Truta, sou da COHAB, sustento a família desde 15, entrei na USP aos 24.
Meu 1° voo foi para estágio em NY.
Hj tenho vídeo sobre minha vida, ad do Google e sou co-founder da Facio, investida por #monashees, @onevc_
e @ycombinator.
História 👇
1/12
Meu pai perdeu emprego e eu, com 15, fazia Senai ganhando R$ 0.63/h.
A gente foi despejado e mudou para a COHAB.
Com 16, tinha nome sujo e estava negativo no cheque especial. Fui emancipado com 17 para poder fazer empréstimo.
2/12
Com 18, todo endividado, não consegui realizar meu sonho de fazer faculdade de computação.
Eu nem conhecia alguém próximo formado em faculdade.
3/12
Comprei meu 1° computador com 19.
Parcelado em 18 vezes. Não tive educação financeira.
A linha de telefone era dividida com o prédio todo. A internet era discada, eu só podia entrar de madrugada, quando todo mundo estava dormindo.
4/12
Com 22, estabilizado na profissão de ferramenteiro, me livrei das dívidas e comprei meu primeiro carro, um golzinho bola branco.
Com 23, meti na cabeça que queria entrar na USP, transferi para o turno das 22h às 6h e fui fazer cursinho do Anglo das 7h às 13h.
5/12
Estudava no ônibus, no banheiro da firma, no fim de semana.
Não era o melhor da turma, não tinha tempo, recursos ou formação escolar. Eu tinha vontade.
Não pude inscrever em computação pq era integral e tinha que trabalhar 😢
Inscrevi na FUVEST em economia noturno.
6/12
A FUVEST é durante a semana e eu não podia tirar dia de folga.
Fui doar sangue para pegar folga. O médico não gostou da história e não me deu atestado!
Tive que faltar no trabalho.
Passar na USP foi uma das melhores sensações da minha vida.
7/12
Peguei pacote demissional da empresa. Usei o dinheiro para comprar um apê na COHAB e um táxi pros meus pais.
Vivi com o restante por dois anos: R$ 10,00 dia eram suficientes para comer no bandejão e transporte.
2 horas de busão até a USP 🤦♂️
8/12
Pedi transferência para computação, sonho realizado!
Eu era o único negro da turma. Todo mundo mais novo, com mais dinheiro, mais preparado.
Eu me matava de estudar, ia para a faculdade estudar até de sábado. Mas era feliz com a oportunidade.
9/12
Eu me sentia sozinho: não conhecia ninguém com uma vida parecida.
Na COHAB, eu era o boyzinho da USP.
Na USP, eu era o mano da periferia.
Tentei juntar esses grupos de amigos, mas eles não se misturavam.
Existe uma barreira. Um desconforto.
10/12
Um professor estava selecionando alunos para estágio na IBM dos states.
Ele me escolheu pelo meu esforço! Minha primeira viagem de ✈️ foi para lá.
Aprendi inglês jogando Zelda. Tinha dificuldade até para pedir "Number One" no McDonald's de lá.
11/12
A USP me deu acesso a oportunidades que ñ são dadas aos negros da periferia. Conheço pessoas brilhantes sem a mesma sorte.
Porque tenho que me esforçar mais que os outros somente pelo fato de ser negro?
Você quer mudar isso?
Ofereça mentoria a quem nem sabe que precisa!
12/12
O meu jeito de ajudar é contar essa história.
Mostrar a desigualdade que a maioria de nós tem que passar todos os dias.
Quero ser exemplo para os jovens. Mostrar que é possível. Mas que é difícil pra caramba.
Por favor, compartilhe esse tweet para quem precisar de mentor 🙋♂️
Se esse tweet chegar a 100.000 pessoas eu conto:
- das duas vezes que me apontaram arma no peito
- do doc sobre minha vida
- do meu trampo em Berlim
- do meu emprego em start-up em NYC
- como virei especialista de ML na AWS em Seattle
- de como fundei a @faciobeneficios
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At 18, I was in terrible debt, couldn't afford college.
I didn't even know of a single college graduate in my life.
Yet, my dream was to attend USP, University of São Paulo, the Ivy League of 🇧🇷 which requires high scores on a week-long exam.
The dream took six years.
3/12
I bought my first computer at 19. With no financial education, payment took 18 installments at a predatory rate.
In the projects, we shared a single phone line w/ the ENTIRE building. So I could only access the internet after 1am, after everyone in the building was asleep.