Um dos maiores erros dos dirigentes soviéticos foi achar que só forma consciência política arte com mensagem diretamente política. No mundo capitalista, especialmente a industrial cultural dos EUA, eles entenderam melhor a relação entre consciência e cultura.
Toda produção cultural é parte de uma concepção de mundo e de política, mesmo sem qualquer mensagem política explicita ou direita. Desde o filme mais imbecil até o mais politizado, por exemplo, todos atuam no processo de formação de consciência e no inconsciente.
Não existe isso de "é só ficção" ou "é só entretenimento" e muito menos "vocês problematizam tudo".
E é até estranho falar isso num país onde todo mundo baba o avo de Gramsci e, aparentemente, Freud é um grande sucesso nas faculdades de psicologia.
Para quem não entendeu:
a consciência não é formada apenas por produtos culturais lidos como politizados ou conscientes. A consciência é um produto de relações sociais e consumo de bens culturais onde todos, até o mais "despolitizado" na aparência, ajuda a criar política.
Tem resultado zero a tendência de apontar em figuras como Nikolas Ferreira, Marcos Feliciano, Carlos Bolsonaro e afins uma suposta homossexualidade encubada. Assim como a ideia de que Bolsonaro é corno. Para além de problemas éticos políticos,
sendo bastante questionável (para dizer o mínimo) adotar essa linha discursiva, uma questão adicional é o resultado disso. Funciona? Por exemplo, faz mais de 10 anos que gente progressista faz isso com Marcos Feliciano. Ele perdeu voto, força política, influência, base de apoio?
A resposta é não. E não se trata de um "politicamente correto". É só não achar bonito uma performance que só agrada já convertidos e serve para gozo próprio e não tem efeito político nenhum. Isso me parece sintoma de impotência política. Sem tática para combater o adversário,
Após a extrema-direita começar a defender, de forma cínica e hipócrita, direitos sociais como o BPC, o abono salarial e o Fundeb — os mesmos que historicamente atacaram e desmontaram —, a esquerda neoliberal, que inicialmente tentou justificar o pacote de cortes
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com falsas promessas, agora recua, acuada. No começo, venderam o pacote como se fosse um avanço, inventando que incluía taxação de ricos, isenção de imposto de renda e o fim de supersalários, enquanto ocultavam os ataques ao BPC, ao abono salarial e aos direitos da maioria.
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Essa postura não foi apenas desonesta, mas também serviu para desmobilizar a classe trabalhadora e enfraquecer a resistência coletiva. Inclusive, se recusaram a assinar o Manifesto contra o pacote e a apoiar iniciativas que realmente enfrentassem
Vivemos numa sociedade de classes. A desigualdade de classes influencia tudo, inclusive o funcionamento das organizações revolucionárias. Mas é possível reduzir o efeito das desigualdades de classe nas organizações. Um exemplo do que fazer e outro do que NÃO FAZER.
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Começando com o que fazer. No XVII Congresso Extraordinário da Reconstrução Revolucionária que deu origem ao PCBR, tudo foi COLETIVIZADO: hospedagem, alimentação, passagem. Todos os delegados do congresso ficaram hospedados no mesmo espaço (ENFF), tiveram a mesma alimentação
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e as passagens foram centralizadas e NINGUÉM deixou de ir ao congresso por falta de dinheiro. Até coisas "menores", como roupa de frio, teve ação coletiva. Não importou o nível de renda de cada militante. Criamos as CONDIÇÕES MATERIAIS para todos participarem do Congresso.
Elitismo, racismo e covardia: o caso de Luis Felipe Miguel
Já se passaram quatro anos desde que Caetano Veloso me citou em um programa de relevante audiência na TV. Quando isso aconteceu, um monte de acadêmicos majoritariamente brancos, classe média e do sudeste,
partiram para o ataque. Foi, basicamente, pânico moral, acusações, xingamentos, tentativas de me comparar com Olavo de Carvalho e taxar eu e Domenico Losurdo de "neostalinistas" e "autoritários". Luis Felipe Miguel e Leonardo Avritzer foram os autores dos maiores chiliques.
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Hoje, em 2024, Miguel voltou a me atacar. Repare na lógica da coisa. Sou colocado ao lado de Olavo de Carvalho e Karnal, mas meu rosto não aparece. Tem milhares de fotos minhas na internet. Ele ESCOLHEU uma sem camisa e com uma arte onde o foco é meu BRAÇO, PEITO e abdômen.
Como já disse em vários vídeos, a questão central, frente a religiosidade do nosso povo, é interpelar como trabalhador, como classe, como explorado, e não como sujeito religioso. E até as referências religiosas são usadas para fortalecer o sentido de classe. Explico.
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Você está fazendo uma fala para um grupo de trabalhadores religiosos e cita, por exemplo, a famosa frase bíblica dizendo que "não se pode servir a dois senhores" e usa isso para tratar de interesses de classes antagônicas. A referência bíblica captura atenção para uma reflexão
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política e não religiosa. Ou então cita Jesus contra os mercadores do templo para destacar o caráter de classe de burgueses da fé. Usar essas referências religiosas como pontes de diálogo, deslocando-se para fora da religião, é instrumento didático e comunicativo produtivo.