Thread by @AlessandroLoio2

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE A SOCIEDADE EMASCULADORA E OS HOMENS GRACIOSOS

1/15) Podemos dizer que a Sociedade Emasculadora teve início a partir da segunda metade do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial.

2/15) A Revolução Industrial, ao deslocar os homens para postos de trabalho e distanciá-los de suas casas por longos períodos do dia (ou, algumas vezes, por meses a fio), partiu os elos que uniam os homens aos seus filhos.

3/15) Isto foi especialmente danoso para os meninos, que se tornaram órfãos de Masculinidade e foram entregues compulsoriamente aos cuidados de creches escolas e outros ambientes predominantemente femininos.

4/15) Com o tempo, o ressentimento por esta ausência se transformou em uma convicção de que toda figura masculina era ruim, opressora e corrupta – e o desprezo pela autoridade e pela Masculinidade germinou para todo lado.

5/15) Ao longo do século XX, os equívocos progrediram: o sistema de ensino transformou-se em uma máquina de produzir zumbis, a doutrinação cultural nos acomodou na obediência aos poderes errados, e toda a sociedade se tornou empenhada em manter os homens em uma infância perpétua.

6/15) Se, no começo do século XIX, tínhamos uma multidão de homens de 15 anos de idade, cem anos depois nos deparávamos com manadas de meninos de 30 anos. E então as coisas pioraram.

7/15) A partir das décadas de 1920 e 1930, a cultura pop inundou a mídia de massa com personagens de quadrinhos e cinema onde os homens eram frequentemente retratados como fraco ou tolos – ou ambos.

8/15) Na década de 1960, com o avanço da segunda onda do feminismo e os protestos contra conflitos armados no planeta, o processo emasculante acelerou.

9/15) Procurando uma saída para um cerco cuja existência havia se tornado impossível de negar, os homens passaram a questionar seus papéis, ressignificaram sua vitalidade e se tornaram “Homens Graciosos”.

10/15) A comunidade feminina, sempre ávida por atmosferas menos agressivas, festejou a chegada dos Graciosos. Depois de tantas guerras e massacres, os homens graciosos realmente pareciam ser bem-vindos:

11/15) eles eram mais afetuosos, maternais, cooperativos e receptivos, melhores ouvintes, parceiros mais civilizados para o convívio – homens sensíveis capazes de sentir pena por insetos e de chorar em 5 minutos de conversa.

12/15) Contudo, não foram necessárias muitas décadas para perceber que a Era dos Homens Graciosos não funcionou exatamente como planejado. Estes novos seres, avessos às espadas e assustados ao menor sinal de violência, não decidem: eles refletem, longamente.

13/15) Os Homens Graciosos não falam: balbuciam.

Não contrastam: dissimulam.

Não resolvem: vacilam.

Não confrontam: fazem terapia.

Andam, mas não têm direção.

14/15) Eles não determinam a civilização: apenas sentem-se confortáveis por estarem contidos nela. Existem como se estivessem ininterruptamente em um clipe do Zeca Pagodinho com Martinho da Vila cantando “deixa a vida me levar, vida leva eu”…

15/15) Aguardados como uma “reinvenção domesticada da masculinidade”, os Homens Graciosos se mostraram indecisos, inseguros, mimados, excessivamente medianos e irritantemente hesitantes – até mesmo para as mulheres.