia passar um tempo fora do radar de Trump, mas que em algum momento viraria alvo. A divergência ideológica com Lula tornava esse ataque provável.
3⃣Mas vale lembrar: Trump já ameaçou o Brasil com tarifas sobre o aço em 2019 — quando Bolsonaro, seu aliado, era presidente. Ou seja, a questão aqui não é só afinidade ideológica, mas a disposição de Trump em usar tarifas como arma gepolítica.