Bom dia. Concluí minhas escutas para saber o que foi essa reforma descabelada de Bolsonaro. Foram muitos analistas, interlocutores de militares e deputados do Centrão que ouvi. Lá vai fio:
1) Bolsonaro está isolado. A reforma ministerial repercutiu negativamente porque foi meramente reativa ao “esfarelamento” político em curso. Tudo começou com o manifesto que foi publicado no final de março. Nele, duas assinaturas fundamentais: dois banqueiros
2) As assinaturas dos banqueiros Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles (Itaú) acenderam a luz vermelha no meio político porque significava o desembarque do alto empresariado do apoio ao governo federal
3) 3.Em seguida, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco armaram reuniões com empresariados paulistas. Várias dessas reuniões foram noticiadas na última semana.
4) Pacheco causou forte e positiva impressão nos líderes empresariais paulistas. Dizem que é um político em ascensão. Dessa conversa nasceu a declaração de Arthur Lira em que ameaça veladamente Bolsonaro
5) Nos meios militares, a gestão de Pazuello já tinha sido a gota d´água. Percebiam a péssima repercussão de sua imagem pública e já haviam decidido desembarcar do governo Bolsonaro quando Bolsonaro começou a alimentar a queda de braço entre os generais Braga Netto e Edson Pujol
6) A demissão do ministro Fernando Azevedo gerou um desastre político entre as FFAA. Isolou ainda mais Bolsonaro
7) Braga Netto não tem liderança e prestígio militar por si. Tal situação tem relação com a reforma das instituições militares impetrada por Castelo Branco em 1967 que reduziu a apenas dois anos o tempo que o militar da ativa pode ficar afastado das fileiras
8) Não há clareza dos desfecho de mais este impasse criado por Bolsonaro junto às FFAA. Todas hipóteses que colhi são desfavoráveis ao Presidente da República: renúncia, recuo ao mando total do Centrão ou não consegue sustentar sua candidatura à reeleição de 2022. (FIM)
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Bom dia. Comecei a ler comentários de analistas europeus sobre a morte de Mujica e um analista atraiu minha atenção: Daniel Oliveira. Daniel é colunista do jornal português Expresso e um famoso blogueiro. Este é o fio.
1) No seu comentário, diz ter inveja "da liberdade conquistada pelo despojamento do que da lamentável solidão e do risível exibicionismo de Musk. A redução da política à tecnocracia destruiu a sua função inspiradora e profética, sem a qual é gestão.”
2) Nesses dias, Mujica foi quase uma unanimidade, com exceção dos sempre chatos e mal-amados bolsonaristas, uníssonos em seus comentários sem alma ou cérebro.
Bom dia. Venho sugerindo que a ampla coalizão montada por Lula não tem validade política. Como aliança eleitoral, teria sentido. Porém, como governabilidade, vem se revelando um desastre. Desastre objetivado ontem, com a recusa do Ministério do Turismo por Pedro Lucas.
1) A recusa pelo aliado do presidente do União Brasil revela mais do que o tornozelo. Faz parte do pêndulo do poder entre Alcolumbre e Antonio de Rueda . Alcolumbre se adiantou e afirmou que indicará um novo nome para a pasta.
2) De um lado, Davi Alcolumbre vem acumulando divergências com outros integrantes da cúpula do União Brasil a respeito da participação do partido no governo Lula e dos rumos que a legenda deve tomar na eleição de 2026.
Bom dia. Com o falecimento de Papa Francisco, não tive ânimo ou coragem para escrever sobre Tiradentes, motivo do feriado da segunda-feira. Agora, retomo o fio. Lá vai:
1) A homenagem a Tiradentes tem relação com a origem do mito: a formação da alma brasileira. Este é o nome do livro mais instigante e revelador sobre como Tiradentes foi usado e abusado na disputa entre duas correntes militares: os deodoristas e os florianistas.
2) O livro relata como as duas correntes disputavam e manipulavam a opinião pública para construir um ícone da república – e, portanto, da nação – brasileira. Os seguidores de Deodoro da Fonseca desejavam uma figura mais agressiva, bélica e impositiva.
Bom dia. Saiu nova pesquisa Datafolha que registra avaliação dos brasileiros sobre o governo federal. Na aparência, uma notícia melhor que a pesquisa Quaest apresentou dias atrás. Na aparência. Vamos à pesquisa.
1) Se compararmos com o dado da Quaest, há uma diferença: 5 pontos percentuais de melhoria do índice de avaliação positiva. Esses 5 p.p. fazem uma grande diferença porque, sem esta mudança, a distância entre avaliações positivas e negativas seria similar entre Quaest e Datafolha.
2) Na comparação: a pesquisa Quaest apresentou 56% de desaprovação e a Datafolha, 38%; já os que aprovam foram 41% na Quaest e 29% na Datafolha. A primeira notícia ruim é que em ambas pesquisas, a reprovação é maior que a aprovação: 9 p.p. na Datafolha e 15 p.p. na Quaest.
Bom dia. No dia 1 de abril de 1964, o Brasil mergulhava numa ditadura. O fio de hoje é dedicado a explicar em que aquela ditadura se diferenciaria da que Bolsonaro tentou implantar
1) O bolsonarismo é fascista. A ditadura militar de 64 era autoritária. Qual a diferença? Autoritarismo não mobiliza socialmente e tolera certa competição política tutelada
2) A partir de 1964, ninguém podia sair às ruas em grupos de mais de três pessoas. Se saísse, logo aparecia um meganha ditando o conhecido "Circulando!". Isso, se fosse um policial pacato.
Bom dia. Prometi um fio sobre machismo e esquerda. Então, lá vai fio:
1) Vamos começar pelo básico: não existe esquerda machista ou racista. Se é machista, não é esquerda. Por qual motivo? Justamente porque a definição de esquerda é a defesa da igualdade social. Ora, machismo se define pela desigualdade entre gêneros.
2) Neste caso, piadinhas sexistas, indiretas, definição de trabalho em função do sexo ou sexualidade, assédio ou abuso sexual não fazem parte do ethos da esquerda.