Thread by @joezermen

Como os adventistas reagiram à pandemia de 1918-19? Houve 3 ondas nos EUA, sendo a segunda a mais devastadora. A gripe chamada de espanhola, embora não haja consenso sobre sua origem (EUA, Ásia ou Europa), se espalhou rápido. Nos EUA, algumas razões da disseminação foram:
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- Demora em aceitar a periculosidade da doença:
em jan/1918 um médico de Haskell alertou as autoridades sobre um forte aumento nos casos de influenza
em março, a base militar Funston registrou 1.100 infectados (foto do hospital de emergência)
de lá, o vírus chegou às cidades

Censura: governos de países envolvidos na guerra proibiam q jornais divulgassem notícias sobre a doença
a Espanha, neutra, noticiava os casos e assim a gripe virou 'espanhola'. Em Senegal, chamavam de gripe brasileira. No Brasil, gripe alemã. Na Polônia, doença bolchevique

- Fake news: uma delas dizia q o vírus era uma arma biológica lançada nos EUA por um navio alemão
- Trânsito de soldados na I Guerra Mundial: navios abarrotados de militares iam e vinham da Europa

(foto: aviso sobre 30 mortes na Marinha americana)

- As aglomerações organizadas pelo governo para emitir títulos de guerra (war bonds) e financiar as operações militares: na Filadélfia (foto à esquerda), 200 mil pessoas foram às ruas e estima-se que mais de 15 mil morreram em decorrência.
À direita, "war bond rally" em Oklahoma

Os registros são de que a Igreja Adventista adotou normas prescritas pelo governo, como uso de máscaras, distanciamento social e fechamento de escolas e igrejas.
O informe Columbia Union Visitor (7/11/18) relatava igrejas fechadas e mortes em todo lugar:
columbiaunion.org/content/how-vi…

A Review and Herald (16/1/19, p. 30) alertava q a doença era séria, q se usasse lenços ao espirrar e tossir, e q as autoridades advertiam q se tomassem cuidados especiais: documents.adventistarchives.org/Periodicals/RH…

foto: em Seattle, funcionário do bonde proíbe a entrada de pessoas sem máscara

Na Review and Herald de 30/1/19 (p. 7), F. Wilcox lembrou aos adventistas de q apenas o fato de terem uma mensagem de saúde não os imunizava na pandemia.
Na edição de 31/10/18 (p.16), o dr. W. Ruble, secretário da Associação Geral para a ação médico-missionária, foi enfático:

Primeiro, ele advertiu os irmãos que diziam que a pandemia era “o prenúncio do grande sofrimento dos últimos dias”. Aliás, o informe da Columbia Union tb associava a pandemia à destruição final e dizia q os juízos de Deus haviam começado.

Depois, Ruble escreveu que “em meio a mais devastadora pandemia já experimentada no país” vários adventistas diziam que sua imunidade era fruto da santidade pessoal e “uma evidência de sua retidão enquanto atribuíam o infortúnio de seus irmãos à falta de fidelidade”.

Ele questionou: "Algum fanático da reforma de saúde dirá: Eu avisei, se vcs se alimentassem como eu teriam escapado da praga".
Ruble perguntou se era essa a lição a tomar da pandemia. Ele dizia q levar a mensagem no momento era ajudar o próximo:
documents.adventistarchives.org/Periodicals/RH…

A IASD publicou ainda um panfleto oficial sobre a pandemia (Epidemics: how to meet them) que alcançou todo o país com esclarecimentos sobre a doença e meios de evitar e de disseminar o vírus.

Igrejas fechadas, guerra, pandemia: a tempestade perfeita para fanatismo e sensacionalismo, mas tb para o serviço ao próximo.
Podemos aprender as lições da nossa história, quando há atenção devida para as devidas fontes históricas.

Saiba mais:
Ministerial Association: nadministerial.com/stories/advent…
Adventist Review: adventistreview.org/adventists-and…
The End Has (Not Yet) Come: The 1918 Spanish Flu and the COVID-19 Pandemic in a Brazilian SDA (artigo de Allan Novaes em Studies in World Christianity, Edinburgh University)