Hoje, 22, é aniversário de Moreno (@Moreno_Veloso ). Parabéns. Parabéns à vida, à reprodução heterossexual, ao mundo que ganhou um habitante tão luminoso. Vê-lo explicando coisas de física numa conversa com o reitor da Unicamp é uma festa para o espírito.+
A emissão da voz nas frases que vêm com fluidez tranquila à sua mente, a clareza da pessoa, essa pessoa que nasceu de Dedé e de mim! E ouvi-lo cantar Fullgás (Lançamento em breve) na gravação nova que ele fez com seu cello e seu violão, colorida do apoio dos amigos Pedro Sá,+
Ricardo Dias Gomes e Bartolo. A canção de Marina e Cicero ressurge, sem perder nada da beleza original da versão da autora, relida com tranquilidade e delicadeza - lições que a bossa nova deixou para provar sempre que intensidade pode até aumentar em interpretações discretas.+
Felicidades para Moreno e para toda a turma que ele trouxe para nós ao constituir sua nova família.
Contam-me que causou alguma revolta o fato de eu ter celebrado a reprodução heterossexual no meu post sobre o aniversário de Moreno. Gozado: só me ocorreu mencionar esse aspecto da real forma em que Moreno foi concebido por estar em contato intenso com a obra do filósofo +
transgênero Paul B. Preciado (o B. em seu nome é de Beatriz, que é como ele se chamava quando era mulher). Ele e eu dividimos uma mesa na @flip_se , que este ano vai ser online e grátis. Festejar o nascimento de uma pessoa pressupunha que a concepção desta tivera origem num ato +
heterossexual. Esse fato não precisava ser marcado: era "natural" e, portanto, pressuposto. Vivendo mais intensamente a realidade do mundo contemporâneo, ocorreu-me marcar essa especificidade do modo como Moreno foi gerado. Hoje você pode ser lésbica e ter uma mulher que +
Ver, no Dia da Consciência Negra, as imagens do rapaz sendo espancado no Carrefour é indignante. Vivi situações junto a amigos negros que vão da expulsão, sob ameaças, de um menino preto, amigo de um dos meus filhos, de um shopping do Rio a uma prisão, em Salvador, feita de +
forma agressiva, de um amigo íntimo nosso que passeava conosco na calçada da praia do Rio Vermelho. Éramos três ou quatro, ele o único preto. O carro da polícia passou e parou para abordá-lo, a ele e somente a ele. Protestamos. Mesmo assim eles o puseram na parte de trás do +
camburão. Era amigo muito querido e chegado. Paulinha (@PaulaLavigne) e eu protestamos junto aos policiais. Um deles me reconheceu e, afinal, sob admoestações dos outros, soltou nosso amigo. A situação objetiva de uma pessoa preta no Brasil é no mínimo desvantajosa. +
Adoro Sérgio Ricardo desde o final da adolescência. Principalmente "Este nosso olhar" e "Pernas" (que, para meu deslumbre, reouvi na voz de minha irmã Bethânia em seu show mais recente). +
João Gilberto cantava lindamente a primeira, mas não a gravou (e deixou de cantá-la cedo) por causa da palavra "veneno". Era uma recusa estética que soava como uma superstição. Nós conhecíamos (e amávamos) o Sérgio do LP "A Bossa Romântica de Sérgio Ricardo". +
Anos depois, ele estava cantando "Se entrega, Corisco" e "Manuel e Rosa viviam no sertão/Trabalhando a terra/Com as próprias mão/Até que um dia, pelo sim, pelo não/Entrou na vida deles/ O Santo Sebastião", e mais "Antônio das Mortes, matador de cangaceiro" +
Moraes Moreira seria importante pra nossa vida se tivesse sido apenas o rapaz que cantava no barzinho do Campo Grande que frequentávamos nos meses de confinamento em Salvador. (Ele cantava de sua mesa: era um cliente, não um profissional.) Sua voz encantava Dedé e nos ajudou a
aguentar a pena sob a ditadura militar. E ele não é só o componente do grupo que lançou disco roqueiro (com "Colégio de Aplicação": "Saindo dos prédios para as praças, uma nova raça"). Tampouco o músico/cantor/compositor da virada joãogilbertiana desse mesmo Novos Baianos de
"Acabou chorare", de "A menina dança", do relançamento nível Carmen Miranda de "Brasil Pandeiro" e de todo um repertório e estilo que, junto a Galvão, Baby do Brasil, Paulinho Boca de Cantor, mais Pepeu Gomes, Didi Gomes, Dadi e Baixinho marcou a trajetória da música popular no