Antes do Biroliro e do Trump, foi Musk quem atuou como promotor da hidroxicloroquina/cloroquina (citado até na #CPIdaCovid. É uma história interessante, que passou meio despercebida aqui (eu mesma só descobri recentemente). 👇
Em 13/03/20, 2 investidores de bitcoins dos EUA, James Todaro (médico de formação, mas atuando no mercado de tecnologia) e Greg Rigano (advogado que se apresentava falsamente como conselheiro de Stanford), publicaram um “estudo” sobre a cloroquina...
Era uma linha de raciocínio parecida com a defendida pelo irmão do Weintraub, pular a burocracia chata e lenta da ciência e resolver o problema LOGO. O tal "estudo" era um Google Docs citando várias universidades respeitadas (todas desmentiram vínculos com os autores)
Quem havia dado a “dica” da cloroquina para eles foi o autoproclamado filósofo Adrian Bye, tipo um Olavo dos EUA, conhecido por publicações do tipo: “Não sou um nacionalista branco, de jeito nenhum. Tenho muitos amigos que são, mas eu não…” huffingtonpost.co.uk/entry/trump-hy…
Bye pesquisou evidências anedóticas da China e da Coréia do Sul sobre a cloroquina e um artigo de opinião de Raoult. Apresentou seus resultados em uma troca de figurinhas virtual no dia 11/03 com Todaro e Rigano, o que levou à elaboração do ""paper"""
O falso estudo começou a circular entre perfis de direita nos EUA e no Vale do Silício. Até ser retuitado por Elon Musk em 16/03 para seus 40 mi de seguidores. Vendo o burburinho, um cientista francês oportunista que queria emplacar a cura para a Covid procurou os influencers…
Sim, estamos falando de Didier Raoult, o arauto da cloroquina. Raoult contou os resultados de seu famigerado estudo e autorizou a divulgação antes da publicação.
Em entrevistas na Fox News, dias depois, Rigano anunciou que “um dos mais eminentes especialistas em doenças infecciosas do mundo” iria publicar os resultados de um estudo que iria mudar o “jogo”. A história é contada aqui:
No dia 19, Trump falou pela primeira vez sobre a cloroquina, numa coletiva de imprensa. As aspas já estão famosas: “I think it’s going to be very exciting”. Ele dizia que a HCQ poderia "ou não" virar o jogo, mas que, pelo que ele estava vendo, faria sim a diferença.
Dois dias depois, 21 de março, Bolsonaro faz uma das primeiras menções à cloroquina, anunciando em uma live que iria aumentar a produção do medicamento no país. aosfatos.org/noticias/como-…
O resto da história vocês já sabem… Nos EUA, a droga acabou minguando graças a ação assertiva das autoridades de saúde. Em 15 de junho, a autorização para uso emergencial contra a Covid-19 foi revogada.
Antes disso, a fraude da HCQ já estava bem clara e estávamos recebendo "doações" dos EUA (2 milhões de comprimidos foram enviados). Nem precisava: em 2020 as farmácias venderam 53 milhões de comprimidos no BR. E até agora estamos discutindo o assunto. 🤡 cnnbrasil.com.br/saude/2020/06/…
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