Notícias super interessantes do estudo da CoronaVac no Chile! 🇨🇱
Além de ter apresentado um bom perfil de segurança, e resposta por anticorpos, a vacina parece induzir também formação de células (resposta celular) contra o SARS-CoV-2!
Os dados são de segurança e imunogenicidade de um estudo realizado entre 27 de Novembro de 2020 e 9 de Janeiro de 2021 com participantes de 18-59 anos em um grupo e acima de 60 em outro grupo. As doses foram aplicadas em um intervalo de 14 dias nos grupos vacina e placebo
As principais reações se concentraram em dor no local da injeção (55,6%), e nenhuma reação mais séria foi observada em nenhum dos grupos analisados, apontando um bom perfil de segurança
Quanto a imunogenicidade, também observamos uma boa resposta nos títulos de anticorpos, e também uma atividade neutralizante de anticorpos anti-S1-RBD (que reconhecem a região do domínio de ligação ao receptor (RBD) da Spike) nos dois grupos (18-59 e acima de 60),
Lembrando que o regime foi dado num intervalo de 14 dias, e as respostas foram maiores quando observadas após algumas semanas da imunização. É o que falamos sobre o tempo da vacina ir gerando essas respostas no corpo do indivíduo, é um processo que requer seu tempo
No artigo, os autores observaram uma indução significativa de resposta celular (céls. T) com a liberação de IFN-γ após estimulação pedacinhos derivados do SARS-CoV-2. Não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos de idade para imunidade mediada por células
Mas é importante ressaltar que o número de amostras analisadas foi pequeno, e precisamos de mais estudos para entender ainda melhor como essa resposta está se mostrando. Mas é um indicativo interessante da presença dessa resposta, algo que muitas pessoas se questionavam
Essa resposta parece ser do tipo Th1, um tipo de resposta celular que leva a produção de moléculas sinalizadoras (citocinas) relacionadas principalmente com a defesa mediada por fagocitose (ex no GIF) contra agentes infecciosos intracelulares, como os vírus
Eu gosto muito desse post do @Biomedicina que comenta sobre os tipos de perfis que os linfócitos T CD4 podem apresentar.
As respostas foram mais observadas no grupo 18-59 anos, mas é importante notar que o N é pequeno e isso também influencia.
O @mab_sp125 também fez algumas análises que valem muito tua leitura. A Coronavac é capaz de gerar resposta celular e, dada as limitações do estudo e a necessidade de ampliar o nº de amostras analisadas, é um indicativo interessante:
Resposta celular é algo super relevante no contexto da resposta imunológica (redução do risco de agravamentos), e também considerando variantes. É muito provável que a resposta celular sofra um impacto menor em relação às variantes
Portanto, é um dado bem interessante, agrega mais algumas peças no nosso quebra-cabeças e ressalta a necessidade de seguirmos ampliando esses estudos para ter mais informações sobre a resposta imunológica induzida pelas vacinas :)
Espero que tenham curtido o fiozinho :)
Bula da CoronaVac com alguns dados do estudo brasileiro:
Em 2024, o Brasil viu uma epidemia de dengue sem precedentes na sua história. As regiões das Américas concentraram a maioria dos casos, com destaque para o Brasil, com mais de 80% dos casos registrados
O que nos levou a isso? Fio do dia 🔻
O dado acima foi compartilhado pelo @ECDC_EU reforçando a grande ameaça à saúde pública que as arboviroses (vírus transmitidos por insetos) trazem, com riscos para grandes epidemias, impactos socioeconômicos e sobre o sistema de saúde
Até abril de 2024, a @WHO registrou mais de 7,6 milhões de casos suspeitos de dengue em todo o mundo, com mais de 3 mil óbitos. Aumento ocorreu especialmente na região das américas (90% dos casos notificados), com destaque para o Brasil (+80% dos casos)
Alegações tem sido feitas por conta de um artigo recente, mas além de o artigo não comprovar a existência do risco, ele também tem tantos fatores de confusão que me surpreende ter sido publicado
Então respira, e vem de fio 🔻
O artigo utilizou dados de mais de 558 mil indivíduos de Seul 🇰🇷, divididos em dois grupos: vacinados e não vacinados
A ideia era analisar se há associação com o comprometimento cognitivo leve, que pode ser visto anterior ao desenvolvimento de demências, como Alzheimer
Os pesquisadores então analisaram os registros entre 2020 e 2021. Importante notar: as campanhas de vacinação em Seul começaram em 2021.
Isso faz com que o número de pessoas com 2 doses seja pequeno, comparado ao tamanho inicial da amostra
Li e tenho algumas questões importantes:
- Mesmo pessoas fora de grupos prioritários e até mesmo que tiveram Covid-19 leve, podem desenvolver sequelas pós-Covid;
- Sequelas pós-Covid podem ser duradouras, reduzirem a qualidade de vida e trazer riscos à saúde;
Nessa parte de um fio recente, trago alguns dados recentes quanto as informações sobre sequelas pós-Covid. Não só há um risco de morte permanecendo elevado, como há uma perda significativa da saúde como um todo.
Portanto, me preocupa não termos ainda uma construção de políticas públicas para a Covid longa. Sabendo dos seus riscos, da prevalência estimada em outros países, poderíamos já estar ao menos com políticas instituídas para reduzir riscos de contaminação com vírus respiratórios
Se tu passar por manchetes sugerindo que a vacinação contra Covid-19 ajudou a aumentar o excesso de óbitos, saiba que não é o que o estudo original sugere: o excesso de mortes “permanece elevado” APESAR do uso de vacinas (e outras medidas). Sem essas medidas, seria ainda maior🔻
O artigo original está no link abaixo e conclui: "o excesso de mortalidade permaneceu elevado no mundo ocidental durante três anos consecutivos, apesar da implementação de medidas de contenção e das vacinas contra a COVID-19."
O artigo tem limitações importantes e deixa de lado a quantidade de mortes que foram evitadas graças a vacinação. Ainda, a circulação persistentemente alta do vírus, pelo enfraquecimento das medidas mitigatórias, pode estar por trás desse excesso.
Casos de Oropouche em SC: pela primeira vez na história do estado, casos foram registrados em Botuverá (Vale do Itajaí).
A Febre do Oropouche é causada por um vírus (OROV), transmitida por mosquitos e é mais uma doença que pode estar sendo agravada por mudanças climáticas🔻
Três pacientes em Botuverá (entre 18 e 40 anos, sem histórico de deslocamento para fora do estado) foram confirmados até o momento.
A febre do Oropouche foi isolada pela 1ª vez no Brasil nos anos 60, com surto recente na região norte do país g1.globo.com/ac/acre/notici…
A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados. Entre os vetores, o mosquito-pólvora ou maruim (Culicoides paraenses) é o principal, mas em centros urbanos, o Culex quinquefasciatus pode ser um potencial vetor
Covid-19 pode aumentar riscos por até um ano após a infecção para desfechos psiquiátricos como:
- transtornos psicóticos, de humor, de ansiedade, por uso de álcool e do sono
Riscos maiores em pessoas hospitalizadas, e menores entre vacinados 🔻
a Covid-19 pode também trazer um risco aumentado de o indivíduo precisar de prescrição de medicamentos psiquiátricos por conta dessas alterações persistentes, comparado com aqueles sem evidência de infecção mas que passaram por estressores parecidos relacionados à pandemia
Mesmo em quem teve Covid-19 leve, esses riscos estavam presentes. Apesar de riscos serem ainda maiores para quem teve Covid-19 mais séria, não se pode subestimar o impacto de uma infecção leve considerando as sequelas pós-Covid