As eleições municipais estão chegando, mas a vida dos futuros prefeitos e vereadores não vai ser fácil. A situação fiscal dos municípios não é muito animadora e é importante que os candidatos conheçam bem as contas de seu município.
A maioria dos municípios brasileiros estava c/ contas em má situação já em 2019. Esse é o CAPAG ("nota de risco"), do STN, disponível p/ 3,8 mil dos 5,6 mil municípios existentes.
Na última edição, 60% tinham notas C e D, 22% tinham nota B e somente 18% tinham nota A.
Para municípios que tiveram nota do CAPAG no ano anterior (2,2 mil), já tinha havido uma piora entre 2018 e 2019, indicado pela queda do número de municípios com nota A e B
A Firjan também calcula uma nota, o Índice Firjan de Gestão Fiscal. Em 2019, cobrindo 5,3 mil municípios, sugeriu que 74% dos municípios tinham situação crítica ou difícil, contra 22% com situação boa e apenas 4% com situação excelente.
Chamaram atenção para alguns fatos:
- quase 2 mil municípios não geravam recursos suficientes p/ arcar c/ suas despesas administrativas
- metade das prefeituras gastava + da metade do orçamento c/ pessoal
- mais da metade apresentava dificuldade para pagar fornecedores
O @TesouroNacional, consolidando contas de 5 mil municípios, mostrava que, em 2019, o gasto com pessoal representava 56% da despesa corrente. Situação parecida com os estados, uma vez que ambos são provedores de muitos serviços públicos
Vale notar que municípios são bem diferentes entre si. Por exemplo: dos 5.570 municípios do país, 1.253 (22% do total) possuem menos de 5 mil habitantes. Estes certamente vão depender enormemente das transferências.
Agora vamos falar rapidamente das capitais.
Das capitais, no último CAPAG, 20% tinham nota A, 32% tinham nota B e 48% tinham nota C.
Isso significa que 5 tinham a nota máxima: Aracaju, Curitiba, Palmas, Rio Branco e Vitória.
SP e BH tinham nota B, enquanto Rio e POA tinham nota C.
E, em termos de despesa com pessoal, o Rio era a capital com maior gasto (79% sobre a RCL), bem à frente do segundo colocado, Macapá. BH e SP estavam na ponta oposta (antepenúltimo e último, respectivamente).
Como vemos, a situação ñ era fácil em 2019 e a pandemia tende a deixar as coisas muito + complicadas.
É importante que candidatos conheçam bem a condição financeira de seus municípios, tanto p/ adequar suas propostas ao orçamento, como p/ melhorar o balanço fiscal de sua cidade.
Fontes utilizadas aqui: Boletim dos entes subnacionais (@TesouroNacional) e Índice Firjan de Gestão Fiscal.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
O teto de gasto já acabou há muito tempo. Olhem p/ 2022: o teto, pela regra original, era de 1.610 bilhões.
Pela regra modificada (furos do PG), o teto seria de 1.681 bi.
Contudo, o gasto primário total vai ser de 1.831 bi.
Ou seja, + de 200 bilhões acima do teto original!
Repetindo: o gasto primário de 22 vai ser mais de 200 bilhões acima do teto original! Populismo eleitoral?
Desde 2020, já são quase 900 bilhões de gasto primário acima do teto original. Perto do famoso trilhão do PG. Importante em 2020, agora só serve p/ desmoralizar a regra
Para 2023, o teto estimado no PLOA é de 1.800 bilhões e a despesa estimada no orçamento ficou dentro deste limite.
Contudo, não considera muitas despesas praticamente certas, como o AB de 600 reais (lá está em +- 400). Somente esse delta custaria 52 bilhões. Novo furo no teto?
O PIB esperado p/ o ano que vem já está abaixo de 1%, com casas importantes apostando em recessão, e é sempre bom lembrar que não há ajuste fiscal que dê conta de entregar uma trajetória sustentável de dívida sem que haja crescimento econômico (1/4)
Aliás, o crescimento é a variável + importante p/ a sustentabilidade fiscal, pois (i) determina parte do primário (via receitas), (ii) afeta o denominador da relação Div/PIB e (iii) ainda, ao aumentar o emprego, diminui a demanda por assistência e outros gastos sociais (2/4)
Nesse ponto, portanto, as más notícias do lado fiscal não se resumem à piora na margem das 3 variáveis + importantes p/ definir dívida (juro, primário e PIB), mas também no fato de que o PIB de médio prazo está sendo sacrificado por conta da falta de rumo em que estamos (3/4)
É com muita satisfação que anuncio que estamos lançando, este mês, o livro "O destino dos estados brasileiros: liderança, responsabilidade fiscal e políticas públicas"
O livro foi organizado por mim, Fabio Giambiagi e @victorpinadias e contou com a colaboração de 23 autores, englobando, dentre eles, muitos (ex) secretários e subsecretários, além de especialistas da + alta categoria
A ideia do livro é mergulhar nas especificidades de uma amostra de 12 estados representativos (região, nível sócio-econômico, tipo de economia, partidos na gestão) para tirar lições fiscais (e não fiscais) do que fazer (e do que não fazer)
Para reforçar o Bolsa Família (Auxílio Brasil), o governo precisaria atender duas regras fiscais, o teto e a LRF. Em relação ao teto, o problema é basicamente encontrar espaço fiscal; em relação à LRF, o problema é achar uma fonte de custeio
Para resolver o espaço no teto, a "solução" do governo se dá via PEC dos precatórios. No fundo é uma medida que fura o teto, mas talvez de maneira + "limpinha". Além disso, tem o problema da bola de neve e do orçamento paralelo
Já para cumprir a LRF, a solução tem sido a reforma do IR, que cria o imposto sobre L&D, este se tornando a fonte da nova despesa. Mas aqui há 2 problemas: o 1º é que a reforma como um todo causa redução de receita (inclusive contraditório com a natureza da exigência)
Com a divulgação do IBC-Br, completamos os principais indicadores de atividade para junho. A atividade cresceu, puxada pelos serviços, uma vez que a indústria ficou estável. O comércio caiu, tanto no restrito como no ampliado.
Em relação ao esperado, o destaque também ficou com os Serviços, que cresceram 1,7% frente uma expectativa de +0,4%.
Indústria e comércio tinham vindo abaixo das projeções médias do mercado.
Agora uma leitura trimestral.
No 2T, destaca-se a recuperação do comércio, depois de fortes quedas no 1T, possivelmente refletindo a volta dos auxílios (e talvez a melhora na 2ª onda).
Serviços seguiram crescendo, com leve desaceleração.