Menos de 24h depois de o Brasil atingir 400 mil mortos pela pandemia, a CEO da Adidas no país estava almoçando com Jair Bolsonaro.
Mas não foi uma questão política, segundo a empresa.
O argumento ecoa o que disse Adi Dassler, fundador da marca, sobre sua relação com o nazismo.
Os irmãos Adi e Rudi Dassler criaram uma revolucionária fábrica de sapatos esportivos na Alemanha dos anos 20.
Com a ascensão dos nazistas ao poder, na década seguinte, o próprio Estado alemão passou a se interessar mais por esporte, que passou a ter papel importante.
Não à toa, uma das Olimpíadas mais marcadas por sua politização foi a de Berlim, em pleno 1936.
Sobre o papel do esporte no nazismo, recomendamos o episódio 28 do nosso podcast: anchor.fm/copa-alm-da-co…
Adi e Rudi, portanto, tornaram-se fornecedores de calçados esportivos para a Juventude Hitlerista.
Sua fábrica inclusive produziu de forma oficial os calçados dos atletas alemães que competiram nas Olimpíadas de Berlim.
E os irmãos prontamente se filiaram ao Partido Nazista.
O que se diz é que Rudi era um apoiador mais fervoroso de Hitler, enquanto a visão de Adi era mais pragmática, mais “apartidária”, para usar a palavra que a empresa usou na justificativa de sua reunião com Bolsonaro.
Seja como for, a fábrica dos irmãos Dassler cresceu muito.
Durante a guerra, a fábrica ainda foi convertida para produzir equipamentos militares para os alemães.
Mas os nazistas perderam a guerra e a conta chegou.
Numa disputa pelo controle dos negócios, enquanto eram julgados pelos americanos, os irmãos romperam definitivamente.
Rudi foi investigado por envolvimento com o alto escalão nazista, e ele acreditava que havia sido Adi quem o denunciara, para poder ficar com a fábrica.
Em resposta, delatou aos americanos que Adi é quem havia organizado a produção militar para os nazistas, pra faturar mais.
Por falta de provas, ambos acabariam liberados. Mas a família nunca superou aquela troca de acusações.
No fim dos anos 40, a antiga fábrica se converteria em Adidas, com Adi no comando.
E seu irmão Rudi abriria uma poderosa concorrente, a Puma.
Talvez o lado mais triste da história dos irmãos Dassler seja que, enquanto faziam fortuna, outros competidores do mercado de calçados esportivos faliam porque eram judeus.
É o caso de Julius Hirsch, herói do Império Alemão na 1ª Guerra Mundial e que foi morto em Auschwitz.
Contamos a história de Hirsch, um dos primeiros astros do futebol alemão, aqui:
Nos anos mais tardios da Guerra Fria, já como uma multinacional bem estabelecida, a Adidas se reposicionou. Fez muitos negócios com países comunistas, como Bulgária, Hungria, Iugoslávia e URSS.
Até Fidel Castro fez várias aparições públicas com seu famoso casaco da Adidas.
Então, embora o timing seja terrível, pode ser mesmo que a presença da CEO da Adidas Brasil num almoço com o presidente com a pior resposta à pandemia em todo o planeta não represente nenhuma ideologia política, a não ser a que sempre falou mais alto: o dinheiro.
O Copa Além da Copa fala de esporte, história, cultura, política e sociedade.
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Virou piada no futebol e até faixa ganhou na torcida do San Lorenzo: no clássico com o Huracán, um trapo com 3% apareceu na arquibancada.
É uma referência a uma suposta porcentagem de propina cobrada por Karina Milei, irmã do presidente da Argentina, num escândalo de corrupção.
Na semana passada, foram divulgados áudios em que o diretor da
Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (Andis) aparece falando que Karina recebe suborno de 3% sobre o pagamento de remédios destinados a PCDs.
Ela não é só irmã de Javier Milei, é sua secretária-geral.
A relação de Milei com torcedores de futebol nunca foi boa, em especial porque ele é favorável à transformação dos clubes em empresas, algo culturalmente rechaçado pelos argentinos.
Torcedores inclusive já reforçaram as fileiras nos protestos contra cortes nas aposentadorias.
Falta pouco para sabermos o desfecho da ação que o Crystal Palace moveu contra a UEFA no Tribunal Arbitral do Esporte por ter sido excluído da Liga Europa.
