Muita gente se afetou com o relato sobre a minha família, a expulsão de casa, as dores, mas também sobre o perdão, a informação e a transformação.
A reação de vocês também me afetou bastante. Por isso, resolvi compartilhar mais alguns pensamentos.
"Ainda há tempo." 👇🏿 1/12
Minha história não é só minha. Tem particularidades importantes, mas é muito parecida com a história de muitas de nós, pessoas que nasceram em famílias humildes, negras, nas periferias. Cujo lugar na sociedade é a pobreza compulsória, a ausência de educação e de informação. 2/12
Informação que faz falta, que afeta diretamente nossas criações, enquanto jovens LGBTQIA+, por nossa famílias. Famílias mais ou menos estruturadas, mas que veem em muitas religiosidades, mais ou menos tóxicas, violentas, respostas para seus medos, anseios, desesperança.
👇🏿 3/12
Buscam ajuda para aguentar a luta diária para sobreviver, com sub-empregos, serviços públicos precarizados, baixas remunerações, parentes, amigos, morrendo pela violência, pela polícia, pelo crime. Há uma estrutura consolidada para nos manter nessas condições. 👇🏿4/12
E muitas igrejas, lideradas por mercadores da fé e do desespero das pessoas acabam enganando, confundindo, adoecendo ainda mais pessoas como nossas mães, pais, tios, avós, amigos de nossas famílias, comunidades inteiras. Pregando o ódio e a intolerância. 👇🏿 5/12
Parece familiar? É... uma corrente de pensamento aliada dessa estrutura de desigualdades sociais, do ódio ao diferente, que vem ganhando cada vez mais hegemonia no nosso país, JUSTAMENTE nas periferias: O fundamentalismo religioso, um conservadorismo doente. 👇🏿 6/12
Milhões de famílias buscaram esperança e encontraram desinformação e violência, durante décadas, inclusive em TVs e nas rádios. No caso da transfobia e da LGBTfobia, no geral, IDEOLOGIAS da nossa sociedade, não são culpa de quem as reproduz contra seus semelhantes. 👇🏿 7/12
Parece coisa de outro mundo perdoar minha mãe após ser expulsa de casa, depois de tantas violências que se impuseram na minha vida vivendo entre as ruas e casas de amigos, da cafetinagem da qual fui vítima para poder sobreviver. 👇🏿 8/12
Mas eu consegui. Não só perdoar, mas ajudar uma mulher negra, minha mãe, a voltar a ser quem sempre foi... Uma pessoa boa, amorosa, carinhosa.
"Ningúem se transforma sozinho: nós nos transformamos no encontro." Paulo Freire. 👇🏿 9/12
Perdoar e debater não é algo trivial de ser feito, mas se eu não tentasse nem com minha mãe, quem dirá com tanta gente, igual a mim, vítima desse sistema? Se eu acreditasse que as pessoas, assim como minha mãe, fossem incapazes de mudar, JAMAIS entraria para a política. 👇🏿 10/12
De novo: não é SÓ sobre minha família. É uma tarefa urgente pra todes nós. Sermos capazes de nos reconhecer nos diferentes, "nos aproximarmos" das nossas raízes, das bases, pra virar o jogo, pra interromper esse projeto de violência, de desinformação, todo esse ódio. 11/12 👇🏿
Deixar pessoas como minha mãe de lado não é uma opção. Como diz @CrioloMC, "as pessoas não são más, elas só estão perdidas." Ainda não tenho fórmula p ajudar todes a ganhar essa disputa, mas compartilho meu exemplo pessoal na esperança de que isso seja realmente possível. 12/12
EM PLENA PANDEMIA, DÓRIA VAI TIRAR DINHEIRO DA SAÚDE
Uma vergonha. Saiu no diário oficial a proposta orçamentária de 2021, e Dória quer tirar quase 1 bi da saúde
Dinheiro muito necessário nesse momento que estamos passando e tudo indica que vai se prolongar por mais um tempo 👇🏾
Qualquer corte na saúde, independente da situação, dificilmente vai ter efeitos positivos.
Se engana quem pensa que a pandemia tá acabando, a Europa tá tendo uma segunda onda, e mesmo quando acabar, a saúde pública vai ter que lidar com os efeitos
colaterais gravíssimos do COVID
E esse cenário de corte vai até contra as projeções publicitárias de Dória com a vacina.
Aplicar a vacina pra população toda requer a compra de materiais descartáveis, seringas, higienização, contratação de pessoal e campanhas de conscientização.