Um dos milhares de motivos da macroeconomia ser diferente de uma economia doméstica é esse: se uma família está com endividamento recorde, o custo da sua dívida tende a explodir (risco alto). Já o governo federal não. Neste momento, aliás, acontece o exato oposto. Vejam no fio.
Ao passo que temos déficit primário totalizando R$ 611,3 bilhões em 12 meses (quase o que a reforma da previdência pretendia economizar em 10 anos para o Brasil não quebrar - risos), o custo da dívida tá despencando...
E o resultado nominal do setor público já tá quase no R$ 1 trilhão.... alcançou R$ 933,5 bilhões em 12 meses, equivalente a 13% do PIB. Com dívida bruta em 88,8% do PIB. Lembro que diziam que com 80% o país quebrava - risos.
Ou seja, apesar do elevado déficit (ainda bem), o custo da dívida mantém tendência de queda. Isso acontece com uma família ou empresa?
E as despesas com juros somaram R$ 34,3 bilhões em
agosto, bem abaixo, por exemplo, dos R$ 50,2 bilhões no mesmo mês de 2019 - antes da pandemia.
Ainda tem isso: no acumulado em 12 meses, custo médio das emissões de dívida interna já atinge 4,85%, contra
6,94% no final de 2019. Ah, se você faz isso na sua casa ou empresa, vai ver só o que aconteceria com a taxa de juros que teu banco ia te cobrar...
O governo federal emite a sua própria moeda, determina a taxa de juros de sua dívida e é capaz de gerar déficits monstruosos, como nesse ano ao passo que continua com risco zero de dar calote em sua dívida. Enfim, é só isso mesmo.
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1. A PETROBRAS pagará R$ 215,7 bilhões em dividendos aos acionistas em 2022, o dobro d 2021. R$ 77,4 bi vai p/ o governo e 137,6 p/ os demais. O dinheiro sai do bolso do povo direto p/ os ricos acionistas sem nem pagar Imposto de Renda! Anomalia brasileira
2. Os altos dividendos para acionistas decorrem da política de precificação do gás de cozinha, diesel e gasolina. Cobram o mais caro possível do povo para maximizar o lucro dos acionistas. Transferência regressiva de renda. Na distribuição da grana, nem imposto de renda é cobrado
3. Desde 1995 esse tipo de rendimento dos super ricos não é taxado no Brasil. É uma espécie de salário de rico que tem renda sem trabalhar. Enquanto isso você paga até 27,5% de IR! Só no Brasil e Estônia dividendos não são taxados. Se fossem, sabe quanto o governo arrecadaria?
1. Já existe, desde 2008, o Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), que dispensa o dólar em transações entre Argentina, Uruguai e o Paraguai. O sistema pode ser aperfeiçoado e expandido, mas já funciona, e sem moeda comum.
2. Portanto, quando Galípolo afirma que "O ponto principal é a dificuldade que existe de aceitar pesos no comércio internacional. O problema hoje no comércio entre Brasil e Argentina é depender de moeda de um terceiro país", não é algo completamente correto.
3. Com o já existente SML não há necessidade de usar uma terceira moeda – normalmente o dólar– para realizar as transações. Portanto, se esse for o principal objetivo da moeda comum, não há pressa.
1. Haddad, segundo o Estadão, pediu ao relator da PEC, um Senador de centro, que retirasse trechos da justificativa que o mercado não quer que o povo leia. Os trechos se referem ao que Lula defende hj, mas que Haddad parece discordar - ou talvez seja um mero gesto de subordinação
2. Trata-se de uma das justificativas mais avançados da história do Congresso. Os trechos que Haddad trabalhou para alterar são uma verdadeira aula de macroeconomia. Ferramentas fundamentais para o povo disputar o orçamento. Por isso o mercado não gostou nada. Trechos abaixo:
3. "Uma dúvida que naturalmente surge em
propostas como a desta PEC é sobre seus impactos macroeconômicos. Uma parte dos economistas tende a ver com grande preocupação flexibilizações no teto de gastos
Balanço do texto da PEC de transição aprovada na CCJ do Senado: avanços e retrocessos.
1. A CCJ do Senado aprovou a PEC da Transição, que libera espaço no Orçamento de 2023 para o Bolsa Família, gastos sociais e o aumento real do salário mínimo. Segue para votação em Plenário
2. O principal avanço foi a previsão de um novo arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos a ser encaminhado pelo próximo governo no prazo de seis meses da posse. Trata-se de um dispositivo defendido pelo PSOL durante a tramitação da PEC.
3. A primeira versão da PEC de transição mantinha o teto de gastos por todo o governo Lula, com a importante exceção dos gastos com o Bolsa Família.
1. O Brasil entrou em um círculo destrutivo de austeridade fiscal, imoralidade orçamentária e ineficiência fiscal. Círculo iniciado em 2015 com a austeridade, aprofundado com o golpe e teto de gastos e levado ao extremo com Bolsonaro, Lira e Guedes
2. A austeridade visava destruir o que é público para garantir privatizações e avanço do mercado para esferas que em 1988 optamos por serem públicas, universais e gratuitas. Um ataque ao nosso pacto social para recompor as taxas de lucro do capitalismo periférico.
3. A austeridade iniciou em 2015, com Levy. Erro crasso do PT na época que minou a classe trabalhadora justamente no momento de ofensiva golpista da lava-jato, que combinava efeitos políticos e econômicos adversos. A austeridade e desemprego minou qualquer resistência.
1. Qual a diferença de sofisticação dos economistas liberais atuais p/ David Hume no século 18? Hume alegava exatamente o mesmo q eles sobre o papel do Estado, dívida pública e inflação. Que estranha convergência, não? O motivo é simples: ambos defendem o mesmo projeto de classe
2. Em Of Money, Hume chega a mesma conclusão do economistas atuais: incentivos monetários podem até estimular a economia no curto prazo, mas no longo implicam apenas inflação. O Estado é, portanto, indesejável.
3. Sobre a dívida pública, Hume alegou que sua falta de limite geraria taxas de juros esmagadoras e penalizaria as gerações futuras. Que era uma tentação para os governos de ocasião, que deixariam as contas para o futuro.