Hoje o STF julga a possibilidade de a Petrobrás vender algumas das suas refinarias sem passar pelo aval do Congresso Nacional. A alienação do controle estatal sobre as Refinarias em questão atenta contra a soberania nacional e tem impactos econômico. Segue o fio (1/14)
1. Em primeiro lugar a medida é uma afronta a democracia. A Petrobrás foi criada - em 1953 - como desejo da maior manifestação popular da nossa história que teve como marca a pauta da soberania. A privatização das refinarias - portanto - deveria passar no crivo do debate (2/14)
2. Isso vai na contramão do que tem feito o resto do mundo. As grandes petrolíferas procuram, cada vez, mais serem empresa integradas, verticalizadas. Precisam controlar desde a atividade de Exploração e Produção (E&P) até o refino. Do poço ao posto ou do poço ao poste (3/14)
Somente assim as grandes petrolíferas não ficam vulneráveis as oscilações do preço internacional. Se o preço da extração cair muito, o déficit na produção é compensado no refino, por exemplo. Ou seja, a empresa pode ter déficit numa área e mesmo assim ter lucro no agregado (4/14)
3. A venda do controle das principais refinarias do Brasil vai ter um impacto apenas “ilusório” na redução da dívida da empresa. Por um lado ela recebe um alto valor na venda, e – por outro – perde capacidade de receber a renda dessa atividade no futuro. (5/14)
Segundo o INEEP, de 20018 a 2019 as refiarias "RLAM" e "Rnest" geraram mais de R$ 5 bi de receita operacional para a Petrobras. Ou seja, as refinarias são lucrativas, rendem caixa a Petrobrás que gera dividendos à União. (6/14)
4. A Petrobrás é obrigada a atender todas as regiões do Brasil, porque não é estatal e não movida por lucro, necessariamente. A alienação do controle das refinarias pode gerar desabastecimento, porque empresas privadas ofertam suas mercadorias apenas onde é mais rentável. (7/14)
5. Se privatizadas as refinarias o Brasil perde possibilidade de utilização da Petrobrás como um instrumento da política industrial e econômica. Hoje, é possível reduzir a margem de lucro no refino se essa for uma decisão de baratear o custo das demais empresas. (8/14)
As empresas usam petróleo como matéria prima e/ou combustíveis. Reduzir seu custo pode ser uma forma de estimular setores econômicos e gerar empregos. Isso não é possível com controle privado. Essa alienação significa mais submissão as estratégias empresariais privadas (9/14)
6. O preço tende a se elevar para o consumir final, assim como todos os demais setores que foram privatizados sob o argumento de aumentar a “concorrência” para assim reduzir o “preço”. Vejam o exemplo da telefonia e da energia elétrica. (10/14)
7. Além disso, o mercado de petróleo – por exemplo – é oligopolista. Deixará de ser um mercado de monopólio (de fato) público para ser praticamente um monopólio privado. Esse não é um mercado de ampla concorrência. (11/14)
8. A Petrobrás não tem mais monopólio no refino desde 1997. O setor está aberto. No entanto nenhuma empresa privada apresentou nenhum projeto de construção de refinarias novas, embora a gente precise. O setor privado não está vocacionado para isso (12/14)
Isso porque construir uma Refinaria significa um grande volume de investimentos com retornos de longo prazo No entanto, depois que o Estado fez tudo as empresas querem o controle. Agora que a cadeia está montada e todos os custos foram amortecidos elas querem (13/14)
9. A privatização do refino passará a decisão privada o controle sobre o ativo mais estratégico na geopolítica atual que é o Petróleo. Inúmeras guerras e golpes de Estado já foram operados pelo controle desse “Ouro Negro”. Vamos entregar de bandeja? (14/14) #Petrobrásfica
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Para refletir: há uma parte da esquerda que, com razão, cobra do Lula mais ousadia na apuração de crimes contra a pátria. Bradamos: “sem anistia”; queremos apurraçao da tentativa de golpe em 8 de janeiro; comemoramos a ineligibilidade de Bolsonaro. Só que parte desses (1/
Chamam o governo Venezuelo de Ditatorial por fazer, exatamente, isso. A direita golpista, la, ainda foi muito além. Fizeram coro com as mais de 900 sanções internacionais que atingem o país, que ferem o acesso, inclusive, a alimentação. Há um cenário de guerra (2/
