Saiu um pré-print super interessante, com ciência BRASILEIRA, traçando paralelos interessantes com o HIV na forma com que o SARS-CoV-2 infecta as células do sistema imunológico
Vou comentar sobre o trabalho, e o que sabemos sobre o vírus em células do sistema imunológico! - 🧶
O trabalho foi coordenado pelo @MoriLabe e pelo Alessandro Farias, dois grandes pesquisadores brasileiros!
De acordo com a publicação, se observou que tanto o HIV, quanto o SARS-CoV-2 tem como um dos alvos celulares as células do sistema imunológico ditas como T CD4. Essas células, em resumo muito resumido, são responsáveis por coordenar a resposta imunológica adaptativa
Lembrando que a resposta adaptativa é bem específica contra o agente infeccioso. Temos várias modalidades de tipo de resposta, a começar pela inata (pouco específica e a resposta inicial) seguida pela adaptativa (muito específica, mais tardia).
Essas células T CD4, além de fazerem todo esse controle, também auxiliam tanto os Linfócitos B, que produzem os anticorpos neutralizantes e de memória, quanto na proliferação dos linfócitos T CD8, que são especialistas em reconhecer células infectadas e neutralizá-las.
Quando o SARS-CoV-2 passa a infectar muitas células T CD4, ele leva a morte parte dessas células T CD4, prejudicando sua função, reduzindo a proliferação dos linfócitos T CD8 e prejudicando a ação dos linfócitos B, libernado anticorpos com menor afinidade pelo vírus e duração.
Esse efeito seria semelhante ao que o HIV causa na sua infecção, mas aqui estamos vendo um efeito agudo, enquanto que a infecção do HIV tem um padrão bem diferente.
Para saber em maior detalhamento das etapas da pesquisa, te convido a ler o fio da @luizacaires3 em que ela aborda com muita elegância as etapas investigatórias
Uma conclusão bem relevante desse estudo é que isso poderia, em parte, explicar porque pessoas acabam desenvolvendo COVID-19 severa, a partir dessas respostas do sistema imunológico adaptativo disfuncionais
Em uma meta-análise publicada esse ano, observamos que as razões de células CD4/CD8 não tendem a mudar em pacientes e que células CD8 parecem ser mais importante pros desfechos clínicos do que células CD4. ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P…
No entanto, as contagens isoladas dessas duas populações celulares aparecem mais baixas nos pacientes que desenvolveram COVID-19 severa, em relação àqueles que não desenvolveram COVID-19 severa.
Outra conclusão dessa meta-análise, a partir da observação do curso da infecção nesses pacientes, é que acompanhar os níveis das células T CD8 parecem oferecer uma possibilidade de estratégia pra entender se o paciente teria um risco maior ou menor pra um desfecho pior
Outro ponto que gostaria de ressaltar é que, tanto os dados do grupo do @MoriLabe quanto os que encontramos na literatura mostram que essas relações do sistema imunológico também podem explicar o acometimento do sistema nervoso central (SNC)!
A gente sabe por exemplo, por outros coronavírus, que a infecção em células Treg (CD4+CD25+) são importantes pra invasão e inflamação do SNC.
Em uma análise publicada na @nature podemos observar uma alta resposta de células T CD4 especificas para SARS-CoV-2 em pacientes após COVID-19 grave, com respostas abundantes contra a proteína Spike/espícula, que é importante para a infecção do vírus nas células
Esse aumento é potencialmente um reflexo da grande carga viral (quantidade de vírus) que pessoas com COVID-19 grave apresentam. A resposta deve ser coordenada ao longo do tempo. Alterações nisso são decisivas para o desfecho. Explico o porquê:
Uma resposta atrasada ou insuficiente de células T poderia permitir que a quantidade de vírus circulantes fique descontrolada, levando a respostas de células T mais intensas e disfuncionais, capazes de aumentar o dano ao tecido, o que seria prejudicial!
Ainda, se a pessoa em questão teve exposição a outros coronavírus (como a SARS), pode conferir uma certa vantagem na corrida contra o vírus, pela presença de respostas de células T pré-existentes que são capazes de reconhecer o SARS-CoV-2 e imediatamente entrar em ação
Essas células T reativas "cruzadas" (que reconhecem tanto outros coronavírus quanto o SARS-CoV-2) foram observadas em 20-50% dos indivíduos em algumas coortes COVID-19
Naturalmente não sabemos muita coisa: a duração dessas respostas, como podemos modulá-las para ter menor chance de ser disfuncional. Aqueles que montam resposta de células T mais fortes, manteriam elas por mais tempo?
Sabemos que, em macacos, de forma promissora, a infecção natural por SARS-CoV-2 é capaz de gerar anticorpos e células T, resultando em proteção contra reexposição
Mais do que nunca, precisaremos nos munir de dados de estudos de acompanhamento de indivíduos que tiveram COVID-19 para avaliar a persistência dessas respostas, se elas se correlacionam com os linfócitos B de memória e anticorpos neutralizantes
Também sabemos que as células T geradas em resposta a alguns coronavírus (humanos e de outros animais) provaram ser duradouras, com respostas contra o SARS-CoV (vírus da SARS), por exemplo, permanecendo detectáveis 17 anos depois da infecção
Nesse outro artigo, também vemos mais uma observação do dado acima citado doi.org/10.1016/j.immu…
A ciência responderá essas perguntas, e no momento em que pudermos realizar a vacinação dos indivíduos com uma vacina segura e eficaz aprovada pela fase III, poderemos também observar esses mesmos parâmetros nos vacinados e entender melhor a dinâmica dessa proteção
Em 50 anos, a vida selvagem monitorada na Terra reduziu em média em 73% e se tu acha que isso não tem a ver contigo ou com tua saúde, eu tenho outra notícia ruim...
