O tema "1987" já foi repisado várias vezes. Mas há um detalhe MUITO importante que sempre escapa aos textos que contam a história daquele Campeonato Brasileiro.
Uma mudança que provocou toda a discussão posterior.
Segue o fio... 🧵🧵🧵
2) Vamos pular toda a gênese da torneio e ir direto ao ponto. O dia é 3 de setembro de 1987.
Foi quando Clube dos 13 e CBF tiveram uma breve trégua e enfim chegaram a um acordo sobre o regulamento.
A proposta veio de Eduardo "Caixa D'Água" Vianna, presidente da Ferj, e dizia...
3) O campeonato terá quatro módulos: Verde (a Copa União), Amarelo, Azul e Branco. Serão quatro os campeões brasileiros, portanto.
Ao final, haverá um cruzamento entre os dois primeiros dos módulos Verde e Amarelo para DEFINIR OS PARTICIPANTES BRASILEIROS DA LIBERTADORES.
4) O destaque anterior foi para enfatizar o que significava inicialmente o cruzamento. Não se tratava de decidir o campeão brasileiro.
Isso, aliás, foi considerado pela imprensa como uma vitória do Clube dos 13.
5) "Mas não tá subentendido que participante da Libertadores = campeão?". Não. E há vários precedentes vindos daqui do lado, do Uruguai.
Desde os anos 1970 era disputada no país vizinho a chamada "liguilla", torneio à parte do campeonato nacional e que dava vaga na Libertadores.
6) Muitas vezes as duas vagas uruguaias (naquele tempo eram duas) foram definidas exclusivamente pela liguilla.
O que não implicava em desconsiderar o campeão uruguaio daquele ano como tal.
Houve diversos casos assim, alguns bem simbólicos.
7) Em 1977, o Nacional levou o título. Mas Peñarol e Danúbio foram, pela liguilla, para a Libertadores de 1978.
Já em 1979, foi o contrário: o Peñarol ficou com a taça, mas fora da Libertadores de 1980 (Nacional e Defensor foram os representantes).
8) Um caso de cortar o coração aconteceu em 1984: o nanico Central Español (foto) conquistou um título inédito e histórico, desbancando o tradicional duopólio.
Mas ficou de fora da Libertadores (a qual nunca disputaria) pela liguilla: Peñarol e Bella Vista participaram em 1985.
9) Por fim, numa daquelas enormes ironias, o mesmo voltou a acontecer em... 1987!
O Defensor levou o 2º título de sua história, com o Nacional de vice. E quem jogou a Libertadores de 1988? Progreso (7º colocado no campeonato) e Peñarol (8º).
Ambos classificados pela liguilla.
10) E isso ainda aconteceria de novo em 1993, com o campeão Peñarol de fora da Libertadores de 1994.
Portanto, o caso da liguilla uruguaia explica o motivo pelo qual é furado o argumento de que "o Sport jogou a Libertadores de 88, logo é o campeão de 87".
11) Ou seja: para fins de regulamento, o objetivo inicial do cruzamento era o de ser uma espécie de "liguilla brasileira".
Mas obviamente também era uma maneira de a CBF tentar dar ao seu torneio o mesmo peso da Copa União.
12) Naturalmente, a CBF sabia (como todo mundo) que o campeão do Módulo Verde, o mais forte, seria considerado o verdadeiro campeão nacional daquele ano.
E, embora parecesse ter cedido, tratou de mexer os pauzinhos nos bastidores.
13) Entre o acordo ser firmado e o regulamento redigido e assinado, dias depois, entrou em cena a casquinha de banana.
A CBF passou por cima do combinado e, sorrateiramente, ALTEROU a parte do cruzamento. No novo texto, ele agora passaria a indicar o campeão brasileiro.
14) Esse regulamento escrito foi assinado no dia 11 por Eurico Miranda, representante indicado do Clube dos 13, sob os auspícios de Caixa D'Água e da dupla que dirigia (às turras) a CBF: Nabi Abi Chedid e Otávio Pinto Guimarães.
Mas contrariou frontalmente a ideia do C13.
15) O que teria levado Eurico a assinar um regulamento que contrariava o interesse do próprio grupo que representava fica no ar.
Teria sido ele ingênuo? Desatento? Ou agiu para ganhar capital político e poder barganhar em causa própria mais adiante?
Opinem vocês.
16) Recapitulando:
I) O cruzamento nasceu junto com o regulamento, não foi imposto depois. Porém...
II) De início ele NÃO decidiria o campeão brasileiro.
III) A CBF passou uma rasteira no Clube dos 13 entre o acordado e o escrito. No popular: deu dois papos.
