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Jun 9, 2021 25 tweets 11 min read Read on X
#SaveMarinaJoyce: essa foi a hashtag que fez diversas pessoas ao redor do mundo, inclusive brasileiros, acreditarem que uma Youtuber estava sendo mantida em cativeiro. O caso Marina, o que realmente aconteceu?
Marina Rose Joyce é uma youtuber de 24 anos nascida em Londres, Reino Unido, no dia 1º de fevereiro de 1997. Ela postou seu primeiro vídeo no YouTube em 2012, quando tinha 15 anos. Ela passou a postar vídeos sobre beleza, moda, críticas, debates e sobre si própria.
Marina criou uma reputação pautada em suas fortes opiniões e personalidade aparentemente genuína: embora fosse ligeiramente excêntrica, ela consistentemente transparecia felicidade, positividade e animação em seus vídeos, características apreciadas pela sua audiência.
Contudo, seu comportamento mudou repentinamente em 2016, quando estava com 19 anos: antes enérgica e alegre, ela passou a mostrar um certo desconforto em seus vídeos, que ficaram repletos de momentos silenciosos, em que ela simplesmente olhava fixamente para a câmera.
Além disso, ela esporadicamente olhava de relance para algo – ou alguém – que não aparecia na gravação. Em geral, a experiência de seus vídeos foi de agradável e tranquila a perturbadora. Internautas inclusive começaram a notar outros fatos estranhos em seus vlogs.
Por exemplo, alguns indivíduos alegaram que uma arma aparecia brevemente no fundo de um de seus vídeos; outros apontaram que diversos hematomas podiam ser observados no braço direito da youtuber em outro vlog. As suspeitas culminaram com o vídeo “DATE OUTFIT IDEAS”.
Marina abre o vídeo dizendo que se trata de uma publicidade para a loja “StyleWe”, empresa vendedora de roupas. O resto da gravação é extremamente desconfortável: ela dança e gesticula com diferentes vestidos enquanto mantém um olhar fixo e expressão perturbadora e angustiada.
O padrão de comportamento de Marina, evidenciado especialmente pelo vídeo mencionado, ensejou o desenvolvimento de diversas teorias sobre a situação a que ela poderia estar submetida. A #SaveMarinaJoyce foi criada, abrangendo mensagens de apoio e teorias da conspiração.
Ela estaria sendo mantida em cárcere privado? Investigadores da internet afirmavam que uma arma poderia ser vista no reflexo de seus olhos num vídeo; num outro, no qual ela pulava, que se escutava correntes se movendo; e até que ela sussurrou “help me” (“me ajude”) no anúncio.
Talvez, ela poderia estar sob a influência de drogas – teoria “confirmada” pelo youtuber “DrewIsSharing”. Drew, que declarou ser amigo de Marina, postou um vídeo no qual afirmava que ela estava utilizando entorpecentes à época da gravação dos vídeos destoantes.
Outros juravam que seria um golpe publicitário: o canal de Marina, embora acumulasse mais de 647 mil inscritos antes da postagem de “DATE OUTFIT IDEAS”, estava estagnado, com uma quantidade medíocre de visualizações e ganhando relativamente poucos inscritos diariamente.
Uma última teoria era mais simples, senão mais plausível: Marina estaria acometida por algum tipo de doença mental, como esquizofrenia, ansiedade ou depressão. Independentemente do que se tratasse, a comoção pública gerou até o envolvimento das autoridades.
Em 26 de julho daquele ano, Marina fez um tuíte às 6:30 convocando o público a comparecer a um evento ao qual ela iria; contudo, o tal evento nem mesmo ocorria naquele dia, o que levou vários a pensarem que se tratava de uma armadilha – como um ataque terrorista do grupo ISIS.
Diante do convite peculiar e até assustador, a polícia foi intimada a averiguar a casa de Marina e confirmar que ela estava bem. Assim, a polícia de Enfield (RU) foi à casa da youtuber e atestou que ela estava “segura e bem” em um tweet postado no dia seguinte.
Ademais, a própria Marina tuitou que ela estava “TOTALMENTE BEM”. Nos próximos meses, ela postou alguns vídeos nos quais discutia o que realmente teria ocorrido; todavia, nunca deu uma explicação explícita e completa sobre a situação, se limitando a afirmar que estava melhor.
Isso não a impediu de desmentir várias das alegações feitas sobre e contra ela. Num podcast sobre o ocorrido, Marina confirmou que nunca fez uso de drogas. A youtuber fundamentou essa afirmação dizendo que era algo incompatível com os ambientes que frequentava e seus inscritos.
Ainda, num artigo para o jornal britânico “The Guardian”, ela e sua mãe elucidaram que o sussurro de “help me” era, na verdade, Cheryl Joyce dizendo para que sua filha “fizesse como ela” (“do it like me”), e que os hematomas no braço de Marina foram produto de uma queda.
Em 2017, ela postou um vlog esclarecendo os vídeos “peculiares” de 2016, mesmo que não elucidasse toda a situação. A youtuber afirmou que teve problemas com sua saúde mental e foi acometida por depressão, o que teria sido a principal causa de seu comportamento estranho.
Em 2018, Marina fez um novo vídeo sobre o ocorrido, dessa vez desmentindo as alegações de que ela teria tomado medicações “pesadas” e que elas seriam a causa de seu estado atônito. Como de praxe, manteve-se evasiva sobre a história completa.
O movimento que buscava a “salvar” Marina Joyce não foi efetivo em tirá-la de um estado de perigo – ou, pelo menos, de um que existia apenas no imaginário popular. Num vídeo de 2017, ela se pronunciou sobre os efeitos positivos da #SaveMarinaJoyce.
Marina alegou ter estado num sob perigo “em diversas maneiras”, incluindo dor física e emocional, mas que o suporte oferecido pelo público a incentivou a mudar várias coisas em sua vida, o que permitiu que ela se tornasse mais feliz, segura e saudável.
A resolução (embora parcial) dessa controvérsia, todavia, não foi a última polêmica envolvendo Marina. Em 7 de agosto de 2019, foi reportado que a moça, vista por último em 31 de julho estava desaparecida. Seu último post nas redes sociais fora um tuíte em junho.
Após o anúncio, o namorado de Marina tuitou que tudo estava sendo tratado de profissionalmente, e pediu para que ninguém se preocupasse pois ela estava bem. Depois de alguns dias de busca, a polícia de Haringey (RU) anunciou no Twitter que ela havia sido encontrada segura – e bem
Dois meses depois, Marina fez um tuíte afirmando que, na verdade, ela nunca havia desaparecido, e que seu namorado era a única pessoa em quem confiava que soubesse seu paradeiro. O caso gerou mais suspeitas, mas nenhuma informação adicional foi reportada.
Atualmente, Marina Joyce continua postando em seu canal do YouTube, que já conta com mais de 2,1 milhões de inscritos.

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