Thread by @ntsnaleatorias

Eu acabei de ver o relato de uma colega da dc aqui sobre o assédio inbox.
Seguidamente eu falo com colegas e amigues que o assédio por desconhecidos e seguidores é um problema muito grande e constante.

Vamos de fio sobre isto?
#dcsemassedio
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1º eu gostaria de falar sobre o privilégio de ser homem.
Ser homem na divulgação científica é um privilégio, em relação a ser mulher?

O privilégio é uma característica da nossa sociedade em que tu "sai na frente" em algum setor "só por seres quem és". Mas atenção!
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Isto não desmerece tua qualidade como pessoa e profissional. Quer dizer, todavia, que tu não escutas vários "nãos" por seres quem TU ÉS.
Em nossa profissão acadêmica por exemplo, existe o assédio moral e sexual relacionado à maternidade.
Nos formamos próximo aos 22-23 anos.+
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E toda a nossa pós-graduação acontecerá entre esta fase e, digamos, uns 32-34 anos (contando eventuais tempos entre uma coisa e outra, mas acaba antes dos 30 se fizeres direto cada etapa).
Nenhuma mulher passa incólume por entrevistas de pós-graduação ou busca por emprego+
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nesta fase sem as perguntas
- tem filhos?
- se eles adoecerem, quem fica com eles?
- pretende engravidar?
- tens com quem deixar se precisares?
- tu és casada/comprometida?

E é interessante que muitas pessoas não localizam isto como assédio. Por quê?
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Uai Ana! Mulheres podem engravidar!
Primeiro que quem engravida é quem tem útero, não necessariamente mulheres.
Segundo que esta pergunta aponta o quê? Que resposta é a correta para "tem filhos" "és casada" "pretende engravidar"?
Esta pergunta é realizada para sujeitos
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que não engravidam?
Ou só quem engravida é que tem filhos?
Por diversas vezes esta pergunta não só é feita como indica que não há resposta correta e, só por ela ser feita, existe um diferencial de análise para os perfis que tu vais aceitar ou não em teu laboratório ou grupo
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O meio acadêmico recém começa a despertar para os prejuízos nas carreiras a partir das relações maternais e paternais.
Além da desigualdade na carreira, toda a relação que se estabelece pelas cobranças, gera também uma moralização e culpabilização em relação à
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possibilidade de gerar uma criança.
Eu não tive filhos, por exemplo. Mas afirmo categoricamente que só de ter um período em que isto era um plano faz com que tenhamos que planejar nossa carreira entre "ter antes ou depois de um doutorado", por exemplo.
Isto por sabermos +
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que aquele novo ser vai impactar imediatamente nossa produtividade. E este impacto relaciona-se sim à falta de políticas igualitárias, mas sobretudo ao modo como "ser mãe" ou "gerar uma criança" é visto nos meios acadêmicos - um atraso para aquela pessoa e, portanto, alguém+
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que não deveria se candidatar antes de isto ser planejado com detalhe
Isso é assédio moral e sexual, por se tratar de como lidamos com o nosso corpo e somos prejudicadas e repreendidas por opções ou condições de gerar uma vida.
Tá, mas e o privilégio?
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Prejuízo para uns, gera privilégios a outros, só por não precisar passarem por isto.

(vou abordar o assédio por mensagens em outro fio! Aguarde :-)