Eleições bolivianas:
Para vencer no 1º turno não é necessário o clássico 50% mais um dos votos.
Pode vencer quem tem pelo menos 40% dos votos, sempre que tiver uma distância de 10 pontos para o 2º colocado.
Esse é o sistema em vigência desde 2009, quando Evo Morales elaborou a nova constituição boliviana. O modelo de 1º e 2º turno foi importado da Argentina, onde foi criado pelo neoliberal ex-presidente Menem.
A votação começa às 8:00 horas, horário de La Paz (9:00 de Brasília). Os centros de votação fecham as portas às 17:00 (18:00 de Brasília).
O horário do resultado destas eleições? É um mistério.
Talvez na 2afeira à noite, talvez na 3afeira.
No ano passado os resultados apareceram na 4ª...
Dos oito candadidatos originais registrados dois já se retiraram da corrida presidencial (a presidente interina Jeanine Áñez e o ex-preisdente Jorge “Tuto” Quiroga, ambos de direita).
Dos seis restantes apenas três possuem relevância nas pesquisas (os outros não somam mais de 5% em conjunto). Eles são Luis Arce, candidato do Movimento ao Socialismo (MAS); Carlos Mesa, da Comunidad Ciudadana e Luis Fernando Camacho, do partido Creemos.
Segundo a média de diversas pesquisas, Arce teria 33% das intenções de voto, Mesa com 25% e Camacho com 11%. No entanto, a proporção de indecisos é elevada.
E os analistas indicam que dentro destes, a quantidade de pessoas com “voto vergonha” é significativa. Isto é, já sabem em quem votariam mas optam por não revelar aos pesquisadores.
Além disso, devido à pandemia as pesquisas foram feitas em sua totalidade de forma telefônica, fato que deixou de lado os setores da população das áreas rurais, que possuem grande peso na Bolívia.
Isto é, existe uma tendência a acreditar que o embate não se resolverá no primeiro turno, e que Arce e Mesa iriam para uma segunda votação.
“Iriam”, verbo no condicional...
já que as variáveis bolivianas são intricadas e desafiam a lógica predominantes nos países vizinhos. Portanto, se tudo se resolver no primeiro turno – hipoteticamente – tampouco é para se surpreender.
Os candidatos:
Luis Arce:Foi o ministro da Economia de Evo Morales durante quase todo seu governo.
O escritório de Arce em La Paz está decorado com um retrato do líder da Revolução Cubana, Ernesto “Che” Guevara. Mas seus críticos afirmam com ironia que o ministro é “um neoliberal que não saiu do armário”, já que tem excelentes relações com Wall Street,
...onde durante anos a dívida pública boliviana conseguiu confortáveis juros.
Apesar dos discurso pirotécnico “contra o capital” o período de tensão entre Morales e o empresariado foi apenas nos primeiros dois anos da governo, quando implementou estatizações no setor de gás e petróleo. No entanto, nunca interferiu no setor bancário, entre outros.
Com a gestão de Arce, durante mais de uma década, a economia boliviana cresceu em média 4,5% por ano.
As bases do partido de Morales desejavam colocar como candidato a presidente o ex-chanceler David Choquehuanca, e como vice o líder cocaleiro Andrónico Rodríguez.
Isto é, o primeiro, um representante da comunidade aymara e o segundo, dos indígenas quéchuas.
No entanto, Morales considerava q essa chapa era “esquerdista” demais e poderia assustar o eleitorado da classe média que ele precisa conquistar para conseguir a maioria dos votos ainda no primeiro turno, e não correr o risco de um segundo tuno com a oposição eventualmente unida.
Por esse motivo impôs a candidatura de Arce, que tem boas relações com os mercados, e é considerado um “moderado”. No entanto, as bases conseguiram colocar Choquehuanca como vice.
Outro candidato, Luis Fernando Camacho, líder da extrema-direita religiosa:
Filho de um empresário da cidade de Santa Cruz, Camacho ficou famoso no ano passado quando começou a liderar o “cabildo” (assembleia popular) de sua região.
Os “cabildos” de várias cidades protagonizaram os enormes protestos contra Morales após as eleições. Cada “cabildo” era autônomo. Mas, Camacho – com maior timing de marketing – se apresentou como o “líder” de todos os cabildos.
