Em 2019, dei uma entrevista pra BBC Worldwide que ia passar o programa na rádio, pra Inglaterra.
Falei sobre o assassinato de dois caciques Guajajara no interior do Maranhão, e relacionei o escalonamento da violência com a retórica racista de Bolsonaro...
O entrevistador "imparcial" me cortou pra perguntar "você está ensinuando que o presidente do país em pessoa ordenou a morte desses dois indígenas no interior do seu Estado?"
Disse que não, que seria uma interpretação tola de um problema sistêmico e estrutural, etc
Por que dizer isso? Pra dar meu relato, como fonte de notícia, que a BBC mente.
A "discussão" de Marco Temporal demonstra bem a perversidade e negação da realidade que é o direito burguês brasileiro.
Eu, que já tenho sete anos como advogado, já tive alguns tantos clientes. Nenhum deles me deu tanto orgulho da profissão quanto os povos indígenas #PL490Não
E é de certa forma risível que os indígenas no "Brasil" precisem de advogados: toda a estrutura jurídica brasileira, todas as fontes do direito importadas de Portugal, da Alemanha e da Roma Antiga, tudo isso é pueril e grosseiro e alheio e violento aos povos originais dessa terra
O Marco Temporal, a ideia de que é preciso ter "validade jurídica" na comprovação de algo que é inconteste - de que TODO território brasileiro é terra indígena invadida - denota o quão enraizada é a supremacia branca que serve de calço ao capitalismo.
Sob um olhar crítico, o que emerge das reações de obras assim é a questão se deveria realmente existir uma categoria para filmes e séries como "terror racial". É uma pergunta que vai até a raiz daquilo que consideramos o gênero Terror em sim mesmo.
Wes Craven, o criador de A Hora do Pesadelo disse em 2007 que filmes de terror são “os sonhos perturbados de uma sociedade", e que o gênero Terror depende que nossos medos sejam "manipulados e massageados". Isso se incide sobre o propósito do Terror em tocar nossos mais primais
Hoje em sala de aula eu ouvi algo que se diz muito por aí. Ouvi que "negros são racistas contra si mesmos", depois de uma história que uma colega trouxe (sobre um amigo negro que foi barrado pela porta giratória do banco, e disse entre dentes "é pq sou negro", e ela discordou). +
Na opinião da colega, portas giratórias param sempre, *inclusive com ela*, e que isso não seria uma questão de raça. Logo, para ela, o homem negro associar aquela eventualidade com sua raça era fruto do seu "racismo introjetado". Como expositor, coube a mim comentar +
E tive que concordar. Realmente, algo não está certo na mentalidade do negro em pensar assim. É algo neurótico.
Mas essa neurose é resultado direto da sociedade supremacista branca. É o que Fanon nos diz: "é na medida exata em que esta sociedade lhe causa dificuldades +
"Camaradas! [...] A fraqueza do Partido Comunista também teve participação direta [na chegada do fascismo ao poder na Itália]. Bem distante da desvantagem numérica, o Partido sem dúvida cometeu o erro político de ver o fascismo somente como um fenômeno militar, ignorando suas +
"faces ideológica e política. Não esqueçamos que antes de oprimir o proletariado com atos de terror, o fascismo italiano já havia logrado uma vitória ideológica e política sobre o movimento dos trabalhadores onde jaz a raiz do seu triunfo. [...] É evidente que, em termos de +
"organização e força, o fascismo pode evoluir [...] porque teve um programa que fora deveras atrativo para as grandes massas. [...] O fascismo levantava a intenção trabalhista de ter participação na liderança técnica das fábricas - em outras palavras, o controle da produção [...]