A queda de Dilma começou quando brigou com o Centrão, não soube negociar e traiu Cunha. Isso deixou o Centrão indeciso, procurando uma nova oferta.
A combinação de protestos, Temer e Cunha articulando e alguns outros fatores viabilizou politicamente o impeachment.
Motivos não faltavam, foi escolhido o relativamente mais simples de provar e depois ocorreu um debate técnico para mostrar que sim, o mundo entenderia o crime de Dilma e não seria o fim do Brasil.
E sim, esse era o principal argumento de resistência dos votos finais.
O medo das últimas dezenas de votos era que isso seria uma nova quebra e deixaria o país instável. Manifestações e o debate técnico mostraram o exato contrário.
É o caso de Bolsonaro? Óbvio que não.
Sobram motivos para o impeachment de Bolsonaro. O problema é que o acordo dele com o Centrão está ainda sólido.
Não sabemos os termos exatamente, mas envolve maior "liberdade" de ação para Lira, Pacheco e o Centrão no geral.
Também envolve permitir que o Centrão reescreva as regras eleitorais de 2020, amplos fundos para suas reeleições e, óbvio, o enfraquecimento da combate a corrupção no Brasil.
Em troca, Bolsonaro não será impichado pelo Centrão.
Cargos e outras coisas também entraram na negociação, mas enfim, vocês pegaram o espírito da coisa.
Esse acordo comercial foi firmado no segundo trimestre de 2020, quando o governo entrou numa crise grave e foi dada a ordem: loteiem para sobreviver.
Enquanto vigorar esse acordo, Bolsonaro governa. Quer derruba-lo? Derrube esse acordo. Force Bolsonaro a decisões que contrariam o Centrão.
Em cada decisão que ele trai os valores que defendeu em 2018, Paulo Guedes, reformas e seus eleitores, ele se enfraquece.
Eventualmente ele teria que escolher: os valores que defendeu, ou o Centrão.
Convenhamos, eu duvido pesadamente que ele abandone o Centrão. Ele e seu círculo interno não superestimam seu poder tanto quanto Dilma superestimou.
Mas caso ele seja forçado de alguma forma a quebrar o acordo com o Centrão, cai.
O que manifestações mudam nisso? Lhufas.
O Centrão simplesmente caga pra isso. Terão enormes fundos para se reeleger, as regras ao seu lado, e enormes fundos atuais já comprando votos e bases.
2022 virão mais fortes. Proteste aí, não muda isso.
O que de fato mudaria seria uma pressão enorme da própria base eleitoral de Bolsonaro, cobrando algo simples:
Seja o cara que você nos disse que era em 2018. Combata corrupção. Não crie mais mamatas pro Centrão. Privatize. Reforme.
Quem mais sustenta Bolsonaro hoje é o eleitorado raiz dele que não faz isso. Que aceita o acordão com o Centrão com alguma passada de pano qualquer.
É o eleitorado que deixa claro que Bolsonaro terá 20% dos votos e só precisa do Centrão para comprar o resto no segundo turno.
Alternativamente, é possível forçar uma série de constrangimentos no legislativo que force Bolsonaro a vetar leis corporativistas que sancionaria em silêncio caso ninguém estivesse olhando.
MP da Eletrobrás, ou PL 3819 por exemplo.
Trabalhar por verdadeiras reformas e dar publicidade ao que está acontecendo é muito, muito mais efetivo.
Faça o exercício, pegue a lista de deputados do seu estado que votaram a favor do PL 10887.
Se pergunte: eles se importam com seu protesto?
Aliás dar publicidade a essas coisas é o que nós no Ideias Radicais estamos fazendo, além de trabalhar por reformas de verdade, não corporativismos para o centrão que os fortalecem.
E obrigado a todo mundo que tem ajudado nisso, de coração.
Em resumo: forcem Bolsonaro a trair Lira e Pacheco. Lira é um homem de palavra, e vingativo. Se o acordo entre os dois for quebrado, Lira soltará os cachorros na punição.
E que fique claro: Lira e seus associados não estão preocupados em nada com seu protesto.
E outro adendo importante:
Enquanto a extrema-esquerda estiver nos protestos, a população geral muito dificilmente estará.
E a extrema-esquerda sabe disso e sabe que pra eles os protestos são aquecimento eleitoral, não realmente pelo impeachment.
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"Numerous studies, employing various psychological constructs and measures, show that the home educated are developing at least as well as, and often better than, those who attend institutional schools"
" Provided parent instructors make the necessary teaching interventions to homeschooled students;
the social life of such children will not be adversely affected. "
Hoje pode ser aprovado o projeto de cannabis medicinal em comissão especial. Bolsonaro e seu governo estão trabalhando contra.
Você é contra o projeto? Beleza, faça um exercício.
Assista uma criança tendo um ataque epilético.
O projeto em pauta é sobre cannabis MEDICINAL. E pesadamente regulado. Não tem nada a ver com fumo ou uso recreativo.
Ele é sobre pesquisa e produção de remédios que podem salvas vidas e amenizar dor.
O governo se empenhou pesadamente em impedir isso. Fake news, preconceito, troca de deputados na comissão, tudo. É um esforço enorme, que eles raramente jogam em outras coisas como reformas ou privatizações.