Alguém que é pouco familiarizado com discussão racial vai achar qualquer discurso bom, agora quem estuda relações raciais, quem conhece as estratégias da branquitude pra se dizer antirracista enquanto continua racista não vai achar tão bom assim, isso é óbvio
É muito óbvio que pra uma sociedade racista é mais fácil ouvir um discurso “antirracista” que passa mão na cabeça de vocês, que aponta o racismo do outro (até de outro país) do que aponta os seus. Assim como é mais fácil ouvir isso de um branco do que de uma pessoa negra
Camilla de Lucas deu uma aula na segunda sobre racismo, sobre negritude. A Globo poderia ter colocado a fala dela completa no vt e não o fez por um motivo, pq a fala dela não passa a mão na cabeça da branquitude. Pq a fala dela fala de um racismo que ocorre no Brasil
“Ah mais ele citou a luta dos EUA”. Citou mesmo, assim como por décadas os principais políticos e cientistas brancos citaram pra negar a criação de políticas de combate ao racismo no Brasil, pq racismo é o que tem nos EUA. Essa estratégia é antiga no Brasil
Existe uma razão pra se falar de intenção ou não do racista, pq ela ameniza ou até mesmo apaga a culpa institucional e estrutural do racismo. Pq se falarmos do racismo institucional a emissora teria que reconhecer quantas atitudes racistas deixou ocorrer ao longo desses anos
Um dos grandes problemas do racismo brasileiro é a falta de consciência da própria vítima q ela está sofrendo racismo e isso é culpa da política oficial do mito da democracia racial. Uma pessoa consciente se une pra cobrar mudanças, pra cobrar políticas.É preciso nomear o racismo
Num programa de rede de TV aberta, que tem obrigação de seguir a lei brasileira, discutir racismo não tem que ser de improviso, tem que estudar, trazer especialista pq antirracismo tem que ser a regra. Tem que estipular punição.
E é super importante falar da luta negra no mundo todo, citar as referências. Mas é fundamental falar das referências brasileiras, da militância e das lutas daqui. Pq são essas referências que iram falar do racismo a brasileiro, como o racismo é articulado aqui
Ñ é coincidência nós sabermos mais os nomes dos grandes intelectuais e líderes ativistas dos EUA ou da África do Sul do que sabemos dos intelectuais e ativistas brasileiros. Não é coincidência ñ conhecemos as lutas antirracistas brasileiras. É projeto de poder e a mídia tá junto
Então, por favor, invés de criticar e mandar descansar quem não se impressiona com o mínimo de fala de homem branco, escutem as críticas e aprendam com ela. Não foi esse ano que a discussão racial começou, são décadas e mais décadas de discussão que vocês é que não teve acesso
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