@GizmodoBR Vamos começar a fazer o pega na mentira? Segue o fio:
@GizmodoBR "Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), um total de 73,3 milhões de abortos seguros e inseguros ocorreram no mundo anualmente entre 2015 e 2019"

Pois bem, o que vocês não dizem é que esses números são do Guttmacher Institute🔽
@GizmodoBR Para quem não sabe, o Guttmacher Institute é ligado a uma das maiores clínicas de abortos do mundo - a Planned Parenthood. Isso por si só já é o bastante para suspeitar desses números. É como se pegassem a RJ Reynolds e a Phillip Morris para fazer pesquisa sobre tabagismo.🔽
@GizmodoBR Pois bem, o Guttmacher Institute já cometeu pelo menos 3 erros crassos. No México DF, projetavam uma média de 120.000 abortos/ano, sendo que esse número mal passa dos 12.000. No Uruguai, projetavam mais de 30.000 abortos/ano, sendo que esse número está em 10.000🔽
@GizmodoBR Na Argentina estimam 500.000 abortos por ano. Em um país com 1/5 da população brasileira, o número de abortos é igual ao do Brasil (que já é um número inflado).

Acompanhem o número de abortos na Argentina nos próximos anos e terão uma surpresa.🔽
@GizmodoBR É uma tática muito comum dos que militam pela legalização do aborto superestimar os números de modo a criar uma falsa questão de saúde pública e assim pautar o debate. Sendo que no Brasil esses números já foram debulhados e refutados desde 2015.🔽
@GizmodoBR "Anualmente, cerca de 7 milhões de mulheres são recebidas em hospitais devido a complicações causadas pelo aborto inseguro nos países em desenvolvimento"

O que o Guttmacher e o Gizomodo não vão te contar é que normalmente esse número inclui internações por abortos ESPONTÂNEOS.🔽
@GizmodoBR Vejam o caso brasileiro: o militante enche a boca para falar que houve 200.000 internações por aborto. O que ele não diz é que METADE desses números são por abortamento ESPONTÂNEO. A outra metade é por RAZÕES MÉDICAS E LEGAIS e OUTRAS GRAVIDEZES QUE TERMINARAM EM ABORTO.🔽
@GizmodoBR Isso de acordo com o DATASUS. A aba "OUTRAS GRAVIDEZES QUE TERMINARAM EM ABORTO" é a mais provável de conter abortos provocados, mas ela divide espaço com abortamentos por acidentes domésticos e de trânsito (atropelamentos, colisões com automóveis). 🔽
@GizmodoBR ❗️❗️"A organização Center for Reproductive Rights acompanha desde 1998 as legislações em diferentes países relacionadas ao tema. O vídeo abaixo, por exemplo, mostra a evolução dos últimos 25 anos em 50 países"❗️❗️

