O @oatila me perguntou sobre o que fazer em vista do vazamento de dados que afetou praticamente todas as pessoas do país. Há sim algumas das medidas que dá para tomar para se precaver de danos maiores. Segue a thread.
A primeira delas é se informar. Saber que o vazamento aconteceu e informar a outras pessoas sobre isso também. Essa informação coletiva é uma vacina que permite que as pessoas desconfiem de atividades suspeitas e sempre reconfirmem quando algo estranho acontecer.
Ainda no quesito informação, vale dar uma olhada no site fuivazado.com.br que criou uma boa estimativa do que vazou de cada pessoa. No entanto, vale considerar que todas suas informações estão expostas e se precaver tendo por base essa premissa.
Vale conversar também com todos os parentes próximos, explicando que os dados de todos foram vazados. Muitos tipos de ataque acontecem indiretamente, através de parentes. Nesse sentido, tomar todo cuidado com mensagens de Whatsapp, e-mails e outras.
O vazamento abre também no Brasil um nicho de mercado para empresas como a Delete Me (joindeleteme.com). Essas empresas cobram uma mensalidade para ficar pedindo para deletar os dados de usuários dos cadastros existentes. Fazer isso sozinho dá muito trabalho.
Vale também se proteger por meio da LGPD, a lei cria uma série de direitos, como pedir a retificação de dados, o direito de pedir a exclusão de dados e o direito de pedir para saber o que cada empresa tem de dados sobre você. Mas, de novo, fazer isso sozinho dá muito trabalho.
Como medidas institucionais, vale pedir para a ANPD para que atue. Esse é o batismo de fogo dessa nova autoridade, que acaba de ser criada. A forma como a ANPD vai atuar com relação ao vazamento do fim do mundo vai ser importante para entender o futuro da entidade.
Além disso, a Lei do Cadastro Positivo também tem problemas. No meu artigo da @folha analiso essa questão. Voltar a lei para o formato de opt in – e não de opt out – como é hoje previne vazamentos futuros como esse.
Outra medida é pedir para melhorar as formas de autenticação que são usadas hoje. Por exemplo, aquelas perguntas que atendentes de telemarketing fazem para autenticar um usuário, como idade, nome dos pais, endereço etc hoje não valem mais nada. Esses dados são todos públicos.
Um caminho que defendo é a criação de uma identidade digital no Brasil, de preferência a mais próxima possível de uma identidade auto-soberana, que permita que as pessoas gerenciem seus dados diretamente.
Até lá, infelizmente, a maioria das pessoas terá de ligar o modo “paranoia” de forma constante, uma vez que a partir da agora vários tipos de ataques e golpes poderão acontecer bom base nessa quantidade de dados vazados.
Sobre site, vale ler essa boa matéria do @UOL explicando o que é e falando sobre o desenvolvedor do site uol.com.br/tilt/noticias/…
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O Governo Federal está lançando hoje o seu plano nacional para a inteligência artificial. Li a apresentação do documento e gostei. O plano olha para a IA em vários setores e de forma a aproveitar oportunidades. Tem ações definidas e indica o orçamento para cada uma. Segue fio 🧵.
O plano olha para IA de forma pragmática, sem o catastrofismo que tomou conta do debate regulatório. Além disso o plano é altivo, cria um caminho brasileiro para pensar a IA, evitando simplesmente copiar a Europa ou outros países. Aponta áreas chave como saúde, agro, industria...
...meio-ambiente, educação, comércio, serviços, desenvolvimento social e serviços públicos. As escolhas foram bem-feitas, são de fato setores que pode avançar com um pensamento estratégico sobre IA. O plano aponta investimento de R$23 bilhões em projetos nessas áreas de 2024 a 28
Saiu agora o novo texto da lei de inteligência artificial brasileira no @SenadoFederal. As primeiras impressões não são boas. A lei tinha 33 páginas, agora passou a ter 43. Tinha esperanças de que ia diminuir o tamanho e acabou aumentando. Segue o fio com mais impressões🧵
O Brasil continua copiando a lei europeia, que nem a Europa sabe se vai dar certo, já que não foi implementada nem por lá ainda. Isso é triste porque mostramos incapacidade de criar algo original, de acordo com os interesses brasileiros. Em vez de importar uma lei feita fora.