Há MUITO o que ser feito nos próximos 5 anos para enfrentar as crises climática e de biodiversidade 🔻🧵
O relatório do World Wide Fund for Nature (WWF) se baseia no Índice Planeta Vivo (IPV), fornecido pela SZL (Sociedade Zoológica de Londres) e que inclui quase 35.000 tendências populacionais de 5.495 espécies monitoradas entre 1970-2020. wwflpr.awsassets.panda.org/downloads/rela…
Segundo os dados, o maior declínio foi visto nos ecossistemas de água doce (-85%), seguido pelos terrestres (-69%) e pelos marinhos (-56%). As quedas mais acentuadas aconteceram aqui na América Latina e no Caribe (95%), seguido pela África (-76%) e Ásia-Pacífico (-60%)
Estamos vendo há dias reportagens sobre as queimadas no Brasil, ou observando fenômenos como "sol vermelho" no sul, "céu cinza" na região metropolitana de SP...
Mas temos que falar dos riscos à saúde que a exposição à fumaça das queimadas traz - o fio 🔻
A exposição à fumaça das queimadas traz inúmeros riscos para a saúde humana e animal. Entre os sintomas dessa exposição, a Secretaria de Saúde do Ceará fez um post compilando alguns deles. Reparem que não são só sintomas respiratórios
Além dos efeitos diretos à saúde, a exposição a fumaça também pode indiretamente contribuir para agravo de doenças cardiovasculares e respiratórias (ex.: asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) amazonia.fiocruz.br/?p=47815
Mpox nunca deixou de circular, e até o momento, o vírus detectado no país não é o clado Ib, responsável pelo surto da Rep. Dem. do Congo e países vizinhos e outras regiões, como Suécia, Paquistão.
e por isso é tão importante estar atento aos sintomas e testar. Abaixo, algumas imagens de sinais de alerta e sintomas da doença. Ampliar a testagem e vigilância genômica para identificar clados em circulação é fundamental neste momento. Se tiver sintomas, procure assistência
Mpox é uma doença que pode se transmitir pelo contato sexual e vimos que redes de transmissão dentro desse aspecto tiveram uma participação importante em novos casos na emergência de 2022.
Mas o vírus também se transmite por contato próximo e prolongado
Atualizações sobre #Mpox e dúvidas que surgiram nesse post:
- Há casos no Brasil, mas segundo o @minsaude são causados pelo vírus do clado II (o que circulou na emergência de 2022). Ainda não há casos registrados do clado Ib no país
Mas... (mais no mini fio)🔻
Isso não significa que o vírus do clado Ib não esteja circulando no país, de forma subnotificada. Por isso é importante cuidar os sinais suspeitos: pessoa de qualquer idade que apresente, de modo repentino, lesões nas mucosas/pele, em qualquer parte do corpo
Se tu tiver qualquer um desses sinais suspeitos, ou os sintomas abaixo, procure atendimento médico para realizar exames específicos, e buscar um diagnóstico. Evite compartilhar talheres, objetos, e evite contato próximo, direto e prolongado se suspeito ou diagnosticado
O mundo enfrenta uma ameaça conhecida e negligenciada e que hoje, foi declarada como Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional: #mpox
Nesse fio, falo de sintomas, transmissão, vacinas e por que temos uma 2ª emergência declarada num período de 2 anos 🔻
Mpox é a doença causada por monkeypox virus (MPXV), que pertence ao mesmo gênero que a varíola humana. Ficou conhecido como varíola dos macacos/símia, mas o nome foi mudado para não gerar um entendimento errado que apenas macacos podem transmitir a doença
A transmissão desse vírus se dá pelo contato com animais infectados/reservatórios do vírus, como roedores, por exemplo. Há também a transmissão entre humanos, pelo contato direto, próximo e prolongado (e isso engloba partículas expelidas no ar)
Existe um vírus que se espalha fácil, traz risco tanto durante a infecção (e especialmente com comorbidades, ex: asma), quanto traz risco para sequelas em diferentes tecidos, por tempo indeterminado
O que vimos abaixo é a coroação da banalização da COVID-19.
Se tu achou absurdo um atleta competir nessas condições, te digo que a situação no mundo é muito complicada também.
Não estamos testando adequadamente, não estamos vacinando suficientemente (e não falo só o fato da vacinação não ser universal - o que é uma preocupação)
Não estamos encarando a COVID-19 como ela é: uma pandemia.
Se a situação acima causa revolta e preocupação com a situação do atleta, ela é um produto da banalização de uma doença séria, que segue entre nós e que fingir o contrário não fará ela sumir.