Com a vacinação rolando, muitas pessoas ficaram com dúvidas como: por que temos reações adversas após a vacinação? Por que algumas pessoas não tem? Não ter reações pode indicar que não fiz uma resposta protetora?
Vou explanar nesse fiozinho para tu ler no café da tarde ☕️🧶👇
Quando existe um organismo invasor no corpo, ou quando recebemos uma vacina, produzimos uma gama de moléculas a partir da ativação de células de defesa do nosso sistema imunológico, que estão sempre alertas e vigilantes pela nossa corrente sanguínea
Os estágios inicias da resposta vão ser orquestrados por diversas células do sistema imune inato (nossa primeira linha de defesa, inespecífica, que responde no menor sinal de um organismo estranho, seja ele quem for) e moléculas, que podem desencadear essas reações que sentimos
A produção aumentada de uma dessas moléculas (também chamadas de citocinas) é o interferon tipo I (IFN-I), que desempenha um papel vital na potencialização dos estágios iniciais da resposta imune
O IFN-I agrupa uma mistura de IFN-β, vários subtipos de IFN-α e outros.
O IFN-I junto com o IFN-λ (que é um INF-III) são produzidos logo após o contato com patógenos e têm efeitos antivirais poderosos, agindo em todo o corpo para o IFN-I e no sistema respiratório para o IFN-III
O IFN-I é produzido principalmente pelos macrófagos, e células dendríticas (DC), a partir da interação com moléculas associadas ao patógeno (chamados de PAMPs). É como se fosse ama carteira de identidade: eu estudando ela, vou reconhecer o vivente se ele aparecer na minha frente
As DC são super especialistas nesse reconhecimento. Elas tem, na sua superfície, mecanismos específicos para reconhecer esses PAMPs, chamados de PPR (receptores de reconhecimento de padrões complementares)
Vamos pegar um exemplo prático de uma vacina de RNA por exemplo: o PAMP (RNA) será reconhecido pelas PPR dessa células (ex.: MDA-5, RIG-I na figura), conforme mostrado pelo círculo vermelho, na figura abaixo:
Naturalmente, temos vacinas que envolvem tecnologias diferentes, e podem ativar rotas específicas dentro desse processo. Mas de uma forma geral, envolve o reconhecimento por parte dessas células e o INF-I induz a ativação de DC
Por que é importante isso Mell?
Justamente porque a ativação permite que essas células (DC) apresentem o antígeno (a proteína Spike, por exemplo) para células T CD4 + e CD8 + naïve, ou seja, células que ainda irão aprender a reconhecer um determinado patógeno, como um vírus por exemplo
As células CD4 + ativadas estimulam a produção de anticorpos específicos pelas células B (figura esquerda), enquanto as células CD8 + se diferenciam em células efetoras (figura direita) que irão neutralizar células infectadas pelo vírus, por exemplo!
Além disso, o IFN-I tem efeito estimulador direto sobre as células T, promovendo a expansão ótima dessas células (formação de clones) e a formação de células de memória de longa duração, tanto para células T CD4 + quanto CD8 +.
Os adjuvantes das vacinas ajudam para que essa resposta seja formada. Ainda não temos uma evidência direta, mas pela lógica da resposta imunológica, os efeitos colaterais das vacinas da COVID-19 são um produto de um aumento de IFN-I enquanto montamos uma resposta imune eficaz
Esses efeitos podem ser variados em quem apresenta essas reações, variando conforme a idade, sexo, entre outros fatores (lembram que para algumas vacinas, efeitos são mais relatados em jovens do que pessoas mais velhas? então)
Os efeitos colaterais da vacinação são leves-moderados e transitórios, e indicam apenas que a vacina está fazendo seu trabalho de estimular a produção de interferon, um imunoestimulador presente no corpo.
Legal Mell, mas eu não senti nada! Significa que não montei resposta? 😢
Não significa isso! Nos ensaios clínicos, um número significativo de pessoas não relatou efeitos secundários e, ainda assim, observamos uma alta % de participantes que formaram uma resposta imune!
Tem pessoas que não costumam ter dor de cabeça ou tem pouca febre, ao passo que outras outras podem ter muita febre ou sentem dor de cabeça com maior frequência. Isso tudo varia conforme o organismo, a resposta imune não é igual para todas as pessoas :)
Portanto, fique tranquilo! Ter ou não reações após a vacina não vai indicar que tu fez (ou não) uma resposta imune! Os dois fenômenos (ter ou não reações após a vacina) são esperados e foram observados nos ensaios clínicos. O importante é todos nos vacinarmos
E não esquecer de voltar para a segunda dose, se a vacina que tu recebeu tiver o esquema de 2 doses! Anota na agenda, coloca um lembrete no celular para não esquecer a data!
