Thread by @camilaplade

Vou contar como sofri um #racismo emocional e psicologicamente violento em um laboratório da rede própria da Notre Dame Intermédica, situado na Praça Adhemar de Barros, em Santo André, no Grande ABC Paulista. Segue o fio. +

Sexta-feira, 18/12, levei a Roberta, minha enteada branca, para fazer uns exames laboratoriais de rotina. Já tinha ido em outro laboratório para fazer outros exames e concluiria o dia nesse. +

Roberta, @deniurobz filha do meu marido, mora comigo e com ele desde 18/01/2020.
Como trabalho em casa, mesmo antes da pandemia, sou eu quem fico responsável por levá-la à maioria de suas consultas, exames, etc.+

Sempre, ao acompanhá-la, me perguntam o que sou:
- Madastra.
Ou me perguntam o que ela é minha:
- Enteada.
Me pedem o documento. Dou. Me dão a guia para assinar. Assino.
Sempre. +

Menos hoje.
Chegamos ao último laboratório para fazer os exames laboratoriais e, preenchendo a guia, a moça me pergunta o que sou dela:
- Madastra.
A outra pergunta:
- Você tem como provar que é responsável por ela? +

- Estou aqui, trazendo ela pra fazer exames, sou a única responsável por ela aqui.
A moça faz uma cara de desconforto e já antecipa que "vai dar problema", pq precisa comprovar que eu sou a responsável por ela.+

Acho importante dizer que nem pediram meu documento. Nem viram que eu e Roberta somos Magalhães, pois adicionei o sobrenome do meu marido.
O julgamento se antecipou a qualquer coisa que eu pudesse mostrar, ou demonstrar.+

Disse ainda que chamaria a supervisora pra eu conversar com ela.
Uma supervisora cheia de má vontade apareceu e disse:
- Pois não.
Fiquei surpresa, porque ela que veio falar comigo e, com a solicitação da atendente, ela já deveria saber do que se tratava.+

De qualquer forma expliquei o que acontecia.
A resposta foi: você precisa comprovar que é responsável legal por ela.
Perguntei o que e como eu comprovaria isso. A resposta foi:+

- Ah, não sei. Algum documento registrado em cartório, talvez. Alguma coisa assim.
Ou seja, ela estava me dizendo que eu devia apresentar algo que nem ela sabia do que se tratava.+

Perguntei o que eu poderia fazer para comprovar NAQUELE momento.
Ela, sem qualquer empatia ou dignidade, ou boa vontade, disse:
- Nada.
Sem qualquer solicitação de documento, sem saber meu nome, nada!+

Gritei algumas coisas, puxei o documento da Roberta e a guia da mão da atendente.
Saí inconformada, decepcionada, enfurecida.+

Voltei atrás, ainda sem raciocinar direito, chamei a mesma supervisora e questionei onde eu poderia registrar uma reclamação por escrito.
Ela disse que apenas online. Que tudo se resolveria online.+

Perguntei pra ela se o exame também poderia ser feito de forma online, já que tudo se resolveria online.Ela não respondeu. Disse apenas que não tinha culpa, era a lei (?).
A pergunta que faço agora é: +

Se minha cor fosse a da Roberta, ainda que nossos traços sejam completamente diferentes, será que essa prova seria exigida? Eu mesma respondo: ÓBVIO QUE NÃO!
Sequer olharam meu nome, meu documento, minha idade, nada.
O que eu poderia provar eles não quiseram nem ver. +

Desde sexta ainda estou lidando com o fato de que, aém da violência sofrida, eu estou me violentando por não ter me defendido de maneira racional na hora, o que ocorre sempre que sou submetida a esses episódios.+

Fiz uma sequência com o relato em outra rede social, a Notre Dame Intermédica viu e ignorou com sucesso.
Continuo aguardando resposta dos órgãos em que registrei a denúncia, mas o responsável pelo racismo que sofri continua em silêncio. #RacismoNao