Pode parecer pequeno, e pode até não mudar nada, mas o caso ilustra o quão complexo virou o futebol no capitalismo tardio.
O Crystal Palace conquistou em campo a vaga pra Liga Europa ao bater o Manchester City na FA Cup. Seria a 1ª participação do clube numa competição europeia de grande porte.
No entanto, em julho, a UEFA anunciou o "rebaixamento" do clube à Conference League, uma competição menor.
O argumento da UEFA era o de que a presença tanto do Palace quanto do francês Lyon na competição feria suas regras de multipropriedade de clubes.
Basicamente, os dois clubes tinham um acionista em comum: John Textor.
Conflito de interesses que ameaça a integridade do torneio.
Berço do heavy metal, cidade operária e também muito marcante no futebol: assim é Birmingham, cidade onde Ozzy Osbourne começou e encerrou a carreira.
Longe de ser tão comentada quanto Londres, Liverpool e Manchester, a 2ª maior cidade inglesa tem muita história no esporte.
Não à toa, seu clássico é chamado de "Second City Derby", o dérbi da segunda cidade, disputado entre o Birmingham City e o Aston Villa, time do coração de Ozzy.
A região das West Midlands, onde está Birmingham, foi o coração da Revolução Industrial, por questões de geografia.
Ela era abundante em veios de carvão e minério de ferro, essenciais pro trabalho nas indústrias.
Pequenos itens de metal, como botões e fivelas, eram produzidos em massa em Birmingham, em oficinas especializadas, muito antes de surgirem fábricas voltadas a esses produtos.
O Mundial de Clubes esteve próximo de não acontecer porque faltava dinheiro.
A FIFA conseguiu vender os direitos de transmissão ao DAZN, que pagou US$ 1 bilhão pra exibir o torneio de graça, e pouco depois recebeu um investimento da Arábia Saudita.
Que queria uma Copa do Mundo.
O serviço de streaming da FIFA, o FIFA+, até então gratuito, passou a ser alocado dentro da plataforma DAZN, que conseguiu novos e interessantes conteúdos pra atrair mais assinantes.
Um dos clubes envolvido na disputa do Mundial, o Al-Hilal, pertence ao fundo soberano saudita.
Que também é dono do Newcastle, que não está disputando o torneio, diferentemente dos ingleses Chelsea e Manchester City.
A imprensa inglesa então questiona: estariam então os donos do Newcastle dando dinheiro pra dois rivais de forma indireta?
Campeão do mundo em 2022, Lionel Messi surpreendeu ao escolher, no ano seguinte, o Inter Miami como seu próximo destino.
A equipe tem David Beckham como rosto público, mas seus outros donos têm história curiosa:
Sua fortuna se deve, em grande parte, ao terrorismo contra Cuba.
Na apresentação de Messi, ele foi celebrado não apenas por Beckham, mas pelos irmãos cubano-estadunidenses Jorge e Jose Mas, filhos de Jorge Mas Canosa, um ferrenho opositor do governo cubano.
Ambos são sócios de Beckham no clube e Jorge aproveitou pra discursar diante de Messi.
Afirmou que a equipe era um tributo a Miami, que acolheu sua família em busca de "liberdade".
Aliás, a palavra "freedom" é um dos lemas do Inter Miami: seu próximo estádio, previsto pra 2026, se chamará Miami Freedom Park.
Os irmãos Jorge e Jose nasceram ricos graças ao pai.
Após a vitória do seu Barcelona sobre a Juventus, o técnico Luis Enrique comemora no campo ao lado de sua filha, que agita uma bandeira do clube catalão. Eram os campeões da Europa.
10 anos depois, ele quer repetir a cena. Mas sua filha não está mais aqui.
Xana tinha apenas 9 anos quando faleceu, em 29 de agosto de 2019, devido a uma forma rara de câncer ósseo.
Ele e sua esposa, Elena Cullell, a mãe de Xana, montaram uma fundação com o nome dela após sua morte, para dar apoio a crianças com câncer e às suas famílias.
A vida de Xana coincide um pouco com a carreira de técnico de Luis Enrique, que começou nas categorias de base do Barça, passou pela Roma, pelo Celta, até chegar ao profissional do gigante catalão.
Com ele, o Barça formou o ataque com Messi, Suárez e Neymar e ganhou a Champions.