‘Por que aglomero?’: jovens relatam os motivos para irem a festas durante a pandemia de Covid-19. agenciamural.org.br/especiais/jove…
Reportagem da Agência Mural ouviu cinco jovens que estão indo a festas, bares e aglomerações nas periferias ou no centro de São Paulo. Os motivos vão desde eles já estarem expostos ao vírus no transporte público, até aqueles que não acreditam nos perigos do vírus. Segue o fio! ⤵️
“De segunda a sábado, estou exposta ao vírus porque tenho que sair pra trabalhar. Quer dizer que no busão cheio eu não vou pegar, mas no baile sim?”. A fala é da secretária Carla Silva [nome fictício]. Ela diz que não viu mudanças no transporte público desde o início da pandemia.
Quem também admite sair de casa é o estagiário em engenharia Jonas Castro. “Aqui na periferia a gente não tem nada o que fazer sempre. Ficar só em casa é ruim porque não tem muito espaço e fica todo mundo junto. Quando eu saio, me divirto e dou uma respirada”, diz.
Sobre o medo de ser infectado pelo coronavírus e passar para alguém conhecido, o operador de telemarketing Fernando Santos diz que passou a se sentir mais confortável para sair de casa depois que a família dele também começou a ter contato com outras pessoas.
“No começo da pandemia, eu tinha muito medo. Só que, com o passar do tempo, não houve relatos de moradores aqui da quebrada que tiveram Covid-19, nem suspeita, então as pessoas começaram a sair mais. Eu via muita gente na rua e isso me deixou mais confortável pra sair também”.
Já o DJ Tiago Freitas estava cumprindo o isolamento em casa desde o começo da quarentena, mas voltou a trabalhar em festas de música eletrônica a partir de setembro do ano passado quando o seguro-desemprego de seu último emprego CLT acabou. “Infelizmente começou a doer no bolso”.
Segundo dados do Seade e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 351 mil pessoas perderam o emprego no estado de São Paulo entre o segundo e o terceiro trimestre de 2020.
Segundo Tiaraju Pablo D’Andrea, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diversos motivos podem fazer com que uma parcela dos moradores das quebradas, principalmente os mais jovens, estejam normalizando a pandemia e vivendo normalmente.
“A juventude das periferias não tem muito projeto de futuro por conta de um país que não possibilita planejamentos a longo prazo. A juventude quer viver o agora, quer viver o presente e ela não vai deixar de viver por conta da ameaça da Covid-19. É triste, mas é real”.
Desde o início da pandemia, as periferias de São Paulo foram as regiões mais afetadas pela doença. Até o dia 4 de fevereiro, os distritos com mais mortes por coronavírus foram Sapopemba (725 óbitos), Brasilândia (586), Grajaú (560), Cidade Ademar (527) e Jardim São Luís (521).

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