Para "esquentar os tamborins" antes da live da Rede
@analise_covid19 que vai ocorrer amanhã, às 20h no instagram da Rede, que tal conversarmos um pouquinho sobre movimentos anti-vacina e anti-ciência? Quem são? De onde vieram? Do que se alimentam? Hoje, no meu primeiro fio :)
Sobre a história da imunologia, muitos já sabem: ela nasce da coragem do médico naturalista Edward Jenner, que por volta de 1796 conviveu com a varíola, doença que perdurou por 1000 anos na Ásia, dizimando populações locais inteiras e na Europa chegou a matar 400 mil/ano
Jenner ouviu sua intuição e formulou a hipótese de que feridas de pessoas infectadas com uma forma mais branda da varíola, poderiam servir de imunizante em pessoas saudáveis. Após uma série de experimentos, incluindo o próprio filho, ele estabeleu os pilares da vacinação
E foi durante o período dessa grande e importante descoberta que também surgiram os eventos de oposição às vacinas. No fim do século XVIII iniciam-se as crenças e os argumentos dos movimentos antivacinas, baseados em algumas ideias que trago aqui para refletirmos...
No livro "O mundo assombrado pelos demônios", Carl Sagan nos traz uma explicação bacana sobre a anticiência (ligada diretamente a antivacina): 'a velocidade das mudanças na ciência é responsável por parte dos ataques que atrai'.
Ou seja, é justamente a parte mais fascinante dela
Quando finalmente a sociedade entende dados produzidos através de método científico, esses dados podem não ser mais verdade absoluta, ou já existir dados mais recentes que reforçam/refutam o que fora estabelecido. Isso pode contribuir para o esteriótipo de "cientistas perigosos"
Hoje, essa questão se intensifica com as vacinas, que são a maior ferramenta e o investimento com melhor custo-efetividade para a promoção da saúde coletiva. A nomenclatura sobre o tema foi uniformizada pela Organização Mundial de Saúde em 2012 como "hesitação vacinal"
A aceitação das vacinas é um processo de tomada de decisão complexo. Para a OMS, existem 3Cs: Confiança (nas vacinas e sua eficácia), Complacência (baixa percepção da importância das vacinas) e Conveniência (disponibilidade e acessibilidade das vacinas e dos serviços de saúde)
Essa figura simples e robusta do @schrarstzhaupt explica o quanto somos vulneráveis nesse processo. Entre a autonomia pessoal e a tomada efetiva da decisão (se vacinar ou não) existe uma zona cinzenta que é alimentada diariamente num bombardeio de informações nem sempre corretas
Já a hesitação vacinal pode ser atribuída à desinformação e à disseminação de notícias falsas, que acarretam sentimentos conflitantes bastante estimulados pela mídia, internet e redes sociais. Nesses locais, pequenos grupos extremistas encontram solo fértil e ganham força
Podemos dizer que as vacinas são vítimas do seu próprio sucesso. Graças à elas, a epidemiologia das doenças infecciosas mudou demais. Por longos períodos, não foi preciso lidar com um grande número de pacientes e mortes, tornando a necessidade de prevení-las menos marcante
Benefícios individuais e coletivos da vacinação são obtidos com alto custo e empenho dos programas públicos de vacinas, autoridades sanitárias e profissionais de saúde. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) distribui cerca de 300 milhões de doses de imunobiológicos anualmente
Porém, nos últimos anos estamos vendo péssimas coberturas vacinais. Em cinco anos (2015-2020) tivemos diminuição da cobertura vacinal para quase todas as doenças. Esses 2 fios impecáveis da
@mellziland nos mostram isso claramente e threadreaderapp.com/thread/1311002…
A vacina é um DIREITO do cidadão. Ela é fruto de muito trabalho, enormes fases de estudo checadas por fontes independentes e confiáveis, respaldadas pelo método científico. Os dados são publicados e as metodologias precisam ser reprodutíveis em qualquer laboratório do planeta
E é bom enfatizar que o direito à saúde coletiva está acima da liberdade individual de escolha entre tomar vacina ou não. Nos vacinamos e vacinamos os nossos por uma questão social, por empatia, pelos que não podem se vacinar, para promover a saúde da nossa sociedade! #VACINE-SE

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