Líder da extrema-direita religiosa, Camacho foi até La Paz quando Morales renunciou. Ele entrou com uma bíblia no saguão do palácio Quemado, o antigo palácio presidencial e ajoelhou-se ali, afirmando que “Cristo voltava ao governo da Bolívia”.
Na ocasião causou surpresa ao citar o defunto narco-traficante Pablo Escobar , afirmando que “era preciso anotar em uma agenda o nome daqueles são traidores da pátria".
Camacho condena a homossexualidade, a legalização do aborto e prega mão-de-ferro com os criminosos. Seus seguidores, no ano passado, realizaram diversos ataques contra instituições e símbolos indígenas.
Camacho, devido a suas características radicais, tem um teto de votos. Ele gera indignação em muitos setores indígenas e nos setores moderados da classe média que o encaram como um populista de direita.
O nome completo de Camacho, que é fã do presidente Bolsonaro:
Luis Fernando Camacho Vaca.
Outro candidato, Carlos Mesa:
Jornalista e escritor, era o vice-presidente de Gonzalo Sánchez de Lozada quando este renunciou em meio a protestos populares contra a exploração de empresas americanas e europeias de novas jazidas de gás.
Mesa tomou posse em 2003 e em 2004 organizou um referendo no qual os bolivianos aprovaram uma série de medidas para a nacionalização do gás. No entanto, as manifestações ressurgiram, lideradas por Evo Morales.
Mesa renunciou.
Candidato do partido Comunidade Cidadã, Mesa diz que não privatizará as empresas estatizadas por Morales na década passada.
Mesa, de centro, é a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da legalização do aborto.
Mas, evitou entrar nesses assuntos nas últimas campanhas para não entrar em rota de colisão com o eleitorado boliviano, majoritariamente conservador nesses âmbitos (especialmente as comunidades indígenas).
Se vencer hipoteticamente em um segundo turno, Mesa teria um grave problema, o da ausência de maioria parlamentar. Isto é, poderia ser uma gestão que debutaria com graves complicações de governabilidade.
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Eleições da Bolívia:
Nesta noite o TSE da Bolívia anunciou que suspende o sistema de contagem preliminar dos votos..
A contagem preliminar é aquela contagem mais rápida, feita em base aos dados fornecidos em cada ata eleitoral (e não a contagem voto a voto)...
...Este sistema era criticado pelo partido do Evo Morales, pois sempre geravam expectativas e às vezes não batiam com os números finais, o que causavam
Esta conta gentilmente aplica faceiros e catitas blocks a tuiteiros que violam a looooooonga lista de normas (postada na TL com frequência em partes ou na totalidade ao longo dos anos)
- Grrrrrr....Mas não violei nada, seu comunista-fascista, grrrrr, grrrrrrr!
- Lamento, mas violou sim....
- Mas não fiz comentários sexistas, racistas, nem teci teorias da conspiração nem fiz proselitismo político em sua TL....
- Mas acabou de fazer comentários racistas em outra TL e por acaso vi. E leva block. Mas, sinta-se em casa...vosmecê não gosta de mão-de-ferro? Acabe de levar
As sessões do Parlamento argentino tem sido em grande parte virtuais desde o início desta pandemia.
Nestes meses deputados foram pegos dormindo, fazendo lanches, em vestimentas informais....
..mas há poucos minutos um deputado, Juan Emilio Ameri, foi pego em uma situação inédita (pelo menos em público) para os anais da vida parlamentar argentina...
Durante a sessão por “zoom” deste fim de tarde, Ameri, enquanto os outros deputados debatiam, mantinha-se ocupado acariciando uma jovem na frente da câmera...
..e refere-se a países comandados por caudilhos bizarros, marcados pelo autoritarismo, pela instabilidade institucional, corrupção alastrada e atraso político, fanatismo religioso, atraso econômico e social.
Outros termos para referir-se a essas repúblicas de funcionamento sui generis:
- Macondo: Cidade fictícia no livro ¨Cem Anos de Solidão¨ de Gabriel García Márquez. Macondo virou um sinônimo de absurdos sócio-políticos.