Já classificada, a Albiceleste venceu a Bolívia na última segunda (28) pela última rodada da Copa América. No começo do ano, completaram 20 anos do falecimento da boliviana Marcelina Meneses, que morreu nos trilhos do trem em Avellaneda, após sofrer insultos racistas e xenófobos.
No dia 10 de janeiro de 2001, Marcelina, de 30 anos, natural de Cochabamba, morreu nos trilhos da Linha Roca da antiga empresa Metropolitan Trains (TMR) quando ia ao médico do hospital Finochietto para fazer uma consulta do seu filho Josué, de um ano e meio, que também faleceu.
Marcelina migrou para a Argentina em busca de trabalho, onde queria arrecadar dinheiro e pagar a operação de sua filha. Durante a viagem, ela estava com seu filho nas costas e ao chegar na sua estação, pediu permissão para descer e escutou de um homem: "Merda boliviana".
Logo após, o homem continuou: "Volta para o teu país, negra" e "estes vêm aqui para fazer o nosso trabalho". Um segurança tentou intervir, porém, outro passageiro acrescentou “O que você defende, se são esses bolivianos que vêm tirar nosso trabalho. Como os paraguaios e peruanos”
Com mais passageiros ao redor de Marcelina e Josua, seu filho, as ofensas foram maiores e chegaram a cuspir em seu rosto. Segundo Julio César Giménez, a única testemunha no caso, foi questão de segundos para que Marcelina e seu bebê fossem empurrados para fora do trem.
A versão apresentada pela empresa alega que Marcelina caminhava pelo setor dos trilhos quando foi "atropelada" pelo trem, o que causou sua morte e de seu filho. Durante as investigações, Giménez relatou que sofreu pressão e tentativa de suborno da TMR para não testemunhar.
O promotor encarregado das investigações, Andrés Devoto, arquivou o caso e ninguém foi declarado culpado pelo assassinato. Em 2010, desempregado e doente devido a um acidente vascular cerebral, Julio César Giménez, a única testemunha do caso faleceu.
Após o assassinato de Marcelina, e seu bebê de um ano, no dia 10 de janeiro foi aprovada a Lei nº 4409/12, que declara a Cidade de Buenos Aires como o Dia da Mulher Migrante. Em Ezpeleta, lugar onde Marcelina morava, foi criado o "Centro Integral Marcelina Meneses".
Não se sabe números exatos de pessoas que atuaram no meio futebolístico que contribuíram com as atrocidades cometidas pela Junta Militar. Mas a história de Kairuz é curiosa, pois quando jogador marcou Pelé. Siga o fio e conheça Kairuz, treinador de dia e repressor à noite.
Em 16 de janeiro de 1966, o Santos visitou Tucumán e realizou um amistoso contra a Federação Tucumana de Futebol (combinado de jogadores do Atlético e San Martín) no Monumental. Juan de la Cruz Kairuz, à época com 20 anos, chamou atenção pela forte marcação em cima do Rei.
"Tive a sorte de jogar em Tucumán contra o Santos de Pelé. Joguei na lateral esquerda e pela minha grande atuação, anulando o Pelé na marcação, o Atlanta me comprou por um valor recorde", disse Kairuz, em entrevista concedida para um canal televisivo de Salta, em 2019.
O Morón, clube da zona oeste da Gran. Buenos Aires, a cada ano que passa, recorda a memória de seus torcedores detidos e desaparecidos durante a ditadura. O Departamento de Direitos Humanos entregou um cartão especial de sócio honorário aos familiares de Luis García.
Luis Daniel García, apelidado de Huevo, pegou a paixão pelo futebol através do seu pai racinguista, que tentou fazer o filho seguir os seus passos, mas os amigos fizeram escolher o Gallito de Morón. Luis Daniel, acompanhado de seu pai e irmão, sempre estava presente nos jogos.
Sua presença nas partidas do Morón precisou ser interrompida devido ao Serviço Militar Obrigatório. Anos depois, na década de 70, militou no Partido Comunista e integrou a Federación Juvenil Comunista, além de ser nomeado aos 19 anos como Secretário Político da Regional Oeste.
O Departamento de Cultura e História do Racing lançou, na última sexta-feira (24), em seu canal no YouTube, o documentário curta-metragem ‘Con vos no, Galtieri’, que conta a história de Carlos Caldeiro, um jovem recém-estreado no profissional, que recusou almoçar com Galtieri.
Declarado torcedor do Racing, Galtieri integrava a Junta Militar que, meses depois, assumiria no lugar de Viola, outro genocida. O episódio ocorreu em 1981, quando jogadores foram comunicados pelo treinador Pastoriza de que aconteceria um almoço com o ditador após o treino.
“Avisou um dia antes que viria. Não caiu muito bem, mas era costume dos militares. Cumprimentou os jogadores e entrou em campo. Participaram do churrasco os atletas, a comissão e parte da diretoria. Saiu bem bêbado”, confessou anos depois Rinaldi, presidente do clube em 86 e 87.
Sem sombras de dúvidas, o título da Argentina na Copa do Mundo do México de 1986 é reservado de cabalas, místicas e curiosidades. Há histórias que voltam sempre à tona a cada quatro anos entre os argentinos mais supersticiosos. A Maldição de Tilcara é uma delas.
Os argentinos mais religiosos acreditam que esta maldição persegue a Albiceleste em Mundiais, desde o último título conquistado, há 36 anos. A história não envolve apenas fé e crença, mas também tem um ar de maldição e promessa não cumprida, algo polêmico.
Cinco meses antes do início do Mundial no México, entre os dias 6 e 15 de janeiro de 1986, o treinador Bilardo convocou 14 jogadores para treinarem em Tilcara, cidade localizada na província de Jujuy, cerca 1.400 quilômetros ao norte de Buenos Aires e na fronteira com a Bolívia.
Desde que a Argentina venceu o México na fase de grupos da Copa do Mundo, a atmosfera nas partidas seguintes mudou. O comportamento mudou com a presença maciça de vários barras bravas, com bombons e bandeiras, nos estádios do Catar.
Essa mudança foi percebida logo nos primeiros minutos de partida contra o México, com cânticos atrás do gol defendido por Dibu Martínez. Diferente da estreia contra a Arábia Saudita, na qual foi citado nas redes a falta de apoio dos que acompanharam o jogo.
Comportando como se estivessem em cima das paravalanchas dos estádios argentinos, cerca de cem barras estão acompanhando a equipe de Lionel Scaloni. Afinal de contas, como conseguiram os ingressos e como financiaram a viagem ao país da Copa do Mundo mais cara da história?