Dúvidas legítimas sobre as seguranças das vacinas para COVID-19
Muitas pessoas perguntam sobre a rapidez dos testes clínicos. É verdade que, antes da COVID-19, a vacina desenvolvida mais rapidamente tinha sido a da caxumba, que demorou quatro anos.
É natural, portanto, que a população fique desconfiada de uma vacina que aparentemente foi feita tão rápido. Levanta suspeitas sobre a idoneidade do processo e sobre interesses políticos.
No entanto, a rapidez deve-se a uma soma de fatores: colaboração, investimento e a disponibilidade dos resultados de pesquisas anteriores.
Nenhuma vacina de COVID-19 realmente saiu do zero.
Vários grupos já trabalhavam buscando vacinas para os “primos” do SARS-Cov2, os vírus da SARS (Síndrome Respiratória Aguda e Grave, de 2002) e da MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio, de 2015). Plataformas vacinais para estes outros vírus já estavam em desenvolvimento.
O trabalho maior dos cientistas agora foi adaptá-las para a COVID-19, economizando tempo de pesquisa.
Nunca houve também tanta colaboração internacional, tantos grupos estudando vacinas para uma mesma doença.
Isso acelera o compartilhamento do conhecimento, e consequentemente, acelera a ciência.
E, finalmente, nunca houve tanto investimento para vacinas de uma mesma doença. Este talvez tenha sido o fator mais decisivo no sucesso rápido das vacinas. Estudos clínicos são caríssimos.
Os de vacina são os mais caros de todos. É necessário recrutar e monitorar milhares de pessoas. A velocidade com que somos capazes de fazer isso depende do tamanho do investimento.
É como construir um prédio: podemos fazer isso em seis meses, dependendo do aporte disponível para contratação de pessoal e estrutura, ou podemos demorar anos.
Outro fator importante é a circulação da doença.
É diferente fazer uma vacina para um vírus pandêmico, que está circulando em todo o mundo ao mesmo tempo, e um vírus endêmico ou sazonal, que circula pouco ou em épocas determinadas.
Quanto mais o vírus circula, mais rápidos serão os resultados, porque o teste final da vacina envolve comparar o número de casos da doença que aparece entre pessoas vacinadas e não vacinadas (se a vacina é boa, o primeiro número será muito menor).
Se a doença circula muito, a contagem de casos acontece mais depressa.