17) Foi essa mudança por baixo dos panos na FINALIDADE do quadrangular que irritou o Clube dos 13 e o levou a decidir POR UNANIMIDADE que nenhum de seus filiados participaria do cruzamento nesses moldes, fosse quem fosse o campeão e vice da Copa União.
18) Para ilustrar o fio, seguem dois recortes da imprensa da época, dos dias posteriores ao acordo entre Clube dos 13 e CBF.
O primeiro é da Folha de São Paulo. Atenção ao trecho destacado.
19) Este é do Jornal dos Sports. Mais uma vez atenção ao trecho destacado.
Só uma retificação aqui:
Os participantes uruguaios na Libertadores de 88 foram Montevideo Wanderers e Nacional (ambos pela liguilla), além do Peñarol (atual campeão continental).
De todo modo, o campeão uruguaio de 87, Defensor, não jogou a Libertadores de 88.
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A festa do bi carioca do Flamengo em 27/02/1955 foi um dos dias mais memoráveis da história do Maracanã. Além da entrega das faixas e do jogo com o Bangu, o evento reuniu atletas do Fla de várias modalidades, escolas de samba, celebridades e até estrelas de Hollywood.
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2) Promovida pela Rádio Mayrink Veiga, a PRA-9, a festa contou, nas tribunas, com a presença de autoridades municipais e federais, além de nobres da casa britânica de Devonshire.
No gramado, a celebração teve início com Jaime de Carvalho comandando a Charanga Rubro-Negra...
3) Foi a senha para o desfile de atletas do Flamengo de todas as modalidades praticadas no clube, do basquete à esgrima, do vôlei ao remo, da natação ao ciclismo, do atletismo ao boxe - cujos integrantes da equipe rubro-negra, também campeã de 1954, aparecem na imagem...
Como mandante: 19 J, 11 V, 4 E, 4 D, 35 GP, 23 GC
Como visitante: 19 J, 10 V, 4 E, 5 D, 33 GP, 25 GC
Total: 38 J, 21 V, 8 E, 9 D, 68 GP, 48 GC
Continua... 🧵🧵🧵
Retrospecto por adversário:
2 V - Santos, Corinthians, Bahia, Sport, Vasco, Goiás e Coritiba
1 V, 1 E - Inter, Grêmio, Palmeiras, Fortaleza e Botafogo
1 V, 1 D - Fluminense, Athletico-PR
2 E - Bragantino
1 E, 1 D - Atlético-GO
2 D - Atlético-MG, São Paulo, Ceará
Retrospecto por estado:
SP - 5 V, 3 E, 2 D
RJ - 4 V, 1 E, 1 D
RS - 2 V, 2 E
PR - 3 V, 1 D
GO - 2 V, 1 E, 1 D
CE - 1 V, 1 E, 2 D
BA - 2 V
PE - 2 V
MG - 2 D
Agora que já são conhecidos os quatro clubes da Série B que garantiram o acesso à elite para o próximo Brasileiro, segue um fio sobre o retrospecto do Flamengo contra cada um deles pela competição nacional... 🧵🧵🧵
Contra a Chapecoense, o Flamengo tem enorme vantagem nos confrontos. Pelo Brasileiro foram 12 jogos com 9 vitórias, 1 empate e 2 derrotas (ambas em SC).
No Maracanã, o Fla venceu todas as 4 partidas.
Aqui, a maior goleada: 5x1 na Ilha em 2017.
O Fla chegou a ter desvantagem contra o América-MG, mas a maré virou na última década.
De 2011 pra cá, foram 5 vitórias e 1 empate em 6 jogos. No total, 12 jogos com 6 vitórias, 4 empates e 2 derrotas.
Sobre vazamentos, ídolos de saída e crises internas num Flamengo que de repente parou de ganhar, segue um fio vindo diretamente de dezembro de 1980, exatamente um ano antes do título mundial.
O personagem central era o técnico Cláudio Coutinho.
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2) Após levantar o tri carioca em 1979 e o Brasileiro em junho de 1980, o Fla sequer chegou à final do Estadual.
Indesculpável, já que o elenco tinha sido reforçado com o zagueiro Luís Pereira e o ponta Luís Fumanchu e, dos titulares, só perdera o lateral-direito Toninho...
3) Mesmo desgastado após 4 anos no clube e com propostas do exterior, Coutinho seguiu planejando a temporada 1981 com o supervisor Domingo Bosco.
Antes de sair de férias, deixou em sua mesa uma lista sigilosa com todo o elenco, na qual alguns nomes tinham marcações ao lado...