A cretinice desse argumento eu darei destaque🔽
@GizmodoBR O que não te contam é que 25 anos quer dizer que eles contam a partir de 1995. Sendo que o aborto na maioria dos países pesquisados foi legalizado nos anos 1970. Ou seja: há um gap de pelo menos 25 anos que não foi analisado. E por que não foi?🔽
@GizmodoBR Por uma razão simples: porque o número de abortos nesse período AUMENTOU, e absurdamente. Peguemos o exemplo dos Estados Unidos: o aborto lá foi legalizado em 1973. em 1974, o número de abortos saltou de 270.000 para 716.000. Em 1977, já era 1 milhão. 🔽
@GizmodoBR Em 1980, já era 1,5 milhão. E ficou nesse número até meados de 1996, quando começou a reduzir por conta da queda na fecundidade. Lembrem-se que 1995 é o ano base que o Center for Reproductive Rights usa como base para sua estimativa. Coinidência? Definitivamente, NÃO.🔽
@GizmodoBR Acabo de olhar na reportagem que o Gizmodo mostrou a evolução da taxa de abortamento nos Estados Unidos. Sem querer, forneceram o argumento que refuta a própria afirmação do Center for Reproductive Rights.🔽
@GizmodoBR O caso Roe V. Wade merece uma consideração a parte. É criticado até mesmo por setores pró-escolha por ser uma decisão de mão pesada que contraria a tradição federalista norte-americana.🔽
@GizmodoBR Além disso, há o fato de que o próprio juiz que proferiu a decisão - Justice Harry Blackmun - declarou em memorandos vindos a público em 1989 que a linha limite de 13 semanas que estava sendo estabelecida no documento era "arbitrária".🔽
@GizmodoBR Outro juízes da Suprema Corte expressaram nos memorandos sua preocupação com o fato de que o aborto estava sendo analisado pelo espectro político e social, e não como matéria constitucional. Blackmun se escorou em um "Direito à Privacidade" constitucional🔽
@GizmodoBR Sendo que a Constituição norte-americana não menciona nada a respeito do "Direito à privacidade". Na verdade, esse conceito surgiu de um artigo de Samuel D. Warren e Louis D. Brandeis chamado "The Right to Privacy" e publicado na Harvard Law Review de Dez/1890🔽
@GizmodoBR Na verdade, esse conceito surgiu com o objetivo de proteger a privacidade do indivíduo contra invasão por parte da imprensa, de fotógrafos e de qualquer meio moderno de gravação e reprodução de cenas ou sons. Era uma resposta à difusão da fotografia e da gravação de voz🔽
@GizmodoBR Com essa proteção se estendendo a obras de arte, composições musicais, obras literárias... mas nada relacionado a aborto, ainda que remotamente.🔽
@GizmodoBR "Na França, a Lei Veil foi aprovada em 17 de janeiro de 1975, autorizando o aborto a pedido da mulher até a 12ª semana de gestação"

O caso francês foi semelhante ao uruguaio. Antes da legalização, estimavam em torno de 250.000 abortos por ano🔽
@GizmodoBR Com Simone de Beauvoir declarando em seu livro "O Segundo Sexo" que esse número era superior a 500.000.

O número de abortos na França atingiu um pico de 218.000 em 2013. 38 anos após a legalização. Sendo que a taxa de abortamento/nascidos vivos é, em média, 20%🔽
@GizmodoBR Como comparação, o Brasil, considerando verdadeiro o número de 500.000 abortos/ano (o que não é, que fique claro), teria taxa de abortamento/nascidos vivos de 16%. Se considerarmos estudos independentes que convergem para algo em torno de 100.000, teremos uma taxa de 3%🔽
@GizmodoBR ❗️❗️"Em Portugal (...) Em 2008, o total de abortos realizados por opção da mulher era de 18.014, enquanto que em 2017 essa taxa passou para 14.899."❗️❗️

O caso português também merece um capítulo a parte, pois a militância mentiu de forma igualmente cretina🔽
@GizmodoBR O militante enche os peitos e grita a plenos pulmões que "desde que foi legalizado, o número de abortos em Portugal está em queda".

O que não te contam é que o numero de abortos espontâneos e o numero de nascidos vivos estão em queda desde 2011. Dados do SNS (o SUS de lá)🔽
@GizmodoBR Isso quer dizer o quê? Menos mulheres engravidando. Portanto, menos mulheres abortando.

O caso português se deu em um espaço de tempo menor por conta de ter sido legalizado com a fecundidade já e queda - e caiu ainda mais após a legalização, só se recuperando mais recentemente🔽
@GizmodoBR 🇧🇷No Brasil, os dados ainda assustam. Segundo relatório da Anis – Instituto de Bioética, a Pesquisa Nacional de Aborto, que cobre o período entre 2010 e 2016, estima que são realizados cerca de 500 mil abortos por ano.🇧🇷