Houve congressista que se autodeclarou presidente e causou uma enorme instabilidade política e econômica, com muitos impactos na vida das pessoas. Ainda assim, na Venezuela chavista (ultimos 25 anos) houve 31 eleições. Nenhum paíse teve tanto chamado as urnas (3/
A pedidos (ninguém pediu) aqui vai minha opinião: péssimo esse estigma de que Haddad é uma “taxador” de pobre. Sobretudo pensando se o exemplo forem as importações de bens de consumo (o que deixou de existir nos anos 90). Mas isso aconteceu, xingar as pessoas nao muda o fato (1/)
Essa imagem hypou, por motivos tacanhos, principalmente pela oposição liberal de direita. O melhor a fazer é pensar em como elaborar bons argumentos que envolvem, por um lado, fazer a crítica ao peso dos tributos sobre o consumo na arrecadação agregada. Ela é muito elevada (2/n)
E, por natureza, regressiva. Isso é diferente de taxar importação. Isso é isonomia tributária. Mas os tributos sobre consumo são, sim elevadíssimos e produzem desigualdade. Para reduzi-los e não comprometer as necessidades fiscais do Estado, é necessário aumentar a tributação (3/
Cansada de discussões supéfulas e desrespeito nessa rede, mas aqui vão meus dois segundos de prosa. 1. Quem toma “neoliberalismo” no abstrato da teoria comete o primeiro erro: as definições são produto da realidade concreta. Ainda que os (1)
Neoliberais tenha criado a ideia de “políticas sociais focalizadas” como o bolsa família, no Brasil o programa adquire caráter distinto. A idéia dos neoliberais é SUBSTITUIR as políticas universais pelas focalizadas. Nos governos Lula o bolsa família caminhou CONJUNTAMENTE (2)
Com o fortalecimento das políticas universais, em especial ampliando a educação pública, a saúde, recuperando os gastos com seguridade social ao atrelar os aeis benefícios ao salário mínimo que CRESCEU 76% em termos REAIS (descontada a inflação) (3)
O Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON/Unicamp) escreveu uma nota comparando o poder de compra do salário mínimo nos governos Lula e Bolsonaro (segue o fio 🧵)
A política de reajuste do salário mínimo é um dos principais determinantes da condição de vida da maioria da população brasileira. Na última Pesquisa da PNAD contínua, quase 70% da população auferia um salário mínimo ou menos como renda domiciliar per capita.
Além disso, o piso dos benefícios do sistema de pensões e aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é o salário mínimo. Assim, 59,4% dos beneficiários do Regime Geral, ou quase 19 milhões de aposentados e pensionistas, recebem salário mínimo.
O RISCO DE ACHAR QUE O OUTRO LADO NÃO JOGA: tenho visto aqui algumas ponderações sobre a expansão, também privada, do ensino superior. O argumento é que esses estudantes, pela composição dos currículos , viraram neoliberais e bolsonaristas (🧵)
O erro, na minha opiniao, dessa associação é, em primeiro lugar, que ela pressupoem que nosso trabalho militante não é o de disputar esses estudantes, mas de interditar seu acesso. Segundo, parece que tudo isso sao erros do PT, como se o outro lado nao jogasse
Parece que antes do ProUni e Fies nós estávamos a beira do socialismo, e foram os monopolios privados que “despolitizaram” e “endireitaram os estudantes”. Os estudantes das excelentes universidade privadas e mesmo das públicas também votaram em bolsonaro
O mais importante é que o FIES e o Prouni nunca “substituiram” os investimentos e ampliação no ensino superior público. Aqui tem curto e longo prazo. Temos que ofertar vagas para os filhos da classe trabalhadora HOJE, ao mesmo tempo em que ampliamos o ensino público. 🧵
A construção de universidades e a sua ampliação levam tempo. O REUNI é esse planejamento de longo prazo. Mas foi muito importante o Pouni e o Fies porque meus colegas do julinho acessaram a universidade assim. A palavra é contraditório, no melhor sentido do termo.
A contradição ocorre porque os grupos privados se assentam nessa desoneração de tributos, mas essas são as contradições do capitalismo subdesenvolvido e o do Brasil onde ensino superior sempre foi privilégio da classe média.