Uma coisa que Vítor Pereira recomenda a todos os treinadores é identificar e catalogar todos os princípios/comportamentos que pretendemos que as nossas equipas exibam.
Este catalogar pode ser mais interessante do que se pensa à partida. E dar dividendos maiores também. Thread👇
Catalogar é apenas a recolha e tratamento de vídeos ou imagens de equipas a exibir uma determinada solução para um problema do jogo. Solução essa que já tínhamos antes determinado ser um recurso que encaixa no que consideramos para a nossa Ideia de Jogo.
A identificação de que soluções vão de encontro à forma como pretendemos ver as nossas equipas a jogar pode, e deve, ser feita estando atento ao jogo de qualquer equipa, independentemente do nível que apresente, ou do contexto onde está inserida.
Mas há ressalvas importantes...
💭 Em teoria, as melhores equipas apresentarão um maior número soluções táticas de qualidade.
E com toda a naturalidade, se são as melhores equipas as mais vistas é muito provável que sejam as que com mais ideias contribuem para o repertório tático dos treinadores.
💥 Contudo pode haver armadilha.
Não podemos cair no erro de atribuir a uma equipa um maior valor tático por culpa dos melhores resultados que obtém.Nem sempre uma coisa é responsabilidade da outra.
⚖️ Então como escolher as melhores referências para alimentar a nossa Ideia de Jogo?
Temos de o fazer em duas fases:
1⃣ Identificar que comportamentos queremos referenciar
2⃣ Identificar as melhores equipas para nossa referência
Esta thread é sobre o ponto 2.
Se tirarem apenas uma coisa desta thread escolham isto:
🎯 Depois de sistematizado um determinado princípio/comportamento na vossa Ideia de Jogo devem poder visualiza-lo mentalmente sem nenhum jogador ou camisola específica associada.
Na minha Ideia de Jogo não pode haver a "pressão à Klopp", ou a "aquela saída a 3 como o City faz".
Devemos poder descrever o que pretendemos a quem nunca tenha visto jogar nenhuma das equipas que iremos usar como referência.
A 🔑é a caracterização do par: problema causado - solução encontrada.
Quanto mais isolado este princípio estiver do contexto em que o vimos, mais fácil será definir se é uma solução que vai de encontro à nossa ideia de jogo ou à especificidade do contexto onde estamos inseridos
Embora a equipa que nos tenha servido inicialmente de referência poder ser de qualquer contexto (podemos até não ter vídeo do jogo) é muito importante encontrar depois equipas que apresentem aquele comportamento e que tenham duas características:
1⃣ São de um contexto semelhante ao da equipa que treinamos (ou seja mais provável vir a treinar).
2⃣ Apresentam um modelo de jogo com o maior grau de princípios comuns ao que pretendemos para a nossa equipa
Podemos querer referências para uma saída com GR + centrais + 6 contra pressão alta e em que o GR é o homem livre.
O Barcelona de Guardiola pode ser o expoente máximo das soluções para esse problema, mas salvo raras exceções, não é aí que devemos ir "beber".
Ganhamos mais em considerar para estudo e sistematização do mesmo momento as soluções do Sassuolo de De Zerbi ou o Rio Ave do @carloscarvalha2 por ex.
Porquê?
Equipas de primeira liga sim, mas são principalmente equipas que executavam um determinado comportamento face a adversários de maior valor individual. Apresentam soluções vincadas em contextos de desnível teórico na qualidade individual dos jogadores.
Mesmo não estando na 1a liga, assumo que é mais provável estarmos à frente de uma equipa que faz a maior parte dos jogos contra adversários com mais qualidade individual do que ao contrário.
📘Pebbles of Perception by @EndersenL is a hidden gem of a book.
Not even 200 pages, but full of the first principles on how to live a great life.
Here's a list of my favorites 🧵
💬Rarely the first question that comes to mind is the best one, the one that will get us the answers we need.
Open questions ➡️Open conversations
Be curious. When in doubt, go deep.
There are 2 levels of thinking:
1⃣ you get the most immediate and visible answer. It's clear to everyone.
2⃣ you consider what else might be going on, perhaps caused/hidden by the 1st level.
Know in which level you're operating and which one you need to get to.
Nós treinadores, às vezes gostamos de arranjar lenha para nos queimar.
Já alguém perguntou ao Fernando Santos se ao intervalo pediu á equipa para ser mais pragmática ou mais artística?
Claro que não. A pergunta não faz sentido nenhum.
Thread👇
Sempre que um treinador entrar nesta falsa dicotomia entre o artístico e o resultado merece sair chamuscado. Ficamos todos mais pobres na ideia do jogo.
Não existe nenhum interruptor. Não existem botões no comando que obriguem a jogar pior para se puder ganhar e vice-versa.
Quando vos perguntarem por resultado vs nota artística só há uma resposta certa. Enquanto treinarem uma equipa de seres humanos num desporto de oposição. Qualquer que seja o contexto...👇
🚀O ponto de partida é sempre fazer evoluir a equipa no seu Jogar: corrigir fragilidades ou adquirir competências.
Eis o exemplo que nos dá:
🧠Como ataca Vítor Pereira a fragilidade da sua equipa neste momento? Uma pista: não vai a "livros de exercícios" e cheira-me que também não vem ao Twitter😅.
Cria exercícios que provoquem repetidamente este problema à sua equipa E facilita a descoberta de soluções.
Onde não pedir a bola na fase de construção: O caso dos interiores portistas frente ao Gil Vicente.
Oferecer-se pela frente do adversário, onde este pode acompanhar a bola e jogador no seu campo de visão.
Resultado: pressão imediata pelas costas e bola devolvida aos centrais.
Esta regra tem exceção.
Se tivermos dinâmicas implementadas que permitam entregar num 3º que aproveite o espaço gerado pela atração do adversário ao nosso jogador. Ai sim.
Como dizia Vítor Pereira...
"Porque se eu tiver jogadores entre a primeira e segunda linha de pressão do adversário eu vou ter gente a ser atraida na pressão, os médios deles vão ser atraidos e onde é que me vão libertar o espaço?"