E mesmo vacinado, seguir usando máscara e fazendo distanciamento!
Casos de Oropouche em SC: pela primeira vez na história do estado, casos foram registrados em Botuverá (Vale do Itajaí).
A Febre do Oropouche é causada por um vírus (OROV), transmitida por mosquitos e é mais uma doença que pode estar sendo agravada por mudanças climáticas🔻
Três pacientes em Botuverá (entre 18 e 40 anos, sem histórico de deslocamento para fora do estado) foram confirmados até o momento.
A febre do Oropouche foi isolada pela 1ª vez no Brasil nos anos 60, com surto recente na região norte do país g1.globo.com/ac/acre/notici…
A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados. Entre os vetores, o mosquito-pólvora ou maruim (Culicoides paraenses) é o principal, mas em centros urbanos, o Culex quinquefasciatus pode ser um potencial vetor
Covid-19 pode aumentar riscos por até um ano após a infecção para desfechos psiquiátricos como:
- transtornos psicóticos, de humor, de ansiedade, por uso de álcool e do sono
Riscos maiores em pessoas hospitalizadas, e menores entre vacinados 🔻
a Covid-19 pode também trazer um risco aumentado de o indivíduo precisar de prescrição de medicamentos psiquiátricos por conta dessas alterações persistentes, comparado com aqueles sem evidência de infecção mas que passaram por estressores parecidos relacionados à pandemia
Mesmo em quem teve Covid-19 leve, esses riscos estavam presentes. Apesar de riscos serem ainda maiores para quem teve Covid-19 mais séria, não se pode subestimar o impacto de uma infecção leve considerando as sequelas pós-Covid
Desde Jan/22, o CDC estima que mais de 82 milhões de aves foram afetadas pela gripe aviária (H5N1), em 48 estados, nos EUA. Com casos do vírus avançando entre mamíferos, fica a pergunta: hoje, o risco global é baixo, mas será que saberemos a tempo, quando não ser?
O fio 🔻
O dado de cima foi tirado do monitoramento do H5N1 pelo CDC, pode ser conferido aqui:
Hoje foi publicado um texto que preparei para o @MeteoredBR sobre os casos de gripe aviária em rebanhos leiteiros no Texas, Michigan e Kansas.
Alterações no sistema imunológico podem estar presentes 8 meses após a infecção, mesmo em pessoas com Covid-19 leve a moderada.
Essas alterações podem manter a inflamação de forma contínua e sustentada nessas pessoas, levando a danos em diferentes tecidos 🔻
O estudo recente analisou o sangue de pacientes com Covid longa (CL), e comparou as amostras com:
- Indivíduos recuperados de mesma idade e sexo sem CL;
- Doadores não expostos;
- Indivíduos infectados com outros coronavírus.
O que os pesquisadores encontraram?
A Covid Longa leva a uma ativação anormal das células da imunidade inata (primeira linha de defesa do organismo, que respondem a qualquer invasão ou lesão, de forma inespecífica)
Estudo com 56 indivíduos com ~10 anos, com COVID longa (vs. 27 sem COVID Longa) mostrou alterações importantes relacionadas à função autonômica do coração, que também podem ser vistas em adultos com COVID longa.
COVID longa em crianças NÃO DEVE ser minimizado🧵
Os autores apontam que essas alterações poderiam levar a um fluxo sanguíneo anormal aos órgãos, contribuindo para sintomas como fadiga, dores musculares, intolerância ao exercício e dispneia, sintomas cognitivos (ex.: confusão mental)
Em adultos, essa disfunção autonômica pode estar presente e ligada a sintomas e condições da COVID longa relacionados ao sistema cardiovascular e respiratório, como a síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS), fadiga e distúrbios das vias aéreas, por exemplo
Estudo interessante da @VirusesImmunity e colegas, mostra diferenças em como a COVID longa afeta homens e mulheres: mulheres são mais propensas a apresentar COVID longa, com uma carga maior de sintomas afetando diferentes órgãos, e hormônios podem ser preditores da condição 🧵
O grupo de pesquisadores investigou como o perfil imunológico na COVID longa pode diferir entre homens e mulheres e se isso poderia nos ajudar a entender como essa condição afeta ambos.
165 indivíduos (com ou sem COVID longa) foram avaliados.
O estudo identificou que alguns sintomas relacionados à COVID longa são mais presentes em mulheres (como inchaço, dores de cabeça, dores musculares, cãibras, queda de cabelo) e outros, mais em homens, como a disfunção sexual