O que não vão te contar é que são dados superestimados🔽
@GizmodoBR Comparado com outras pesquisas que utilizam a mesma técnica, constatou-se que os números da ANIS estavam superestimados em quase dez vezes. A própria redação usada nas perguntas dava margem para a inclusão de abortos espontâneos, conforme a própria pesquisa da ANIS alertava🔽
@GizmodoBR Explico: a pesquisa de técnica de urna da ANIS foi feita alegando a vantagem do anonimato, quando comparada às pesquisas usando entrevistas diretas (face-a-face ou questionário). Sendo que na mesma ela constatou uma taxa de aborto provocado na faixa de 20%🔽
@GizmodoBR Enquanto pesquisas semelhantes feitas por fontes mais robustas (inclusive canais oficiais, como o Min. da Saúde) constataram uma taxa de abortamento clandestino em torno de 5%. Muito longe dos 20% da ANIS. O que já abre margens para suspeitas de enviesamento.🔽
@GizmodoBR O número de 500.000 abortos é igualmente enganoso. A ANIS descobriu em sua pesquisa que 55% das mulheres que fizeram abortamento clandestino tiveram que ser internadas. Ou seja: aproximadamente, de cada duas mulheres que abortaram (100/55 = 1,8), uma teve que ser internada🔽
@GizmodoBR Lembremos lá atrás que em 2019 tivemos 200.000 internações por aborto e metade disso era espontâneo. Então temos que 100.000 mulheres supostamente foram internadas por abortamento clandestino, certo?

Errado. Ainda temos que considerar os abortamentos por acidentes🔽
@GizmodoBR Ainda há um fator a se acrescentar nisso tudo: de acordo com diversas pesquisas, sendo a mais significativas delas o PNDS 2013 do Min. da Saúde, constatou-se uma incidência de 70 a 87% de abortamentos ESPONTÂNEOS. Para efeito de cálculo, consideraremos uma média de 75%🔽
@GizmodoBR Ou seja, 25% dos abortos são provocados (0,25)

Fazendo uma multiplicação simples: 200.000 x (0,25) x (1,8) = 90.000 abortos provocados.

Muito longe dos 500.000 da ANIS. Usando dados da própria, lembremos disso.🔽
@GizmodoBR 🇧🇷O custo disso é extremamente elevado: cerca de 250 mil mulheres ocupam leitos do SUS anualmente devido a complicações relacionadas ao aborto inseguro. Entre 2008 e 2017, foram gastos R$ 486 milhões com as internações.🇧🇷

Novamente, MENTEM e OMITEM.🔽
@GizmodoBR A mentira está no fato de que em 2019, tivemos cerca de 200.000 internações, de acordo com o DataSUS.

A omissão está no fato de que isso engloba todos os tipos de abortamento (espontâneo, provocado, razões médicas e legais, acidentes em geral). Truque maroto e manjadíssimo.🔽
@GizmodoBR 🇧🇷Embora seja difícil contabilizar o número exato de mortes e sequelas deixadas pelos abortos inseguros devido à subnotificação, o SUS registrou pelo menos 203 mortes por aborto apenas em 2016. 🇧🇷

Não sei de onde tiraram esse número🔽
@GizmodoBR O SUS em 2016, no grupo Grupo CID-10 "Gravidez que termina em aborto" constatou um total de 127 óbitos. Se considerarmos apenas as categorias "O05 Outr tipos de aborto", "O06 Aborto NE", "O07 Falha de tentativa de aborto", teremos apenas 44 ÓBITOS.🔽
@GizmodoBR Aliás, eu sei de onde saíram as 203 mortes: foi de uma defesa oral feita por uma funcionária do Mn. Saúde nas audiências da ADPF-442 em Set/18, a mesma apresentou esse número sem entretanto mostrar qualquer evidência que sustentasse sua argumentação. E nunca mostrou desde então🔽
@GizmodoBR O resto da matéria é palavrório vazio, opinião de "especialistas", blahblahblah.

Fica a lição: você pode ter o direito de apoiar qualquer causa. Mas não tem o direito de mentir ou omitir dados em nome dessa causa🔚

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