A lei brasileira cria um monstro regulatório. De cara, condena o Brasil a fica fora do jogo da inteligência artificial. Como as obrigações para oferecer os principais serviços de IA são muito elevadas, só as grandes empresas de tecnologia vão conseguir atender à burocracia criada
Estamos lançando hoje o Conselho de Inteligência Artificial e Sociedade (CIAS), com a missão de organizar uma ampla consulta pública nacional para responder: o que queremos da IA? Toda a regulação deve vir dessa resposta. A participação é aberta. noticias.uol.com.br/cotidiano/ulti…
EUA, Taiwan e Europa fizeram processos participativos para fazer suas leis de IA. O Brasil também fez isso com o Marco Civil. Agora é a hora da sociedade retomar seu papel no debate sobre esse tema fundamental. Aguardamos sua participação pelo site oquequeremosdaia.com.br
A inteligência artificial é uma tecnologia que afeta a vida de todas as pessoas. Por essa razão a sociedade precisa ser ouvida amplamente. Não pode haver regulamentação sem participação. A consulta ocorrerá online e também off-line.
O Pão de Açúcar é um simbolo do Rio e do Brasil🇧🇷. No entanto, a empresa que opera o bondinho não quer que você tire fotos dele. Ela está notificando quem posta fotos desse cartão postal de todos nós. Recebemos uma dessas notificações e conto tudo. Segue o 🧵
Fizemos um artigo explicando tudo. Segue o link abaixo para quem quiser entender todos os detalhes. Mas como tem gente que tem preguiça de clicar (sim, essas pessoas existem), conto aqui um pouco do que aconteceu. feed.itsrio.org/empresa-do-bon…
Tudo começou quando o @ITSriodejaneiro postou uma foto do Pão de Açúcar no instagram chamando pesquisadores do mundo todo para trabalharem no Brasil. Fazemos isso todo ano e tanto o programa como o próprio ITS é sem fins lucrativos. Essa é a foto que a gente postou.
Viajei pela região amazônica🌳🐆. Fiz uma série de 6 episódios mostrando tudo. Fui atrás de tecnologia na Amazônia e também de tecnologias amazônicas. A região está em transformação e muitas visões não correspondem à realidade. Este fio reúne um pouco do que vi por lá. Segue🧶
É chocante a chegada da internet pelo Starlink na região. Até lugares mais remotos estão sendo conectados pelos satélites. Presenciei no Rio Solimões barcos sendo carregados com 200 caixas de Starlink com destino aos ribeirinhos e povos indígenas. As antenas estão em toda parte!
Uma viagem de barco de Manaus a São Gabriel da Cachoeira leva cerca de 24 horas pelo Rio Negro no serviço expresso. Antes os passageiros ficavam desconectados. Agora todo barco tem Starlink e o pessoal pode viajar assitindo Netflix e em contato com as famílias, ao custo de R$10.
Viajei para vários países na África🇲🇿. Estive em Moçambique, Quênia e Tanzânia. Fiz uma série de 8 episódios mostrando tudo. O continente está em transformação e muitas visões que circulam não correspondem à realidade. Este fio reúne um pouco do que vi por lá. Segue🧶
O continente africano está sendo tranformado por três fatores: juventude (média de idade da população de 19 anos), conectividade e mudança climática, com a transição para energia limpa, inclusive solar. Quem acha que Wakanda não existe vai se surpreender.
Nairobi é uma cidade vibrante. Lá fica a chamada Silicon Savana, a Savana do Silício, com várias startups sobretudo no setor financeiro. Além disso é cheia de matatus, ônibus super-incrementados que tornam o tranporte público uma festa, com wi-fi e música.