A cidade de Manaus está sendo destroçada pelo coronavírus. A Justiça do Amazonas determinou o fechamento de todo o comércio não essencial por 15 dias. O número da pessoas internadas se aproxima de 1 mil no estado. Em Manaus, são 3,4 mil mortes e 82 mil infecções registradas.
O governo pretende usar leitos de maternidade para tratar pacientes com covid. O MP é contra e diz que o poder público não se preparou para a segunda onda. O vírus avança mais entre os mais ricos (classes A e B), que se aglomeraram em eventos e saíram do home office.
"Estamos abrindo leitos em todo lugar que podemos", disse o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, à TV Acrítica.
Além da aglomeração das eleições, a população se aglomerou no comércio e em boates e clubes flutantes de Manaus. Quando fui lá, no final de outubro, pouca gente usava máscara e o comércio disfarçava a entrada para continuar aberto até tarde da noite.
O governo do estado promete abrir 56 leitos de UTI nos próximos dias. Frigoríficos foram instalados na área externa dos hospitais para armazenar corpos e o Cemitério do Tarumã, em Manaus, deve abrir novas covas para suportar a carga de mortos.
No andamento da primeira onda de coronavírus, médicos, alguns cientistas e jornais falaram que Manaus havia atingido a imunidade de rabanho, e não teria mais avanço do vírus. Lembro de ficar abismado ao ouvir isso em um programa de grande alcance na TV aos domingos.
A suposta e irreal imunidade de rabanho em Manaus encarajou as pessoas a saírem às ruas. Mesmo com a situação crítica, o governo pretende retomar as aulas presenciais em fevereiro, alegando baixa infecção em crianças. Mas elas geralmente são assintomáticas e o Estado testa pouco.
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Para ser justo. Em outubro viajei com o vice-presidente Hamilton Mourão por três dias na Amazônia. Em nenhum momento vi ele negando ou menosprezando a pandemia. Ele foi o primeiro integrante do governo a dizer que "claro que tem que comprar a vacina".
Mourão também sempre estava de máscara e evitando ao máximo contato com outras pessoas. Não sei se e algo relevante. Mas ele tem origem indígena e o sistema imunológico pode ter algum despreparo para enfrentar infecções novas.
Mas claro que esses fatos não apagam o fato do vice-presidente se manter ao lado de um presidente que nega a mortalidade da pandemia, faz piada com vidas perdidas e está sucateando a capacidade do Brasil de reagir a uma pandemia. Mourão foi eleito a não pode ser demitido.
AGORA: Cientistas do Reino Unido testam medicamento que seria capaz de impedir que infectados desenvolvam a covid-19. AZD7442 usa anticorpos monoclosais, desenvolvidos em laboratório para impedir a replicação do coronavírus. Mais testes são necessários para comprovar eficácia.
A informação foi publicada pelo The Guardian. De acordo com a reportagem, o foco seria conter surtos da doença em asilos e hospitais.
Uma observação. O medicamento que está sendo testado é desenvolvido em laboratório, especificamente para combate a covid e poderia estar no mercado em março ou abril, se passar em todos os testes. Não adianta correr para as farmácias agora. O comércio desta droga ainda não existe
A nova cepa de coronavírus, identificada no Reino Unido, e que assusta o mundo, já tem nome. Foi batizada de B.1.1.7. Ao contrário do que li em sites de notícias, ela ainda não foi encontrada no Brasil. Portanto, seria a hora de apostar no bloqueio das fronteiras e isolamento
Li há pouco um estudo conduzido por oito universidades, incluindo Birmingham e Oxford sobre a nova cepa. Está provado que ela se espalha com maior velocidade e ainda não se sabe qual o comportamento desta variante quando a infecção ocorrer em conjunto com outras.
De acordo com a OMS, a nova cepa já foi encontrada na Holanda, Dinamarca, Austrália e Itália. A variante que circula na África do Sul é outra, mas teria efeitos parecidos.
AGORA: Ministro Marco Aurélio Mello, do STF, encaminha a Procuradoria Geral da República pedido de afastamento do presidente Jair Bolsonaro do cargo.
Na ação, Marco Aurélio cita diversas condutas de Bolsonaro que colocam o país em risco em relação a epidemia de covid-19. Se a PGR aceitar, denúncia segue para o STF, que pede autorização à Câmara para dar andamento. Se o processo tramitar em julgado, Bolsonaro perde o mandato
A notícia-crime foi protocolada no Supremo deputado federal Reginaldo Lopes (PT-/MG). “Bolsonaro não está à altura do cargo. A necessidade de sua saída não é uma necessidade política, é de saúde pública”, afirmou o deputado no documento.