Pastor estupra duas adolescentes, afirmando que 'Deus havia mandado' e que as vítimas 'se transformariam em virgens como Maria' após o abuso:
O pastor José Pedro Campos Coelho, de 60 anos, foi preso pela Polícia Civil de Pinheiro (MA), acusado de abusar e engravidar duas adolescentes de 14 e 15 anos que estavam, respectivamente, de quatro e oito meses de gestação.
O 'Pastor Campos', como era conhecido por seus fieis, pregava na igreja Cidade do Bom Deus, e as garotas frequentavam o local. No mês passado, a cidade de Pinheiro ganhou destaque na imprensa internacional.
Após o lavrador José Agostinho Bispo Pereira, de 54 anos, ter sido preso por abusar sexualmente de sua filha por 16 anos, ter sete filhos-netos com ela e mantê-la em cárcere privado.
Durante a prisão do lavrador Agostinho, os jornais europeus chamaram-no de 'Fritzl do Brasil', em comparação ao austríaco Josef Fritzl, que estuprou a filha Elisabeth e a manteve em cárcere privado por 24 anos no porão de sua casa, além de ter sete filhos-netos com ela.
Segundo a delegada Laura Amélia Barbosa, o 'Pastor Campos' dizia às vítimas que elas foram crianças enviadas e escolhidas 'por Deus e pelo Espírito Santo'.
"Ele mantinha uma conversa ludibriosa, e disse que manteve relação sexual com as menores em nome do Espírito Santo, e que as crianças seriam enviadas de Deus. As vítimas são muito humildes, moradoras de um povoado aqui da região", diz a delegada Laura Amélia.
Ainda de acordo com a delegada, os pais também foram ludibriados pelo 'Pastor Campos', visto que os abusos eram cometidos com o consentimento dos mesmos.
O pastor falava que a menina que tivesse relação sexual com ele, teria um lugar garantido no céu por ser enviada por Deus. No entanto, o pai de uma das menores, que é divorciado da mãe da vítima, procurou a polícia para denunciar o religioso.
Na delegacia, o pastor José Pedro disse: "É uma questão religiosa, as igrejas me odeiam e fazem de tudo para me prejudicar para que eu não anuncie a vinda e a verdade de Jesus. O campeão. Simplesmente atendi o pedido do anjo por ordem de Jesus."
Além de ter dito que as adolescentes continuavam virgens apesar de grávidas, comparando-as à Virgem Maria, negou que teve quaisquer relações sexuais com as mesmas.
"Faz muito tempo que eu não tenho relação sexual, desde que Jesus me chamou para trabalhar com ele. Nem desejo eu tenho", disse.
Apesar de ter dito que não teve relações com as jovens, relatou à delegada que as crianças iriam nascer da gestação para destruir o mundo dos pecadores e construir um novo.
Segundo a delegada, o pastor teria escolhido outras três adolescentes que frequentavam a igreja para ter relações sexuais com a mesma tática. No entanto, os pais das menores teriam desaprovado.
"Durante o depoimento, o pastor fez uma série de intimidações, dizendo que as pessoas que atravessam o caminho dele ficam com distúrbios mentais e coisas do tipo. A mesma conversa que ele deve usar para intimidar os fiéis", enfatiza a delegada à reportagem.
Ele foi indiciado com base no artigo 215 do Código Penal, que prevê pena de reclusão de 2 a 6 anos para quem 'teve conjunção carnal ou praticou outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima'.
A adolescente de 15 anos disse que nunca teve relação sexual com o pastor e acredita que sua gravidez é obra do Espírito Santo. "Ele ordenou e aconteceu", disse a jovem. O repórter a questiona: "Quem é o pai do seu filho?", ela responde: "Jesus"
Os seus pais também acreditam no que o religioso diz ao negar relação com ela. A adolescente de 14 anos, no quarto mês de gestação, ficou sob vigência do Conselho Tutelar. O caso ocorreu no dia 6 de julho de 2010.
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